sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

ENTRE O MAR E O ROCHEDO

O judaísmo sempre foi limitado por um deus exclusivo, paroquialista. Paulo de Tarso, ao contrário, empreendeu viagens missionárias, buscando a universalidade de sua seita cristã. Para a evangelização do mundo, ele contava com a figura superdimensionada de Jesus ressuscitado. Ao subir para a Turquia, passando pela Grécia e chegar a Roma, o articulador do cristianismo desenhou a espinha dorsal de nossa civilização.
Não podendo se dividir em dois, Paulo optou pelo caminho do norte (e oeste), onde o poder político já se consolidara com o Império Romano. O sul, desértico, ficava abandonado a má sorte dos descendentes de Ismael (o filho bastardo de Abraão). A mil e duzentos quilômetros de Jerusalém, nasceu outra religião, cujo princípio fundamental também era a universalização. Sem demora, o islamismo bateria à porta da Europa (pelo outro lado).
Desde então, as duas religiões, que foram necessárias para a coesão social de um número até então não alcançado de mamíferos humanos, entraram em conflito. Em razão de dogmas inconciliáveis da religião única (uma característica monoteísta), cristianismo e islamismo cessaram de crescer, incapazes de evitar os próprios cismas, as próprias guerras internas.
 O mundo futuro será secular, ou não existirá. Exceção para os judeus, que continuarão fiéis a Jeová, o deus exclusivo e paroquialista do Velho Testamento (que a diáspora serviu para fortificá-lo ainda mais). Essa condição, todavia, não os salvará da linha de choque entre as duas civilizações decadentes. 

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