segunda-feira, 24 de março de 2008

O CÂNCER DO PLANETA


Uma reportagem feita na capital de Pernambuco alertava para o fato altamente comprometedor que consiste em perfurar poços artesianos dentro da área urbana. A falta de água potável em Recife, a “Veneza Brasileira”, vem aprofundando o “câncer” provocado pela ação humana sobre a frágil superfície de Gaia – o planeta vivo. As cidades se transformam em nódulos dessa doença degenerativa que, depois de atingir as moléculas vitais mais altas da atmosfera, mergulha no subsolo para levar sua venenosa podridão aos lençóis freáticos. No princípio, forçado pela necessidade de sobrevivência, o homem começou a degradar o solo (terra) com a prática da agricultura. Ao longo dos últimos milênios, num afã exploratório, ele centuplicou seu poder cancerizador. Futuramente, por uma questão de sobrevivência outra vez, esse animal racional (na concepção de filósofos e cientistas), ou “filho de Deus” (segundo teólogos, religiosos e senso comum), há de exaurir todos os recursos disponíveis. Poucos seres irracionais destroem o habitat a que pertencem, determinando a própria extinção. Nesse aspecto autofágico, o vírus ganha um concorrente de peso. Como alguém que se jacta de ser imagem e semelhança de um deus bondoso pôde sair tão diverso, mau em sua essência? Com a terra, o ar e a água poluídos, resta o último elemento (dos quatro descritos pelo pré-socrático Empédocles): o fogo. Entretanto, este não será maculado pelos humanos, protegido sob a crosta terrestre e, bastante longe daqui, nas estrelas. Ao contrário, a humanidade (nome que superexalta holisticamente nossa espécie de natureza zoológica) poderá ser purificada por ele. Não de uma forma mítica, como o narrado na Bíblia, mas real.

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