sexta-feira, 26 de agosto de 2016

O QUE LER?

A primeira consideração sobre leitura objetiva responder ao porquê de sua importância. O pressuposto que justifica essa abordagem é evidente: o mundo relativamente populoso de não leitores – um eufemismo para analfabetos funcionais. O convencimento para fazê-los migrar de mundo, sem sombra de dúvida, constitui um grande desafio a que se impõe todo educador.
O fracasso em provocar essa migração impede a segunda e não menos relevante consideração sobre leitura, a qual responde ao que ler. A indicação deste ou daquele livro pressupõe, por sua vez, o mundo escassamente ocupado pelos leitores.
O filósofo e historiador Will Durant escreveu um capítulo em seu Os grandes pensadores: OS CEM MELHORES LIVROS PARA UMA EDUCAÇÃO. No Brasil, o crítico literário Otto Maria Carpeaux fez uma listagem dos cem títulos da literatura universal indispensáveis ao homem culto. Minha Biblioteca ideal é mais extensa, uma vez que inclui livros filosóficos e científicos. Elaborada ao longo de quarenta e poucos anos de leitura, não é definitiva. Títulos lhe são acrescidos continuamente. Espero estar dando uma grande contribuição à cultura com a idealização desta biblioteca.
Para facilitar a procura, reuni os livros em três estantes:

I - FICÇÃO (CONTO, NOVELA E ROMANCE)
- A cabana do Pai Thomás, Harriet Stowe;
- Admirável mundo novo, Aldous Huxley;
- A insustentável leveza do ser, Milan Kundera;
- Alice no País das Maravilhas, Lewis Carrol;
- Almas mortas, Nicolau Gogol;
- A paixão segundo G. H., Clarice Lispector;
- A revolução dos bichos, George Orwell;
- As aventuras de Sherlock Holmes, Conan Doyle;
- Cândido, Voltaire;
- Capitães de areia, Jorge Amado; 
- Cem anos de solidão, García Márquez;
- Contos de fadas, H. C. Andersen;
- Contos de Natal, Charles Dickens;
- Decameron, Boccacio;
- Dom Casmurro, Machado de Assis;
- Don Quixote, Miguel de Cervantes;
- Em busca do tempo perdido, Marcel Proust;
- Fábulas, J. La Fontaine;
- Fernão Capelo Gaivota, Richard Bach;
- Ficções, J. L. Borges;
- Gargântua e Pantagruel, F. Rabelais;
- Grande sertão: veredas, João G. Rosas;
- Guerra e paz, L. Tolstoi;
- Madame Bovary, Gustave Flaubert;
- Maira, Darcy Ribeiro;
- Mar morto, Jorge Amado;
- Meu pé de laranja lima, José Mauro de Vasconcelos;
- Moby Dick, H. Melville;
- O evangelho segundo Jesus Cristo, José Saramago;
- O lobo da estepe, Hermann Hesse;
- O mundo de Sofia, Jostein Gaarder;
- O Pequeno Príncipe, A. Saint-Exupery;
- O processo, F. Kafka;
- Orlando, Virginia Woolf;
- Os irmãos Karamazov, F. Dostoievski;
- Os miseráveis, V. Hugo;
- Os rios profundos, José María Arguedas
- O século das luzes, Alejo Carpentier;
- O senhor das moscas, W. Golding;
- O tempo e o vento, Erico Veríssimo;
- O velho e o mar, E. Hemingway;
- Quarup, Antônio Callado;
- Robinson Crusué, Daniel Defoe;
- Todos os fogos o fogo, Julio Cortázar;
- Ulisses, James Joyce;
- Viagens de Gulliver, J. Swift;
- Vidas secas, Graciliano Ramos; 
- Vinte mil léguas submarinas, Júlio Verne…

II - POESIA
- A boa canção, Verlaine;
- Antologia poética, Manuel Bandeira;
- Antologia poética, Mário Quintana;
- Antologia poética, Pablo Neruda;
- Árvore do mundo, Carlos Nejar;
- As flores do mal, C. Baudelaire;
- Canção de amor e morte, Rainer-Maria Rilke;
- Canto de vida e esperança, Rúben Dário;
- Cantos, Ezra Pound;
- Cem sonetos de amor, Pablo Neruda;
- Claro enigma, Carlos Drummond de Andrade;
- Divina comédia, Dante;
- Eneida, Virgilio;
- Fausto, J.W. Goethe;
- Folha das folhas de relva, Walt Witman;
- Ilíada e Odisséia, Homero;
- Iluminações, A. Rimbaud;
- Livros dos cantos, H. Heine;
- Manfredo, J.G. Byron;
- Mensagem, Fernando Pessoa;
- Morte e vida severina, João C. Melo Neto;
- O corvo, Edgar A. Poe;
- O livro das ignorãças, Manoel de Barros;
- O paraíso perdido, J. Milton;
- Os escravos, Castro Alves;
- Os lusíadas, Luís de Camões;
- Peças, Eurípedes;
- Poemas, A. Tennyson;
- Poemas, J. Keats;
- Poemas, P. Shelley;
- Poesias, Olavo Bilac;
- Quatro quartetos, T.S. Eliot;
- Rubayyat, Omar Khayyan;
- Sonetos, Vinícius de Moraes;
- Toda lira, V. Hugo;
- Toda poesia, Paulo Leminski…

III - FILOSOFIA, PSICOLOGIA, SOCIOLOGIA, ANTROPOLOGIA, BIOLOGIA, ASTRONOMIA…
- A arte da vida, Zygmunt Bauman;
- A arte de amar, Erich Fromm;
- A criação do mundo, George Gamov;
- A essência do cristianismo, Ludwig Feuerbach;
- A estética, G.W. Hegel;
- A evolução criativa, Henri Bergson;
- A genealogia da moral, F. Nietzsche;
- A grande história da evolução, Richard Dawkins;
- A morte da fé, Sam Harris;
- A mutação interior, J. Krishnamurti;
- A necessidade da arte, Ernst Fischer;
- A origem das espécies, Charles Darwin;
- A psicologia inconsciente, C. Jung;
- A rebelião das massas, José Ortega y Gasset;
- A república, Platão;
- A riqueza das nações, Adam Smith;
- Armas, germes e aço, Jared Diamond;
- As eras de Gaia, James Lovelock;
- Assim falava Zaratustra, F. Nietzsche;
- As veias abertas da América Latina, Eduardo Galeano;
- Casa-Grande & Senzala, Gilberto Freire;
- Civilização e pecado, Konrad Lorenz;
- Conferências e escritos filosóficos, M. Heidegger;
- Conheça-se a si mesmo, Karen Horney; 
- Contrato social, J.J. Rousseau;
- Cosmos, Carl Sagan;
- Dicionário filosófico, Voltaire;
- Édipo: mito e complexo, Patrick Mullahy;
- Educação e mudança, Paulo Freire;
- Elogio da loucura, Erasmo de Roterdam;
- Ensaios, Francis Baccon;
- Ensaios, M. Montaigne;
- Ética, B. Spinoza;
- Ética a Nicômacos, Aristóteles;
- Investigações acerca do entendimento humano, David Hume;
- Misticismo e lógica, Beltrand Russel;
- Mito do eterno retorno, Mircea Eliade;
- O capital, K. Marx;
- O choque do futuro, Alvin Toffler;
- O cosmos, Alexandre Humboldt;
- O discurso de método, R. Descartes;
- O enigma do Universo, Ernst Hackel;
- O espírito do ateísmo, André Comte-Sponville;
- O futuro de uma ilusão, S. Freud;
- O gene egoísta, Richard Dawkins;
- O homem-deus, Luc Ferry;
- O homem, esse desconhecido, Alexis Carrel;
- O homem revoltado, Albert Camus;
- O macaco nu, Desmond Morris; 
- O mal-estar na cultura, S. Freud;
- O mundo assombrado pelos demônios, Carl Sagan;
- O ópio dos intelectuais, Raymond Aron;
- O polegar do Panda, S. Jay Gould;
- O profeta – Gibran Khalil Gibran;
- Os verdadeiros pensadores do nosso tempo, Guy Sorman;
- O trauma do nascimento, Otto Ranck;
- Para além do bem e do mal, F.Nietszche;
- Pensamentos, B. Pascal;
- Pequeno tratado das grandes virtudes, André Comte-Sponville;
- Por que não sou cristão?, Bertrand Russel;
- Por que o mundo existe?, Jim Holt;
- Princípios da filosofia da História, J.B. Vico;
- Princípio da relatividade, A. Einstein;
- Psicanálise da sociedade Contemporânea, Erich Fromm;
- Quebrando o encanto, Daniel Dennett;
- Sapiens: uma breve história da humanidade, Yuval Harari;
- Totem e tabu, S. Freud;
- Tratado de ateologia, Michel Onfray;
- Uma breve história do tempo, Stephen Hawking…




domingo, 21 de agosto de 2016

EDUARDO GIANETTI

HOJE o Zero Hora publica uma longa entrevista com EDUARDO GIANETTI, economista e filósofo (mais filósofo que economista). Sobre sua inclinação filosófica: "Minha paixão de estudo sempre foi a filosofia.Fiz faculdade de economia, mas logo descobri que os melhores economistas eram filósofos (Adam Smith, Malthus, Marx, Keynes...)". Ele diz sobre o Brasil: "Alternamos embriaguez eufórica com depressão que arrasa". Sua proposta é de uma Constituinte exclusiva para reforma política. O problema é desafiador: "As formas de representação e o modus operandi da democracia representativa deixam a desejar, pedem aprimoramento, mas ninguém sabe como fazer isso". Livros de Gianetti: Vícios privados, benefícios público; O valor do amanhã; A ilusão da alma; Autoengano (que li em 1998); Trópicos utópicos...

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

FENÔMENO ESTÉTICO



O Sol proporciona um espetáculo todos os dias. 
A vida no planeta Terra evoluiu para a autocontemplação (por intermédio do homem). 
O nascer do Sol, mais que reiniciar um ciclo, constitui um quadro natural de significação estética, o qual faz daquele que o contempla um poeta a cada manhã.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

TAMBÉM EM CAMPANHA


NA CONTRAMÃO (DA DOR)


O ASSASSINATO é um crime cada vez mais frequente em Porto Alegre, Santa Maria e noutras cidades brasileiras.
A família vitimada pede por justiça, reivindica por políticas públicas que priorizem mais segurança.
Tempo perdido (na dor extrema), quando a lei do crime hediondo, por exemplo, segue na contramão de todo protesto (involuindo no sentido de beneficiar o criminoso).
Pergunto aos meus amigos Luiz Antonio Barbará Dias e Flávio Machado, por que isso acontece no Brasil. Não é um engano (ontológico) pensar que o avanço civilizacional ocorre na medida em que haja redução da pena, mais investimento no apenado, ao invés de haver mais paz em nossa sociedade?
A Constituição de 1988 não legisla pró-bandidagem, negando a cidadania à qual se remete pelo seu cognome?

NA CONTRAMÃO (DA DOR)


O ASSASSINATO é um crime cada vez mais frequente em Porto Alegre, Santa Maria e noutras cidades brasileiras.

A família vitimada pede por justiça, reivindica por políticas públicas que priorizem mais segurança.
Tempo perdido (na dor extrema), quando a lei do crime hediondo, por exemplo, segue na contramão de todo protesto (involuindo no sentido de beneficiar o criminoso).
Pergunto aos meus amigos Luiz Antonio Barbará Dias e Flávio Machado, por que isso acontece no Brasil. Não é um engano (ontológico) pensar que o avanço civilizacional ocorre na medida em que haja redução da pena, mais investimento no apenado, ao invés de haver mais paz em nossa sociedade?
A Constituição de 1988 não legisla pró-bandidagem, negando a cidadania à qual se remete pelo seu cognome?

sábado, 13 de agosto de 2016

A ÚLTIMA PALAVRA


"Tomas Nagel, um dos mais influentes filósofos em língua inglesa, apresenta em A última palavra uma bem fundamentada defesa da razão contra os ataques do subjetivismo, propondo réplicas sistemáticas às reivindicações relativísticas no tocante a linguagem, lógica, ciência e ética."
(Excerto da contracapa.)
Certamente, uma das leituras mais difíceis com que me deparei nos últimos anos.)

terça-feira, 9 de agosto de 2016

domingo, 7 de agosto de 2016

ASTROMANCIA

Nunca levei a sério a astrologia (digo, astromancia), a começar pelo seu subproduto mais popular - o horóscopo.
Desde a Babilônia, esse mito (desprezados pelos gregos da Antiguidade) atravessou milênios, para ganhar uma sobrevida com o holismo da Nova Era.
Ele (o mito) nega tudo o que os antropólogos defendem como "realidade viva" (Malinowski), "forma legítima de conhecimento intelectual" (Jaspers), sem fundamentação racional.
Astrólogos são charlatães, que vivem da exploração da credulidade e do desejo das pessoas menos inteligentes.
A Estatística e a Análise do Discurso bastam para desmascarar as previsões feitas com base na influência dos astros zodiacais na vida humana. 
Por favor, leiam o horóscopo de sábado e de domingo. Não há referências diárias, mas um discurso vago (que remete a uma determinada fase não específica, geralmente associada a esse ou àquele comportamento). 

SHOW


Tudo gera polêmica no Brasil. A tendência já é cultural (para não dizer endêmica).
A cerimônia de abertura da Olimpíada, por exemplo, tem suscitado opiniões diametralmente opostas. De um lado, posicionam-se aqueles que gostaram da apresentação. De outro, os que a criticam com acinte indisfarçável.
Tais posições seriam tomadas de qualquer forma, independentemente da qualidade do trabalho coordenado pelo cineasta Fernando Meirelles.
O espetáculo (de per si), até os discursos, foi maravilhoso.
Não concordo em criticá-lo em razão da crise social, econômica e política vivida pelo país. A Olimpíada é que não poderia ser realizada, em razão dos gastos bilionários. Desde muito, fui contra sua realização, mas não podendo mudar a realidade, assisti à cerimônia do início ao fim.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

A PAIXÃO* PELA POLÍTICA

Na Terra dos Poetas, infelizmente, a poesia tem pouca penetração popular, para não dizer pouquíssima. A maioria dos santiaguenses é constituída de não leitores. A minoria que lê, todavia, prefere outros gêneros textuais – literários ou não. 
A grande paixão das pessoas (neste aspecto Santiago não se distingue de outros lugares) é a política partidária, com ênfase nestes meses que antecedem as eleições municipais. (Depois do pleito, os antes apaixonados eleitores se desligam do poder instituído por eles, por intermédio do voto, deixando-o à mercê de seus representantes – que legislam e administram por orientação própria ou de suas siglas.) 
A partir das convenções ocorridas há pouco, já se pressente o alvoroço em nossa cidade. 
À semelhança da paixão pelo futebol, a paixão pela política tem suas bandeiras com cores bem definidas. À semelhança da paixão pela corrida de cavalo (já foi a mais forte noutros tempos), a paixão pela política tem seus candidatos preferidos, em quem fazer uma aposta (de mudança, por exemplo). 
Malgrado haver um terceiro concorrente, a polarização entre dois candidatos a prefeito será inevitável. 
Das crianças aos velhos, mesmo entre aqueles que não votam, todos se envolvem apaixonadamente, numa intensidade cada vez maior – até culminar com o dia das eleições. Exatamente nesse dia de arroubo propiciado pela política, ninguém perceberá a ausência da poesia. 

* Paixão no sentido de "sentimento, gosto ou amor intensos a ponto de ofuscar a razão" (Houaiss). 

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

REFLEXÃO ANTE A JANELA

As coisas erradas (em razão do fator humano) são quase não listáveis pelo número de vezes com que elas ocorrem no tempo e no espaço. 
Minha primeira intenção ao começar a compreender o mundo a que pertenço, pari passu com o domínio de um discurso, consiste em apontar seus aspectos negativos, raramente enunciar uma solução. 
A evolução cognitiva a que me submeto pode esbarrar nalgum obstáculo, por exemplo, o de fazer de minha subjetividade uma objetividade (aceita pelo meu interlocutor). 
Nesta hora, surge a necessidade de conhecer o outro, o que não ocorre sem o autoconhecimento. Não há como provocar uma mudança exterior (das coisas erradas que vicejam em toda parte) sem a mudança necessária em mim mesmo.
Vencido esse primeiro obstáculo individual, dou mais um passo evolutivo (como ser perfectível). 
Num estágio ulterior, deixo de me desesperar com as coisas erradas e de querer mudá-las para coisas certas. Em muitas situações, há uma justificativa de as coisas sejam exatamente do jeito que são, como única maneira de também se transformarem em algo melhor.