quinta-feira, 30 de junho de 2016

CINEMA EM SANTIAGO

Cinema em Santiago: MaxiCine, Ilha Bella. 
Outro compromisso no mesmo horário me impede de ir à primeira sessão, nesta quinta-feira. 
Sábado assistirei a Independence Day, mesmo depois de ter lido a crítica que o classifica de "filme ruim". 
O que importa é que nossa cidade conta com um cinema agora. 
Depois do Imperial (onde via Bang-Bang nas tardes de domingo de 1973), do Cine Neno (anos oitenta), eis MaxiCine (século XXI).

terça-feira, 28 de junho de 2016

LIVROS



Hoje recebi mais dois livros: Os humanos antes da humanidade - uma perspectiva evolucionista, de Robert Foley; e Visão a partir de lugar nenhum, de Thomas Nagel. Este última é uma das maiores filosóficas do pós-guerra.  

ÉTICA NO TRÂNSITO



Algumas regras são obrigatórias no trânsito, como a sinalizada pela placa de “PARE”. Ela impõe a pronta observância de seu significado ao condutor de veículo – em todo cruzamento de uma coletora com uma arterial. Antes de ingressar na via com maior fluxo, a parada é uma obrigação, um imperativo moral que deve ser internalizado. Há motoristas que não param, lançando-se num espaço sem controle, em que se torna possível o acidente. A lógica no trânsito é racional, frequentemente ultrapassada pelas pulsões ou pelo estresse. Ao ingressar na arterial, o condutor deve fazê-lo de tal forma que o veículo da preferência não tenha que forçosamente diminuir sua velocidade ou até mesmo parar. Não apenas os condutores, mas também os pedestres incorrem neste erro: entrar na faixa de segurança (ou fora dela) no momento de fluxo intenso. Em noventa e nove vírgula nove por cento dos casos, o condutor diminui a marcha, para e espera o pedestre (cheio de direitos) atravessar a rua. Em zero vírgula um por cento dos casos há o risco de atropelamento. A estatística, ainda que imprecisa, confirma a lógica expressa acima, baseada no movimento mais ou menos regular de pessoas no trânsito.

***
Não pretendo ser exemplo de comportamento correto para ninguém. Todavia, como pedestre, atravesso a rua no momento em que o fluxo de veículos diminui e, como condutor, diminuo a marcha e paro o veículo, quando alguém atravessa a rua despreocupadamente.

domingo, 26 de junho de 2016

EXCERTOS DE "POR QUE O MUNDO EXISTE?"

"Heidegger foi, sem sombra de dúvida, o filósofo mais influente do século XX na Europa continental. Contudo, no mundo anglófono foi Ludwig Wittgenstein quem prevaleceu. Wittgenstein e Heidegger nasceram no mesmo ano (1889) e tinham temperamentos quase opostos: Wittgenstein era corajoso e ascético; Heidegger, traiçoeiro e vaidoso. Mas os dois se sentiam igualmente seduzidos pelo mistério da existência. 'Não é a maneira como as coisas estão no mundo que é mística, mas o fato de ele existir', afirmou Wittgenstein numa das máximas lapidares.
"O universo deve ter tido um início abrupto no tempo. Os eclesiásticos comemoraram. Acreditavam que havia caído em seu colo a comprovação científica do relato bíblico da criação. Abrindo uma conferência no Vaticano em 1951, o papa Pio XII declarou que essa nova teoria das origens cósmicas dava testemunho 'do Fiat lux primordial pronunciado no momento em que, juntamente com a matéria, emanou do nada um mar de luz e radiação'.
"Hoje, a pergunta Por que existe algo e não apenas o nada? continua dividindo os pensadores em três grupos. Os 'otimistas' sustentam que tem de haver uma razão para a existência do mundo e que talvez sejamos capazes de descobri-la. Os 'pessimistas' consideram que poderia haver uma razão para a existência do mundo, mas que nunca saberemos ao certo (...). Por fim, os 'rejeicionistas' insistem em acreditar que não pode haver uma razão para a existência do mundo e que, portanto, a própria questão é desprovida de sentido."
JIM HOLT

quinta-feira, 23 de junho de 2016

MANHÃ FRIA


Manhã fria, sábado, 18 de junho de 2016. Juarez Biermann, eu e Oracy Dornelles num banco da Rua dos Poetas. 

quarta-feira, 22 de junho de 2016

ETERNIDADE?

A eternidade não há simplesmente,
porque encontra um fecho neste dia
com perspectiva de seguir em frente
num tempo que a consiste, todavia.


Há pouco me ocorreu este insight: nada pode ser eterno, porque o dia de hoje representa um limite temporal.

terça-feira, 21 de junho de 2016

O PARADOXO


O termo "homofobia", recentemente incorporado ao léxico português, significa aversão ou falta de tolerância em relação ao homossexual. 
É inegável que o tipo homofóbico tem uma forte vinculação religiosa (e moral), de forma análoga que sua incriminação se vincula ao avanço secular.
A intolerância que caracteriza as religiões abraâmicas, judaísmo, cristianismo e islamismo, encontra-se expressa nos livros que as fundamentam dogmaticamente, sacralizados pelos fiéis como de inspiração divina.
Os cristãos (católicos e evangélicos) são maioria em nossa sociedade ocidental, o que justifica o seguinte paradoxo: a Bíblia condena o homossexual versus a secularização (então representada pelo Direito) incrimina a homofobia.
(Na condição de neoateu, sinto-me à vontade para analisar essa questão.)

segunda-feira, 20 de junho de 2016

ANDRÔMEDA


A imagem acima é do céu estrelado do quadrante norte. A olho nu, o que vemos são pontos luminosos que representam estrelas da nossa Via Láctea. Um desses pontos brilhantes em meio à escuridão, todavia, não é uma estrela, mas a galáxia de Andrômeda, com aproximadamente um trilhão de estrelas (o dobro da Via Láctea). 
À maneira de Kant, também me enche de admiração essa visão do Universo. As palavras são insuficientes para descrever tal contemplação, numa tentativa de despertar o leitor, que pouco vê mais que a si mesmo.  

sábado, 18 de junho de 2016

VOCÊ É...

No livro Por que o mundo existe? (que estou relendo), Jim Holt divide os pensadores em três grupos quanto à pergunta "por que existe algo e não apenas o nada?":
"os otimistas sustentam que tem de haver uma razão para a existência do mundo e que talvez sejamos capazes de descobri-la;
"os pessimistas consideram que poderia haver uma razão para a existência do mundo, mas que nunca saberemos ao certo;
"os rejeicionistas insistem em acreditar que não pode haver uma razão para a existência do mundo e que, portanto, a própria questão é desprovida de sentido".
Em qual desses grupos você se coloca?

sexta-feira, 17 de junho de 2016

UMA REFLEXÃO APENAS


Nenhum cientista responde à questão "Por que o mundo existe e não apenas o nada?". A razão principal para não responder é que a ciência não faz esse tipo de pergunta. Os filósofos, até Descartes e Leibniz, respondiam categoricamente com os teólogos: o mundo existe, porque foi criado por Deus". 
Hoje a Filosofia tem a cautela da Ciência.
Excepcionalmente, Heidegger defendeu que a pergunta acima era a mais fundamental de todas as perguntas. Einstein, considerado um dos maiores homens de ciência de todos os tempos, pensava que "o universo era não só eterno mas também imutável de uma forma geral". 
De uma forma particular, o universo se expande, o que infere um princípio - o big bang
Einstein cometeu um equívoco (ao dizer que o universo era eterno)?
E se o big bang não passasse de uma particularidade - dentro de um universo inimaginavelmente maior? A formação de galáxias, como sabemos, não se constituiria num fenômeno padrão, localizado?

O homem sempre se enganou em relação ao mundo, fundamentado nas duas grandes intuições: tempo e espaço. A Terra era o mundo. Vênus era uma estrela. Depois foram descobertos os planetas, medidas as distâncias entre eles e a Terra. O Sistema solar era único até serem descobertas outros sistemas. A Via Láctea era única. As três outras galáxias vistas a olho nu não passavam de nuvens ou aglomerado de estrelas. Depois outras galáxias foram descobertas. Por que o universo que sabemos atualmente existir seria único?

VERDADE



De acordo com Arthur Schopenhauer, "Quanto menos um homem é dotado do ponto de vista intelectual, menos intrigante e misteriosa parece-lhe a própria existência". 

Acrescento que esse homem usa a razão (ainda pouco desenvolvida) para justificar suas crenças. Assim era na Idade Média, assim continua na pós-modernidade.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

RELIGIÃO E HOMOFOBIA


O Corão tem 164 versículos jihadistas, mas pouca coisa contra a homossexualidade (mas condena, como a Bíblia, essa prática sexual: "Matai àqueles que cometerem o ato do povo de Lot"). 
A charia, corpo de leis religiosas do islamismo, não obstante se fundamentar no livro sagrado, avança na regulação da vida pública e privada dos muçulmanos.
Esse avanço legal foi necessário em vista de uma mudança significativa na estrutura social, que passou do regime nomádico para grandes comunidades fixas (Umma), que uniam as mais diversas tribos em torno do islã.
Certamente, a legislação tornou-se mais rígida no sentido de solucionar novos problemas éticos.
(Hoje pensei escrever sobre Omar Mateen, espécime engendrado na confluência dos dois fundamentalismo, respectivamente, de origem islâmica e cristã. O cara gostava de selfie.)

AGRADECIMENTO





Sou profundamente grato às pessoas que compareceram ao lançamento de meu Considerações neoateístas.
Elas enfrentaram uma das noites mais frias deste ano, para me fazer companhia (e, subentendidamente, aceitar um novo diálogo que proponho pela secularização). Ainda sobrou uma caixa de vinho e meio prato de salame (queijo e azeitona faltariam se todos os convidados viessem ao lançamento). 
Um agradecimento especial a Erilaine Perez, Edilse Scolari, Vanda Guasso, Vera Guasso, Regina Prestes, Lígia Rosso, Clodinei Machado, Rodrigo Neres, Tiago Gorski, Cleusa Canterle, Alberto Levandowski, Marian Bertoldo, Juarez Biermann, Fátima Friedriczewski, Nuraciara Friedriczewski, Ronaldo Prestes, Eva Prestes, Simone Nascimento, Maria F. Oliveira, Andrieli Cardoso, Deivis Heneraski, Luís Felipe Pizzato, Eduardo C Heneraski, Cristina Cardoso, Luciano Faturi, Arthur C Faturi, Paulo M Oliveira, Sô Canterle, Marcelo M Bonotto, Ademar Canterle, Neiva Pedrolo, Sandra Canterle, Nilson Sampaio, Edna V Perez, Éden Perez da Silveira, Dezidério da Silveira, Ivone Vaz, Lucas Sudatti, Márcio Brasil, Tainã Steinmetz...

Penso que a presença de cada um de vocês constitui a forma mais autêntica de me desejar sucesso.

sábado, 11 de junho de 2016

LANÇAMENTO DE CONSIDERAÇÕES NEOATEÍSTAS

Hoje farei o lançamento de Considerações neoateístas na Livraria Shazam, no shopping Ilha Bella, às 18 horas. O horário é das temperaturas mais baixas do dia, quando sopra um ventito da Patagônia. Para fazer frente ao frio, levo vinho, malgrado o conteúdo apolíneo de meu livro. Na linha secular, cem por cento racional, ele não poderá fazer as vezes de presente no dia dos namorados. Mesmo assim, aguardo aguardo pelo tua presença, amigo blogueiro.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

J.J. ROUSSEAU

Rousseau enfatizava a importância da assembleia popular como instituição política. A sociedade civil não existiria sem ela. A única condição pensada pelo filósofo para sua efetivação democrática é que suas decisões deveriam seguir a VONTADE GERAL, e não, necessariamente, a vontade de todos.
Qual a diferença entre vontade geral e vontade de todos?
A diferença está ligada ao bom-senso universal, que caracteriza a vontade geral. Todos sabem, por exemplo, que as crianças têm de ser protegidas contra qualquer forma de violência. Isso é vontade geral. 
Um indivíduo acusado de estuprar uma criança, antes de se confirmar seu crime, será condenado pela vontade de todos. Mas não pela vontade geral, que se manifesta com a confirmação. 
Nesse caso, vontade geral é sinônimo de justiça. Não a vontade de todos.
Penso na forma eleitoral de escolha de nossos governantes. Nunca há vontade geral, apenas a vontade da maioria. Maioria simples, diga-se de passagem. Cinquenta milhões de eleitores votam em A, e quarenta e nove, em B. 
A nossa democracia representativa é baseada na vontade da maioria, que muitas vezes não significa o bom senso, mas uma tirania disfarçada. 
Rousseau, pensando nisso, afirmou que o povo inglês só era livre e soberano durante as eleições, mas voltava à escravidão depois delas, "já que com elas entrega a soberania aos deputados".

CONVITE


Caso o frio continuar até sábado, haverá vinho (malgrado o conteúdo apolíneo de Considerações neoateístas).

domingo, 5 de junho de 2016

DELIVERY

A palavra nova é... delivery.
A classe média que ascendeu nas últimas décadas (por conta de uma expansão da economia) não pode consumir comida entregue de ligeirinha, por isso a inserção do novo termo delivery, mais glamoroso.
Imagina se a pessoa vai comer algo entregue em domicílio! Depois de muito malhar o "imperialismo" norte-americano, ela passa a empregar a língua da cultura dominante de uma forma espontânea.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

SEÑOR TANGO




Señor Tango é ponto turístico obrigatório para quem vai a Buenos Aires. Um show à parte! Algo que não imaginava ver (e ouvir) um dia. Minha cadeira ficou a meio metro do palco (como pode ser visto na foto acima). 

MEMORIAL DA POESIA CONTEMPORÂNEA

Ontem foi inaugurado o Memorial da Poesia Contemporânea em Santiago. Fui convidado pelo departamento de cultura (Rodrigo Neres) para recitar um poema de Cácio Machado, um dos poetas que compõem o memorial. Os outros homenageados são Caio Fernando Abreu e Ney A. Dornelles.
O poema que escolhi foi Céu, do livro Dia de sol e vento, publicado em 2008 (cujo lançamento tive a oportunidade de conduzir o protocolo):

Muito além
dos céus pintados
e cantados em romances;
dos céu filarmonizados
e exatos;
dos céus dos filmes
coloridos;
do céu divino
de Elias!

Muito além
se encontra,
quente e úmido,
o céu de tua boca
com estrelas reluzentes
na luz do dia. 

O Márcio Brasil recitou um excerto de Caio Abreu, e Lígia Rosso, um poema do Ney A.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

COSMOPOLITA Y GUAPA


Na semana que passou, participei de uma excursão a Buenos Aires. Ainda não conhecia essa cidade argentina, malgrado sua relativa proximidade com o Rio Grande do Sul (674 km de Uruguaiana). 
Ao longo de quatro dias, vivi a aventura de passear pela capital portenha, cuja primeira fundação ocorreu em 1536. 
Uma das medidas acertadas que tomei foi trocar o celular (o qual deixei na gaveta do criado-mudo) por uma câmera fotográfica. O aparelho de telefonia móvel dispõe de câmera, obviamente, mas a câmera ortodoxa não acessa à Internet, sem Facebook, WhatsApp e outras redes ou aplicativos. 
A propósito, o envolvimento de alguns integrantes do grupo excursionista com seus aparelhinhos inquietantemente luminosos, não tenho dúvida, comprometeu boa parte do tempo dedicado ao turismo (puro e simples). A selfie é a prova incontestável de que a pessoa quer ver a si mesma em primeiro lugar, transformando o motivo que caracteriza o ponto visitado em mero pano de fundo. 
Penso que essa forma de narcisismo já constitua um subproduto cultural da chamada Nova Era. 
Buenos Aires pertence a um tempo anterior à modernidade líquida (com seus excessos de subjetividades e direitos individuais). Ela é cosmopolita, universal, cercada pela grandeza sublime do Rio da Prata (por um lado) e pelas planuras continentais (por outro). Avenidas largas e arborizadas, monumentos históricos, edifícios belíssimos, livrarias, cafés, tanguerias… 
Assim a conheci, encantadoramente guapa.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

CRISE NO FUTEBOL ARGENTINO

O governo argentino intervém na Associação de Futebol Argentino (AFA), e seleção poderá deixar a Copa América Centenário. 
A inspeção Geral de Justiça (IGJ), órgão ligado ao Ministério de Justiça e Direitos Humanos, adiou as eleições da AFA (marcada para o dia 30 de junho). A entidade passa a ser dirigida por agentes do governo por um prazo de 90 dias. 
Não bastassem as irregularidades na eleição passada para presidente (ocorrida em dezembro), a AFA é investigada por desvio de recursos do "Fútbol para Todos", programa governamental de apoio e divulgação do esporte no país. 
Há um risco de a seleção abandonar a Copa América e o Boca Juniors sair da Libertadores.
(Matéria extraída de esporte.uol.com.br)