tag:blogger.com,1999:blog-11038697237169289252024-03-06T01:26:55.370-04:00CONTRA .Froilam de OliveiraFROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.comBlogger3568125truetag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-38470055825680070002023-05-02T12:51:00.005-04:002023-05-08T21:05:32.458-04:00FUNÇÃO DESMITIFICADORA A religião na Grécia antiga já entrava em declínio, quando a Filosofia surgiu 2,6 milênios antes do presente. Uma das causas para essa desimportância, não observada noutros lugares (como Suméria e Egito), era a inexistência de uma classe sacerdotal forte. A busca e a determinação dos primeiros filósofos, no sentido de responder pela constituição do cosmos, pouco contribuiu para a desmitificação da realidade. A primeira manifestação desmitificadora coube a Xenófanes, que acusou o antropomorfismo: “Dizem os Etíopes que [os seus deuses] são negros e de nariz chato, fazem-nos os Trácios de olhos azuis e cabelos ruivos” (PENEDOS, 1984, p. 65). Para o filósofo, deus era único e não tinha nada a ver com os humanos, mas acreditava num deus.
Com os sofistas, Sócrates, Platão e Aristóteles, o viés cosmológico é substituído pelo antropológico, quando a educação, a política e a ética passaram a constituir uma forma originária de humanismo (como produto extraordinário da razão). A despeito do enfraquecimento da religião, um tribunal democrático (ainda a manter a herança mítica da oligarquia) condenou Sócrates à morte por não ensinar sobre os deuses oficiais – Zeus e toda sua equipe de olimpianos. A morte do mestre levaria Platão a idealizar uma nova paideia, um novo projeto educacional para a formação do homem grego, com especial interesse no filósofo, que estaria habilitado a governar a cidade com justiça.
Depois de vinte e poucos séculos, referimo-nos ao elemento fundante da religião grega como o mito simplesmente. Na época, todavia, não havia distinção entre mito e religião: as divindades hoje mitológicas eram vivas, alimentadas pela fé das pessoas daquele tempo e espaço. Essas pessoas rendiam cultos, matavam e morriam por seus deuses, modo de existência representado espetacularmente pelas tragédias de Sófocles, Eurípedes e Ésquilo. A execução de Sócrates constituiu a prova mais conhecida da indistinção referida acima. Anaxágoras e Aristóteles, antes e depois de Sócrates, também sofreram acusações por impiedade ou ateísmo. O primeiro foi banido de Atenas, e o segundo se mudou voluntariamente da cidade, para impedir que ela cometesse uma grande injustiça pela segunda vez.
Em seguida, a Grécia foi dominada pelos macedônios e, pouco mais tarde, pelos romanos. A cultura grega, como um todo, sofreu uma debacle. Os mitos religiosos sobreviveram como literatura, e as ideias filosóficas ainda ressurgem de tempo em tempo, sejam nos estoicos romanos, em Agostinho, em Tomás de Aquino, no Renascimento, nos relativistas modernos, enfim, em todo estudante da história do pensamento filosófico.
A extinção dos deuses gregos seguiu uma regra determinista observada noutras sociedades, em diferentes épocas. Nestes dias, ninguém mais crê na existência de Innana, Enlil, Ra, Osíris, Odim, Thor, El, Baal, Tezcatlipoca, Xólotl, Tupã, Guaraci, entre outras divindades cultuadas no passado, acreditadas como se fossem efetivamente reais. Há exceções, obviamente, como aqueles deuses ainda cultuados nas diversas sociedades em volta do planeta (hoje agrupadas em grandes blocos mais ou menos definidos como Oriente e Ocidente).
Uma dessas exceções consiste num deus surgido no deserto, do fogo e da tempestade, à semelhança de Seth, Zeus, Thor, Tupã, entre outros que controlavam o raio. Nas sociedades primitivas, o raio e o trovão causavam muito medo nas pessoas, que os associavam a um poder sobrenatural personificado. Por isso, a semelhança entre as criaturas antropomórficas em lugares distintos. A região em que esse deus foi alimentado por seguidores era Midiã, ao noroeste da atual Arábia Saudita.
O destino desse deus midianita sequer imitaria os demais caso não passasse por Midiã um líder religioso, que casaria com a filha do patriarca local (Ex 2:16-21). Ao invés do esquecimento, o deus local foi levado para a terra de Canaã (uma obsessão imigratória desde Abraão). Depois da morte obscura de seu fiel mais importante (Deu 34:5), o deus do deserto passa a concorrer com deuses mais antigos, cultuados desde a vinda dos imigrantes caldeus, os quais colonizaram a chamada “terra prometida”. Por fatores não registrados ou ocultos da história, El e Baal foram subsumidos evolutivamente pelo deus então transformado em único, porque o novo reino assim o exigia. Seu nome: Javé.
A lacuna ainda não inteiramente esclarecida, em razão da falta de dados historiográficos, consiste justamente nessa unificação das divindades, como requisito indispensável para a construção do templo de Jerusalém. A grande criação do monoteísmo, a qual tanta glória é atribuída aos judeus, passa pelo momento em que uma decisão protocolar empodera Javé como deus único, senhor do Universo. O nome que o identificava anteriormente é substituído aos poucos por denominações mais afetivas e universais, como simplesmente deus, senhor, pai.
A classe sacerdotal extremamente forte, em Jerusalém e em Roma (Vaticano), bloqueou qualquer intervenção racional, filosófica ou científica. Fundantes de duas grandes religiões do mundo, os mitos judaico-cristãos são tidos como histórias verdadeiras. Assim continuará, enquanto houver organizações religiosas em torno da crença e pessoas que se filiam a tais organizações. Todo o efeito desmitificador das ideias ou descobertas de um Feuerbach, de um Darwin, de um Nietzsche, de um Freud, entre outros, ainda não foi suficiente para determinar o fim de uma grande ilusão.
REFERÊNCIA
Bíblia. Português. Bíblia Sagrada. Tradução dos originais dos Monges de Maredsous (Bélgica). – 28ª ed. – São Paulo: Editora Claretiana, 1980.
PENEDOS, A. J. Introdução aos pré-socráticos. Porto-Portugal: Rés-Editora Lda, 1984.
FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-84889631306737914712022-09-28T19:35:00.002-04:002022-09-28T20:14:02.348-04:00MEIO TERMO Ante a dúvida se vivemos no melhor dos mundos possíveis, os contemporâneos percebem um meio termo entre Leibniz e Voltaire, ou seja, nem o melhor dos mundos possíveis nem o pior. Os mal-estares destes dias denegam o excesso de otimismo; por outro lado, as conquistas da civilização (especialmente do lado ocidental) depõem contra o pessimismo.
A degradação ambiental, as doenças (do corpo e da alma), as guerras e a fome são apenas alguns dos fatores que tornam o mundo uma distopia, um lugar de vida não prazerosa. A propósito das guerras, ainda estamos muito próximos do século XX, o mais belicoso de todos os tempos (levando-se em conta o poder de matar massivamente). O conflito Rússia versus Ucrânia ainda remonta à belicosidade que caracterizou a relação de poder entre estados nacionais.
Charles Taylor, filósofo canadense, aponta três mal-estares da atualidade, todos relacionados ao indivíduo, sem a amplitude acima referenciada: o individualismo, a primazia da razão instrumental e a restrição de escolhas. Em poucas palavras, o centrar-se em si mesmo, a desconsideração do outro e a perda de liberdade. Não obstante apostar no ideal da autenticidade, o pensador destaca esses problemas (a serem resolvidos exatamente pelo indivíduo que exacerba em suas idiossincrasias).
Não há resolução para o paradoxo entre o melhor e o pior dos mundos possíveis. Os extremos são inevitáveis (e até necessários), mais ou menos equidistantes da mediania. A realidade é o que é, independentemente da ação humana, sempre alternante entre bem e mal.
FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-30008079266493962202022-06-25T11:41:00.002-04:002022-06-25T11:41:48.561-04:00A ARTE DE ESCREVER Com o fim de introduzir o tema a ser abordado por nós, sugiro-lhes uma digressão para aclarar o significado da frase “a arte de escrever”. O que vem ao nosso pensamento, no instante em que falamos ou ouvimos, escrevemos ou lemos “a arte de escrever”? Que significado damos a essa associação de fonemas ou de signos gráficos?
Há duas interpretações em razão da amplitude, ou extensão semântica: na primeira delas entendemos que a escrita possibilita uma arte, como a poesia; na segunda interpretação, que a escrita por si só é uma arte. Stricto sensu e lato sensu, respectivamente. Noutras palavras, sentido específico e sentido amplo.
No sentido específico, apenas os gêneros textuais literários são considerados artísticos. Segundo a classificação feita pelo linguista Mikhail Bakhtin, são gêneros textuais as diversas formas consagradas pelo uso da fala/escrita: diálogo cotidiano, notícia, bula de remédio, receita, artigo, biografia, crônica, conto, novela, romance, poema e muitos outros. Dos citados, os que possuem literariedade são o romance, o conto, a novela, a fábula, o poema, a crônica. (A crônica está na linha que separa o literário e o não-literário.)
No sentido amplo, tudo o que se produz linguisticamente é arte, inclusive o termo literatura possui a mesma amplitude dada a arte de escrever. Significa o emprego estético da linguagem, na produção dos gêneros literários; e significa mais amplamente toda a produção de obras científicas, filosóficas etc. sobre determinada matéria ou questão.
Ao considerarmos a dicotomia proposta pelo filósofo francês Clèment Rosset, de que o mundo é constituído por natureza e artifício, respectivamente, tudo o que existe mesmo sem a presença do homem e tudo o que foi acrescido pelo homem, a escrita é artifício, é arte. A maior das revoluções cognitivas do homo sapiens é demarcada no tempo com o surgimento dos primeiros trabalhos de pintura (que é uma forma de linguagem) e muito possivelmente com o desenvolvimento da língua articulada.
Não bastassem esses argumentos, podemos citar a metáfora, que caracteriza a poesia, por excelência, mas ganha em amplitude também. Quando falamos ou escrevemos a palavra “mesa”, fazemos referência a um objeto (de pedra, de madeira, de ferro ou de plástico) que usamos em nossas casas. A palavra “mesa”, no entanto, não é o objeto, mas uma representação dele, uma metáfora originária.
Essa digressão é necessária para nos orientarmos no seguinte ponto: a partir da língua posta no mundo, abordaremos a arte como uma de suas possibilidades. Isto é, no âmbito restrito de seu significado.
Aristóteles afirma em sua obra epifânica ARTE POÉTICA que a tendência à criação literária é uma manifestação natural, sua essência consiste na imitação (mimesis) e no prazer que daí deriva. Ao contrário de Aristóteles, Platão excluiu os poetas de sua república ideal, na medida em que eles são imitadores de algo que está a três degraus do real, ou em suas palavras, os poetas fazem “simulacros com simulacros”. Para Platão, o mundo sensível (segundo degrau) é uma ilusão, uma representação imperfeita do mundo inteligível, das ideias. Aristóteles detona com essa concepção metafísica da realidade ao dizer que primeiro existem as coisas e depois as ideias das coisas. E disse mais, que nos interessa aqui, que sob as aparências exteriores, a arte descobre a essência interna das coisas.
Arte poética, esse pequeno grande livro de Aristóteles, encima a lista de obras indispensáveis para a aquisição de uma cultura erudita da arte de escrever.
Outro filósofo que se ocupou com a arte da escrita foi Arthur Schopenhauer. Esse pensador é debochado, pessimista. Seu livro A ARTE DE ESCREVER é pouco técnico e muito crítico, subjetivo, sarcástico, disserta com sua linguagem corrosiva contra tudo e contra todos. Já no primeiro capítulo, Sobre a erudição e os eruditos, detona com professores e alunos. Não o recomendo.
O melhor manual sobre a arte que tratamos aqui foi produzido por ANTOINE ALBALAT (jornalista, poeta, ensaísta e crítico literário francês, que viveu entre 1856 e 1935). O título de seu livro é A ARTE DE ESCREVER ENSINADA EM 20 LIÇÕES. Ao contrário de Schopenhauer, Albalat é objetivo, muito técnico, indispensável.
O que Albalat nos diz sobre o estilo?
“Escrever bem é pensar bem e reproduzir bem, tudo ao mesmo tempo... O estilo é a arte de aprender o valor das palavras e as relações das palavras entre si... O talento não consiste em nos servirmos secamente das palavras, mas em descobrir as imagens, as sensações e os cambiantes que resultam das suas combinações... O ESTILO É, POIS, UMA CRIAÇÃO DE FORMA PELAS IDEIAS E UMA CRIAÇÃO DE IDEIAS PELA FORMA.”
Uma observação importante:
O manual auxilia, não é fundamental. Ele não transforma ninguém da noite para o dia num escritor, num artista da palavra.
Aristóteles diz algo interessante em sua Poética: “Homero pinta o homem melhor do que é”. Não apenas o homem, mas as outras criaturas (reais ou míticas). Pensem na beleza dos deuses gregos! Pensem em Helena, a mulher mais bela da humanidade, que rivalizava com Afrodite (a deusa da beleza), todas elas criação de um poeta.
Já falei e escrevi algo como O POETA VÊ O QUE NÃO É PERCEBIDO pelos outros. Não só o vê, mas o expressa com palavras. Coerente com o que diz Aristóteles, o poeta torna a realidade mais visível, ou “porque a vida não basta”, como disse Ferreira Gullar acerca da função da arte.
NIETZSCHE é um pouco mais radical: “Temos a arte para não morrer ou enlouquecer perante a verdade”.
(AMO O QUE SE ESCREVE COM O PRÓPRIO SANGUE)
Para Carlos Drummond de Andrade:
“Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira”.
Outro dito interessante é de Jean-Paul Sartre:
“Ninguém é escritor por haver decidido dizer certas coisas, mas por haver decidido dizê-las de determinado modo”
Isso que Sartre nos diz equivale ao que Antoine Albalat coloca na Quarta Lição: o ESTILO – o cunho pessoal, a originalidade.
Uma frase de Jean Cocteau, que li em minha juventude, não me saiu da cabeça: “ESCREVER É MATAR ALGO INERENTE À PRÓPRIA MORTE”. Não sabia, naquela época, que a escrita viria a ser minha forma mais nobre de salvação.
Vocês sabem quem foi WILLIAM FAULKNER?
Escritor estadunidense, um dos maiores romancistas do século XX. Esse dado não copiei do sistema de busca do Google, mas da leitura de dez livros de Faulkner: Enquanto agonizo; Uma fábula; Palmeiras selvagens; Luz em agosto; Absalão, Absalão!; Os invencidos; Santuário; Desça, Moisés; Primeiro de maio; e O SOM E A FÚRIA.
O som e a fúria coloco entre os dez melhores romances que li em toda minha vida de leitor.
Pois bem, Faulkner disse numa entrevista que o escritor se abastece em três fontes imensuráveis: a OBSERVAÇÃO, a EXPERIÊNCIA e a IMAGINAÇÃO.
Peço que cada um de vocês, como escritores, olhem para dentro de si e destaquem qual a sua fonte mais generosa e qual a menos generosa. Não tenho problema para dizer que bebo muito na observação e na experiência e pouco na imaginação.
A propósito, Faulkner é a prova que justifica o porquê não recomendo A ARTE DE ESCREVER de Schopenhauer. No terceiro capítulo do livro, SOBRE A ESCRITA E O ESTILO, Schopenhauer escreve: “Antes de tudo, há dois tipos de escritores: aqueles que escrevem em função do assunto e os que escrevem por escrever. Os primeiros tiveram pensamentos, ou fizeram experiências, que lhes parecem dignos de ser comunicados; os outros precisam de dinheiro e por isso escrevem, só por dinheiro”.
Com a palavra, Faulkner: “Até o sucesso de Santuário eu vinha pintando paredes e fazendo serviços de carpintaria, mas num certo momento senti que poderia ter lucro escrevendo”.
PARA FALARMOS DA ARTE DE ESCREVER, é inevitável que falemos primeiro sobre a leitura.
JORGE LUIS BORGES, o grande escritor argentino, era humilde para confessar no poema UN LECTOR:
“Que otros se jacten de las páginas que han escrito;
a mí me enorgullecen las que he leído”
Sempre respondo que o mais nobre benefício da leitura é a necessidade de escrever.
A leitura também amplia significativamente nosso universo lexical, ensina ortografia, construção de frases, ritmos, imagens, gêneros... e tudo o que é indispensável para atender à necessidade da escrita.
Há uns dez anos, dando aula particular, orientei meu aluno a fazer uma redação. No primeiro dia, pedi que ele escrevesse um texto sobre exoplaneta. Poderia ter pedido para escrever sobre a monocultura da soja, mobilidade urbana, outros assuntos mais conhecidos. Sem o auxílio do Google na hora, ele não conseguiu produzir um parágrafo minimamente aceitável.
Não escrevemos sobre o que não conhecemos, muito menos se não temos a imaginação como fonte imensurável (como bem entendia Faulkner). Nesse sentido, BUFFON (citado por Albalat) disse: “OS NOSSOS CONHECIMENTOS SÃO OS GERMES DAS NOSSAS PRODUÇÕES”
Escolhi três revistas que traziam matéria sobre exoplanetas e emprestei ao meu aluno. Pedi-lhe que lesse as matérias, e produzisse uma redação, com três parágrafos, respectivamente, INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO.
Essas leituras o ajudaram a escrever sobre o tema solicitado.
LEITURAS
À semelhança de Borges, me orgulho das leituras que fiz, que faço e que farei até quando permitir a saúde dos olhos, da cabeça, dos nervos... Comecei a ler na biblioteca do então Colégio Polivalente, no ano de 1973, portanto, há 49 anos. A longevidade conta não apenas para a quantidade, como para a qualidade da leitura. Hoje leio menos, porque escrevo mais. Minha biblioteca ideal, todavia, continua a incluir livros e livros. A relação desse acervo encontra-se publicada desde 2007.
Alguns títulos/autores:
FICÇÃO:
- A cabana do Pai Thomás, Harriet Stowe;
- Admirável mundo novo, Aldous Huxley;
- A insustentável leveza do ser, Milan Kundera;
- Alice no País das Maravilhas, Lewis Carrol;
- A paixão segundo G. H., Clarice Lispector;
- Cem anos de solidão, García Márquez;
- Dom Quixote, Miguel de Cervantes;
- Em busca do tempo perdido, Marcel Proust;
- Ficções, J.L. Borges;
- Grande sertão: veredas, João Guimarães Rosa;
- Madame Bovary, Gustave Flaubert;
- Maíra, Darcy Ribeiro;
- Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis;
- O evangelho segundo Jesus Cristo, José Saramago;
- O lobo da estepe, Hermann Hesse;
- O mundo de Sofia, Jostein Gaarder;
- O processe, F. Kafka;
- Orlando, Virgínia Woolf;
- Os irmãos Karámazov, F. Dostoievski;
- Os rios profundos, José Maria Arguedas;
- O tempo e o vento, Erico Veríssimo;
- O velho e o mar, E. Hemingway;
- Quarup, Antônio Callado;
- Robinson Crusué, Daniel Defoe;
- Terra sonâmbula, Mia Couto;
- Torto arado, Itamar Vieira Junior;
- Todos os fogos o fogo, Julio Cortázar;
- Ulisses, James Joyce;
- Vidas secas, Graciliano Ramos...
POESIA:
- Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira, Mario Quintana, Pablo Neruda, Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Rainer-Maria Rilke, Baudelaire, Ezra Pound, Dante, Whitman, João Cabral de Melo Neto, Carlos Nejar, Manoel de Barros, Luís de Camões, Vinícius de Moraes, Paulo Leminski...
FILOSOFIA, HISTÓRIA, PSICOLOGIA, SOCIOLOGIA, ANTROPOLOGIA, BIOLOGIA, ASTRONOMIA...
- A arte da vida, Zygmunt Bauman;
- A criação do mundo, George Gamov;
- A essência do Cristianismo, Ludwig Feuerbach;
- A morte da fé, Sam Harris;
- A mutação interior, J. Krishnamurti;
- A necessidade da arte, Ernst Fischer;
- A origem das espécies, Charles Darwin;
- A realidade não é o que parece, Carlo Rovelli;
- A rebelião das massas, José Ortega y Gasset;
- Armas, germes e aço, Jared Diamond;
- As eras de Gaia, James Lovelock;
- Assim falou Zaratustra, F. Nietzsche;
- Conferências e escritos filosóficos, M. Heidegger;
- Cosmos, Carl Sagan;
- Dicionário filosófico, Voltaire;
- Édipo: mito e complexo, Patrick Mullahy;
- Ensaios, M. Montaigne;
- O futuro de uma ilusão e O mal-estar na cultura, S. Freud;
- O gene egoísta, Richard Dawkins;
- O homem-deus, Luc Ferry;
- O macaco nu, Desmond Morris;
- O novo iluminismo, Steven Pinker
- O ópio dos intelectuais, Raymond Aron;
- Os sumérios, S.N. Kramer;
- Por que não sou cristão, Bertrand Russel;
- Psicanálise da sociedade contemporânea, Erich Fromm;
- Quebrando o encanto, Daniel Dennett;
- Sapiens: uma breve história da humanidade, Yuval Noah Harari;
- Uma breve história do tempo, Stephen Hawking...
Na relação acima, mais importante que o título é o nome do autor. Ao citar, por exemplo, ASSIM FALOU ZARATUSTRA, cito Nietzsche. Todos os seus livros são relevantes. Não apenas os seus livros, mas também os que foram escritos por outros autores sobre os livros de Nietzsche, sobre a filosofia nietzschiana.
ESCRITOS
Iniciei minha carreira de leitor em 1973 e de escritor (resultados das múltiplas leituras) no fim dos anos oitenta. A publicação do primeiro livro, todavia, só aconteceu em 2006. Dezessete anos de leitura, dezessete anos a escrever até Ponteiros de palavras. Depois vieram Vozes e vertentes (2010), O fogo das palavras (2011), Margens impossíveis (2013), Palavras de fogo (2014), Considerações neoateístas (2016) e Claro&profundo (2019). Tudo o que escrevi e publiquei até o presente considero meros ensaios poéticos e filosóficos para produções futuras.
Na abordagem do tema em pauta, a arte de escrever, é mais relevante falar-lhes do COMO escrevo. Não O QUÊ ou O PORQUÊ (já mencionado anteriormente).
COMO? Eis a questão... Respondo com uma frase de MÁRIO QUINTANA, que ele intitula DA DIFÍCIL FACILIDADE:
“É PRECISO ESCREVER UM POEMA VÁRIAS VEZES PARA QUE DÊ A IMPRESSÃO DE QUE FOI ESCRITO PELA PRIMEIRA VEZ”
Não paro de reescrever meus poemas e meus microensaios e aforismos. Ultimamente, preparo um livro de haicai, forma fixa de poema com três versos. Atravesso a madrugada para escrever um único haicai. Ao sacrificar o sono, que vem e se vai, escrevo com o próprio sangue, como era digno de amor a Zaratustra.
MUITO OBRIGADO!
FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-47279321423961032422022-03-23T11:08:00.002-04:002022-03-23T11:08:24.253-04:00O VENDEDOR DE LIVROS (CRÔNICA DE CURITIBA)<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 21.3pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O homem vende livros na Feira do Largo da Ordem, que acontece
todos os domingos em Curitiba. Seu espaço fica a poucos metros do bebedouro
(onde os tropeiros davam água aos cavalos e mulas desde meados do século
XVIII). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 21.3pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Diferentemente de
outros feirantes, o livreiro não dispõe de uma barraca armada: vende ao sol.
Mesmo assim, ele é bem-humorado, a divertir seus clientes com algumas tiradas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 21.3pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Todas as vezes que
vou à feira, dedico um tempo maior a conversar com o homem. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.1pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt;">Dois
chistes de sua chancela transcrevo abaixo:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 21.3pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A mulher dá uma
olhada para tantos volumes e pergunta como eles estão organizados nas caixas de
madeira. A resposta é categórica: “Os livros estão organizados de uma forma
rigorosamente aleatória”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 21.3pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Domingo último, ao
passear pelo Largo da Ordem, mais uma vez me detive em frente ao amigo vendedor
de livros. A chuva era iminente, por isso me preocupei com o acervo exposto.
Com um sorriso de tranquilidade, o homem apontou para uma lona enrolada:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 21.3pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt;"><span style="mso-tab-count: 2;"> </span>“Tenho aqui o preservativo cultural.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 21.3pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt;"><span style="mso-tab-count: 2;"> </span>Infelizmente, a garoa caiu mais grossa, e o homem teve que
desenrolar o “preservativo cultural” e estendê-lo sobre os livros arrumados de
uma forma “rigorosamente aleatória”.<o:p></o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-77542289227080033902022-03-06T13:23:00.003-04:002022-03-06T13:23:21.759-04:00NÃO EMPODERAMENTO<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;"> Em 2020, escrevi o artigo
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rede social Facebook: o não empoderamento
do sujeito do enunciado</i>, como avaliação no curso de Filosofia (FAE Centro Universitário,
Curitiba). No momento em que a mídia social possibilita a um grande número de
usuários criar uma página e se inserir no que pode ser considerado letramento
digital, ousei questionar diversos estudos acadêmicos que apontam certo
empoderamento pessoal. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Para tanto, desenvolvi meu argumento baseado em três referências:
Mikhail Bakhtin, Platão e Sigmund Freud. Da análise do gênero discursivo
recorrente, do conteúdo opinativo e narcisista da enunciação, sustentei que o
sujeito que a elabora não se efetiva como interlocutor dialógico, não contribui
para a verdade e tampouco cumpre um papel de relevância intersubjetiva. Ademais,
há de se considerar o poder de manipulação do Facebook, recentemente denunciado
por ex-colaboradores da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">startap</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A partir de Bakhtin, esclareci o que seja o enunciado dentro
do processo comunicativo. O sujeito é quem fala ou escreve para um ouvinte ou
leitor que dialoga com ele. Esse segundo componente da relação dialogal, por
sua vez, ocupa “uma ativa posição responsiva: concorda ou discorda” do primeiro,
com o qual alterna o papel de enunciador. O enunciado é tudo o que produzido
durante a comunicação oral ou escrita. O linguista e filósofo russo classificou
os gêneros discursivos de primários (conversa, bilhete, e-mail etc.) e
secundários (crônica, conto, artigo etc.). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Da réplica do diálogo cotidiano ao comentário mais longo em
que se expressam ideias, apreciações e juízos de valor, a opinião constitui a
maioria dos enunciados no Facebook. Na linha segmentada proposta por Platão, a
opinião consiste numa forma primária de conhecimento, fundamentado em ilusões,
crenças e preconceitos. Nesse aspecto o filósofo rende tributo a Parmênides,
pré-socrático que opunha a opinião à verdade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Em vista de sua subjetividade, de seu caráter íntimo, a
opinião visa a dar evidência ao sujeito que a enuncia. A imagem de si mesmo, na
percepção desse sujeito, merece o compartilhamento com o outro,
independentemente da concessão dialogal. Pari passu com outras semioses (a
exemplo do <i>selfie</i>), a enunciação é motivada pelo narcisismo, ou a necessidade
de investimento no Eu, segundo Freud. No âmbito <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hi-tech</i>, o Facebook representa o lago que reflete a própria face piegas
do sujeito enunciador. Antes de comunicar algo, de exercer uma função social,
todo enunciado, acompanhado de imagem ou não, presta-se à afirmação de uma
identidade narcísica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Em síntese, não há empoderamento no emprego de gêneros
primários (como a conversa cotidiana), não há na opinião e na expressão
narcisista. Para se tornar empoderado, o usuário deve produzir uma forma de
gênero digital que influencie seu interlocutor, que se aprofunde na busca da
verdade e que se caracterize pela alteridade. Não há empoderamento sem considerar
a relação com o outro.</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-30922848085595599422022-03-03T09:59:00.003-04:002022-03-03T09:59:21.041-04:00DRAMA PESSOAL<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 18.0pt;"> Hoje
levantei com a ideia de pintar meu autorretrato com vitiligo. Pictoricamente, estas
manchas mais claras na testa, acima da sobrancelha e no extremo direito da boca
darão ao quadro um aspecto interessante. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 18.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Outra ideia me ocorreu nesta manhã: iniciar
a escrita de um romance. Depois que li <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Terra
sonâmbula</i> (Mia Couto) e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Torto arado</i>
(Itamar Vieira Júnior), essa ideia se renova com frequência (sempre vencida
pela autocrítica). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 18.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Qual é a autocrítica?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 18.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Por um lado, reconheço que não estou
preparado para tão grande empreendimento criativo, que me exigiria muito suor,
muita queima de neurônio. Por outro, penso que o compromisso com a realidade é
mais urgente. O mundo não anda bem, a necessitar do meu engajamento filosófico.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 18.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Platão poderia estar certo em deixar os
poetas fora de sua república, porque eles perpetuam a ilusão, o estado sensível
do fundo da caverna. Para sair à luz, o homem o faz por intermédio da razão, do
conhecimento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 18.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Assim dividido, adianto que não pintarei
meu autorretrato, tampouco iniciarei um romance. A arte fica para depois, não
obstante a perspectiva de que depois será tarde. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-46510814116407041952022-03-01T16:37:00.003-04:002022-03-01T16:37:42.351-04:00"GIGANTES DE RAZÃO CIENTÍFICA"<p> <span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">Muito
antes de ler Charles Taylor, filósofo canadense, eu já chegara aos três grandes
nomes da modernidade, que libertaram o homem ocidental do delírio religioso:
Copérnico, Darwin e Freud. Tal libertação, ainda incompleta, não ocorre sem
grandes frustrações.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt;"> O primeiro nome é Nicolau Copérnico,
monge polonês, que descobriu matematicamente que era a Terra que girava em
torno do Sol, e não o contrário (como sustentava todo o saber anterior). Sua
descoberta gerou um grande mal-estar em pleno apogeu do Cristianismo, quando a
Terra estava no centro do mundo, com o Deus sobre ela, sentado num “sólio de
nuvens” (no dizer de Will Durant). Com estudos posteriores, nosso planeta foi
perdendo cada vez a centralidade, reduzindo-se a um grão de poeira na imensidão
do espaço-tempo. Copérnico receoso de que seu estudo causaria uma indignação
muito grande, com consequências terríveis para ele, publicou-o um pouco antes
de morrer em 1543. Giordano Bruno, que defendeu mais tarde o heliocentrismo,
foi condenado e executado pela santa igreja de Roma. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt;"> O segundo nome e (reputo) o mais
importante é Charles Darwin. Outro que tardou para publicar seu <i>A origem das espécies</i> (1959), um
escândalo para a Era Vitoriana, de fundamentalismo moral e religioso. A
frustração causada por Copérnico foi superada com a crença de que o homem era
ainda uma criatura divina, diferente dos outros animais. Darwin explica
minuciosamente como ocorreu a evolução das espécies, como homem e chimpanzé
pertenciam a uma mesma espécie entre seis e sete milhões de anos antes do
presente. O criacionismo, tido como verdade absoluta, passa a ser relegado pela
ciência como um outro mito qualquer. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt;"> Sigmund Freud é o terceiro nome citado
por Taylor como um dos “gigantes da razão científica”. Com a frustração
propiciada pelo darwinismo, abandonou-se a crença no mito adâmico e se agarrou
à racionalidade, uma centelha de luz a distinguir o homem. Todavia, surge
Freud, que citara Copérnico e Darwin no ensaio <i>Uma dificuldade da psicanálise</i> como responsáveis por causar grandes
aborrecimentos à humanidade, com a sua descoberta do inconsciente. O terceiro
aborrecimento (frustração da razão que se pressupunha a essência humana). O
consciente é a ponta emersa do iceberg, tudo mais é instinto, pulsão,
inconsciente. <o:p></o:p></span></p>
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"> A
reação criacionista foi violenta no começo da modernidade, com a inquisição,
negacionista ao longo dos últimos séculos e adaptável nos dias atuais. Como
adaptável? No discurso do Papa Francisco, por exemplo, ao afirmar que o <i>big bang</i> é perfeitamente compatível com
a criação divina do mundo. A adaptação é o último esperneio do mito, que se
mantém vivo pela fé depositada nele. </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"> </span>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-5767224687099094352022-03-01T16:36:00.000-04:002022-03-01T16:36:00.344-04:00A SALVAÇÃO PELO AMOR<p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> Luc Ferry é um filósofo
francês contemporâneo, autor de livros extraordinários, como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O que é uma vida bem-sucedida, Aprender a
viver, A nova ordem ecológica, A revolução do amor, O homem-Deus, A mais bela história
da filosofia</i>, entre outros. Malgrado os títulos acima, nada de autoajuda do
tipo senso comum.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Hoje destaco as cinco grandes respostas filosóficas para uma
vida boa, que Ferry disserta em seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
mais bela história da filosofia</i>. Essas cinco respostas foram dadas pela
filosofia ao longo de sua trajetória no Ocidente, nos últimos três milênios. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A primeira resposta surge na Antiguidade, “como pano de
fundo dos relatos mitológicos”, retomada mais tarde pelos filósofos clássicos
gregos. A ideia central dessa resposta se depreende da concepção de que o mundo
expressa uma ordem harmoniosa, o cosmos. “Uma vida boa”, escreve Ferry,
“consiste em adequar-se à ordem do mundo”. Ainda hoje, movimentos holísticos
voltam a ensinar uma prática que harmonize mente-corpo com a ordem do Universo.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A segunda resposta, na verdade, é apresentada pela religião
cristã, que substituiu a filosofia em franca decadência. Se a filosofia grega
remetia a “uma imortalidade muito parcial”, em que o indivíduo se dissolvia na
ordem cósmica, o cristianismo propõe a ideia de salvação pessoal, de
ressurreição do indivíduo para uma vida eterna e paradisíaca.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A terceira resposta é dada a partir do Renascimento, com sua
virada homocêntrica. Ela não mais se fundamenta no cosmos ou na divindade
supraterrena, mas na razão. Segundo Ferry, com o humanismo a filosofia permite
o surgimento de dois traços que passam a caracterizar a vida boa: a valorização
do conhecimento, a cultura, a civilidade; e a justificação da vida por um
exemplo, por uma contribuição à História, por uma obra, por algo que permaneça
na lembrança dos pósteros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A quarta resposta resulta de um fracasso da razão iluminista
em dar um sentido à vida. Ela é instaurada pelos filósofos da desconstrução,
que passaram a considerar “as dimensões da existência até então esquecidas,
sufocadas ou reprimidas, como o inconsciente ou a animalidade”. Entre esses
pensadores, despontam Nietzsche, Heidegger e Derrida. Para o filósofo do
martelo, “todo ideal nega a vida”, de Platão à modernidade, constitui o que ele
denominou de niilismo. Sua proposta expressa no pensamento do eterno retorno é
de afirmação da vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A quinta resposta vem depois das “conquistas da
desconstrução” dos valores tradicionais (religiosos, morais, patrióticos),
época que Ferry designa como “humanismo do amor”. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O amor possibilita uma experiência que dá um
sentido à vida, com maior alcance ao sair de nós mesmos. Amar e ser amado não é
metafísica, sentimento vivenciado na terra, e não no céu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ferry se declara um não nietzschiano, todavia, aproxima-se
do pensamento do eterno retorno, que propõe a afirmação da vida, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">amor fati</i> como salvação na imanência.
Como filósofo da desconstrução, por excelência, Nietzsche via no niilismo uma
catástrofe para nossa civilização, difícil de ser superada. Ferry é bem
otimista em relação à superação – pelo amor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">REFERÊNCIA<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">FERRY, Luc. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A mais bela história da filosofia</b>; tradução
de Clóvis Marques. – 2ª ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2018.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-86136835535013991922022-03-01T16:34:00.002-04:002022-03-01T16:34:30.994-04:00JAMES WEBB - O NOVO TELESCÓPIO<p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">O
telescópio espacial James Webb foi lançado no dia 25 de dezembro de 2021, para
substituir Hubble, seu congênere anterior. A nova tecnologia foi desenvolvida
pela NASA, Agência Espacial Europeia e Agência Espacial Canadense. Os objetivos
principais de JW são captar a radiação infravermelha resultante do Universo
muito jovem e observar a formação de galáxias e estrelas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Para entender
o primeiro objetivo é necessário aludir a Arno Penzias e Robert Wilson. Em
1965, esses dois cientistas descobriram uma radiação cósmica de fundo em
micro-ondas, emitida pelo Universo em expansão acelerada logo após o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Big Bang</i>. Noutras palavras, essa
radiação é resíduo ainda existente (e captável) da “grande explosão”, geradora
de muita luz e calor. Por essa descoberta, Penzias e Wilson foram laureados com
o Nobel de Física em 1978. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Para
entender o segundo objetivo, a observação de estrelas e galáxias bebês, é
necessário conhecimento prévio da relação entre espaço e tempo: quanto mais
distante no espaço (o novo telescópio consegue alcançar), mais distante no
tempo. A luz apresenta uma velocidade de 300.000 km/s. O Sol que observamos
neste exato instante é o Sol de 8 minutos atrás. Sírius, a estrela mais
brilhante do céu noturno (a olho nu), há 8,57 anos não se encontra mais lá onde
é observada. O JW será capaz de fotografar estrelas e galáxias a bilhões de
anos-luz, quando esses corpos celestes emergiam do caos primordial. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">A Via
Láctea, a galáxia em que habitamos, tem um diâmetro de 100.000 luz. O Sistema
Solar se localiza a 27.000 anos-luz do centro galáctico, na borda de um dos
braços espiralados (a faixa de estrelas que atravessa o céu em noites limpas).
O Universo tem bilhões de galáxias, maiores e menores que a Via Láctea. O
telescópio James Webb buscará as galáxias mais distantes (no espaço e no
tempo). <o:p></o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-17790052526744119102022-03-01T16:33:00.003-04:002022-03-01T16:33:26.698-04:00"IMAGINAÇÃO DO DESASTRE"<p> </p><p class="MsoNormal" style="margin-right: -.05pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>O
futuro chega a passos largos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-right: -.05pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
que isso quer dizer? Noutras palavras, para que o mais ignorante entenda com
uma clareza meridiana.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-right: -.05pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Presentemente,
imagina-se um tempo em que as pessoas com dinheiro na mão não comprarão
alimento nos supermercados, em razão de inexistir o alimento. Também aumentará
o número de famélicos, que não terá dinheiro para comprar o alimento
disponível.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-right: -.05pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Esse
quadro não é exagero, embora se possa atribui-lo em parte à “imaginação do
desastre” (expressão cunhada por Henry James há mais de um século). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-right: -.05pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Uma
seca neste verão bastou para faltar verdura no comércio. Somente aqueles que se
levantam cedo conseguem comprar esse alimento indispensável. Mudanças
climáticas contundentes, provocadas por causas naturais ou humana, poderão
trazer carestias mais prolongadas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-right: -.05pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 2;"> </span>Não bastasse o fator
climático desfavorável, temos o aumento populacional, cuja previsão crava 9,5
bilhões de indivíduos para 2050. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-right: -.05pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 2;"> </span>A frase acima (para concluir)
faz muito sentido, a despeito de toda a esperança depositada na tecnologia em
constante evolução.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-right: -.05pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 2;"> </span>Por favor, pensem nisso! <o:p></o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-68202184010503248452021-12-14T18:37:00.000-04:002021-12-14T18:37:05.217-04:00FRUIÇÃO E CONHECIMENTO<p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"> A leitura propicia, a um tempo,
fruição e conhecimento. Mesmo os gêneros literários – romance, conto, crônica, poema
– desencadeiam um processo cognitivo. Mesmo os gêneros filosóficos e
científicos – ensaio, artigo, monografia, tese – despertam o prazer de grandes
descobertas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A longa experiência como leitor eclético me descortina um
mundo que amalgama saberes e emoções. Nesse sentido, compreendo que o conhecimento
já se transformou numa paixão, como escreve Nietzsche no livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Aurora</i>, aforismo 427. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nesta tarde, lia <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
suicídio do Ocidente</i>, de James Burnham, quando me deparei com o seguinte: “Considero
óbvia demais a discussão de que, se os Estados Unidos entrarem em colapso ou se
tornarem insignificantes, o colapso de outras nações ocidentais não tardará
muito”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Inobstante a obviedade considerada pelo autor, não me recordo
de ter lido algo nessas palavras até então, conquanto defendo a ideia há bastante
tempo. O colapso estadunidense, acrescento, colocaria em risco uma das maiores
conquistas da civilização ocidental, a liberdade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ao ler a passagem acima transcrita, senti certo contentamento
por encontrar uma referência – <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a
posteriori</i> – à minha análise de um assunto tão relevante. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-11187018805991374312021-10-04T13:59:00.004-04:002021-10-04T13:59:57.673-04:00A GLÓRIA OU A MORTE<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -.05pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Uma tempestade matou
cinco alpinistas no monte Elbrus, no Cáucaso russo, nesta sexta-feira. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -.05pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"> Gostaria de estar na companhia de amigos,
para pensarmos juntos o paradoxo existencial referido de uma forma transversal
pela notícia acima.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -.05pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"> Sozinho neste apartamento, começo a
análise de uma forma dialética, hegeliana. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -.05pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"> Qual seria a tese?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -.05pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"> O homem desafia a natureza, para
satisfazer seu espírito aventureiro, a praticar esportes de alto risco de vida.
Ao lado do alpinismo, há o paraquedismo, o <i>wing walking</i> (equilibrar-se
sobre as asas de um avião), o esqui <i>off-trail</i> (descer montanhas no
esqui), <i>rafting</i> (descida em corredeiras dentro de botes), montaria de
touro, entre outros. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -.05pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"> Qual seria a antítese?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -.05pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"> A morte, simplesmente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -.05pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"> Para não me afastar do mote inicial, o
alpinismo, mais de 300 pessoas já morreram a escalar o Everest, o pico mais
alto do planeta. Altura, frio, vento, falta de oxigênio e exaustão física são
algumas das causas que se opõem ao objetivo da aventura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -.05pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"> O homem deixará de se aventurar, mesmo
consciente de que corre risco de vida? Sua vida deixa de ter sentido sem a
prática desses esportes chamados radicais? A liberdade para fazer escolhas
perigosas constitui um bem?<o:p></o:p></span></p>
<p><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">Qual seria a síntese?</span> </p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-74726224811025273432021-10-04T13:55:00.004-04:002021-10-04T13:55:47.059-04:00CANANÉIA<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt;"><span> </span>Cananéia
é o município mais meridional do estado de São Paulo, cuja sede dista 265 km da
capital paulista. A vila de Maratayama (hoje Cananéia) fora visitada por Martim
Afonso de Sousa em 1531, antes da fundação de São Vicente em 1532, oficialmente
a povoação mais antiga do Brasil. Na falta de documentação comprobatória da
precedência efetiva, Cananéia ficou sem essa honraria histórica. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt;"> No centro velho de Cananéia, as casas
ainda conservam o estilo arquitetônico do período colonial. As ruas são muito
estreitas, dando passagem a apenas um automóvel. A avenida Beira Mar é a mais
movimentada, com restaurantes, bares, pizzarias e vendedores informais, que
atendem os turistas de final de semana. Rampas e escadarias dão acesso ao cais
de onde zarpa a balsa para Ilha Comprida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 16.0pt;"> O melhor passeio é andar de barco ou
voadeira pela Baía dos Golfinhos até a Ilha do Cardoso. Por incrível que
pareça, na Baía dos Golfinhos há golfinhos realmente. Eles fazem piruetas a dez
metros da embarcação, em dupla ou trio, facilmente captáveis pelo clique
fotográfico. A Ilha do Cardoso é uma reserva natural, com um núcleo de estudos
ecológicos. <o:p></o:p></span></p>
<p><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 16pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 16pt; text-align: justify;">A região produz uma árvore popularmente
chamada de </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 16pt; text-align: justify;">cataia</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 16pt; text-align: justify;">, cuja folha entra na composição de uma bebida
alcoólica muito apreciada, a cachaça de cataia. Quem vier à Cananéia precisa
provar dessa cachaça, enquanto espera por um camarão, robalo, betara, siri,
entre outros pescados. A gastronomia é um dos itens indispensáveis na agenda do
turista, bem como o conhecimento do lugar (atestado por esta crônica). </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 16pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 16pt; text-align: justify;"> </span> </p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-57938691744565002292021-10-04T13:50:00.003-04:002021-10-04T13:50:42.401-04:00A BÍBLIA E OS CRISTÃOS<p> </p><p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: right;"><i><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt;">“A
maioria das pessoas deste mundo<o:p></o:p></span></i></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: right;"><i><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt;">acredita
que o Criador do universo<o:p></o:p></span></i></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: right;"><i><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt;">escreveu
um livro”<o:p></o:p></span></i></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: right;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt;">Sam
Harris<o:p></o:p></span></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: right;"><i><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A Bíblia é a palavra revelada – afirma a doutrina e
acredita piamente todos os cristãos. O pressuposto é que houve um texto
original ditado por Deus. A propósito, essa autoria transcendente caracteriza
outros escritos religiosos e afins: Corão, Livro dos Mórmons, Livro dos
Espíritos, entre outros. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A crença é de que as diversas traduções dos textos
originais, sua reescritura, acréscimos e cortes não comprometem a autenticidade
da Bíblia. Destarte, existem atualmente pelo menos três versões diferentes: a
Bíblia católica, a Bíblia evangélica e a Bíblia ortodoxa. As divergências de
forma e conteúdo, todavia, são insuficientes para abalar o dogmatismo cristão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ao longo dos primeiros séculos da Igreja Católica, as
chamadas guerras santas foram sangrentas, com perseguições e execuções fratricidas,
tudo pela injunção de um texto único, com uma interpretação convergente. Jesus
é mais humano? Mais divino? Humano e divino ao mesmo tempo? Há outras
possibilidades, como a compreendida pelos judeus, de que Jesus não era o
Messias, ou a de alguns estudiosos sérios, que asseguram a não existência
histórica de Jesus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A discussão não tem fim, malgrado a inadmissibilidade
para o mundo cristão e a irrelevância para outros mundos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ainda sobre a Bíblia, a edição evangélica, por exemplo,
soma 66 livros, 1.189 capítulos e 31.103 versículos. Esses números são
diferentes das demais bíblias. Se a versão primeira foi ditada por Deus, quem
autorizou a supressão de 12 livros em relação à bíblia ortodoxa (mais antiga,
mais próxima da origem)? Os textos suprimidos não se configuram uma afronta ao
seu autor (que era bastante irado no princípio)?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Por
que os pregadores escolhem certos versículos e evitam outros? Por um lado, a fé
é superestimada num contexto imaginário de adoração extrema. Por outro, nenhuma
referência à obra coerente com os preceitos bíblicos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>No dia a dia, fora do templo, a vida de muitos cristãos é
de uma indisfarçável hipocrisia. Basta apenas o versículo 24, capítulo sexto de
Mateus, para escancarar a contradição: “Ninguém pode servir a dois senhores;
porque, ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e
desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Obviamente, esse versículo nunca é citado pelos astutos
propaladores da palavra. Ele nega frontalmente a doutrina da prosperidade, nega
a conduta real da maioria cristã, ávida por dinheiro. <o:p></o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-89727328615764778032021-10-04T13:46:00.003-04:002021-10-04T13:46:34.879-04:00SUPERPOPULAÇÃO<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 18.6667px;"> </span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os
otimistas não se impressionam com a superpopulação, não a anteveem como um
problema sério. Diferentemente, desde os anos oitenta, preocupo-me com o
crescimento demográfico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Bem ou mal, todo o artifício
tecnológico, potencializado de uma forma crescente, tem atendido à demanda de
alimentação. Obviamente, isso ocorre às expensas da sustentabilidade, ou da preservação
do meio ambiente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os recursos naturais, independentemente
dos processos para explorá-los, exaurem-se a olhos vistos. As alterações
climáticas são cada vez mais agressivas para o cultivo do solo. Essa prática preexistia
aos sumérios, povo que desapareceu em decorrência de problemas locais,
semelhantes aos que já podem ser observados em âmbito global. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Como alimentar 9,7 bilhões de bocas? Se
tudo correr bem, o que é quase improvável, o número de subalimentados e
famintos crescerá muito, a duplicar ou triplicar os 811 milhões atuais. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A
fome será apenas uma das consequências inevitáveis da superpopulação. Outras
serão factíveis, mais ou menos graves. Não as nomeio aqui em respeito ao
bem-estar do leitor mais sensível. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-45415671577534618992021-08-05T22:42:00.002-04:002021-08-05T22:42:21.465-04:00TIPO BRASILEIRO<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> Pero Vaz de Caminha, escrivão
da armada portuguesa que chegou a este continente em 1500, escreveu ao rei D.
Manuel I:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A
terra em si é de muito bons ares... Águas são muitas; infindas. E em tal
maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das
águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será
salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela
deve lançar. [...] Quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que
Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> Por que cito Caminha?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> Não é para trazer à baila a questão dos nativos, que deviam
ser salvos pela doutrina cristã. A primeira coisa que diria a esse respeito é
de que houve uma perdição imposta pela cultura eurocêntrica. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> A citação acima serve de mote para analisar meu patriotismo,
o qual se encontra <i>sub judice</i>, nas mãos de um juiz extremamente
(auto)crítico – a própria razão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> No ano 2000, participei de um concurso nacional entre os
universitários, que consistia em escrever uma carta aos portugueses, a
tematizar tudo o que o Brasil tinha de melhor no presente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> Sobre o território brasileiro, descrevi sua multifacetada natureza
geográfica com a minúcia que faltou ao missivista apenas desembarcado de
além-mar. Duas décadas mais tarde, não mudaria uma vírgula da descrição. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> O problema está em sua gente. Os índios não foram salvos ao
longo da colonização e da nação independente. Hoje descrevo o povo como um
motivo para repensar meu patriotismo. Mais que representá-lo no poder, os
políticos constituem uma amostra do tipo brasileiro – para o qual não há
salvação.<o:p></o:p></span></p>
<p><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">Mario Quintana foi preciso: “Se eu amo o meu semelhante? Sim.
Mas onde encontrar o meu semelhante?”.</span> </p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-84692664346459206612021-07-26T09:54:00.001-04:002021-07-26T09:54:18.669-04:00FILOSOFIA, PARA QUÊ?<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> O senso comum pergunta com
frequência, a denunciar a própria ignorância, qual a finalidade da filosofia. Toda
resposta me parece perda de tempo, ainda que filósofos o fizessem desde Pitágoras.
Por que “perda de tempo”? Cito apenas dois motivos: ou as pessoas que perguntam
têm memória fraca, ou falta-lhes o interesse efetivo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> Não bastasse as funções atribuídas à filosofia até o
presente, funções exigidas na própria definição do termo, desenvolvi o
argumento seguinte: o conhecimento de seres, coisas e fenômenos evoluiu para
áreas cada vez mais isoladas umas das outras. Ciências muito próximas em suas
origens, hoje não apresentam uma relação evidente entre si. Cabe à filosofia a
tarefa de relacionar conhecimentos estanques, a partir de um mapa conceitual
centralizado na vida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> A despeito de se assemelhar ao paradigma da complexidade
de Edgar Morin, a ideia acima me ocorreu antes de ler esse pensador francês. Coerente
com esse pensamento, debruço-me sobre os livros de biologia evolutiva, física
teórica, astronomia, psicologia, história, linguística, sociologia, arte (literatura)
e filosofia desde os anos oitenta. Os livros fundamentam o discurso teórica; a realidade,
constituída por seres, coisas e fenômenos, fundamenta a pesquisa de campo. <o:p></o:p></span></p>
<p style="text-align: left;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Clément Rosset escreve em </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Lógica do pior</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"> (1989): “Se
há uma tarefa específica da filosofia – e isso independentemente de seus
interesses fundamentais, que, mais uma vez, são inteiramente outros –, esta
seria a de curar o homem de sua loucura”. Em minha percepção, o homem necessita
libertar-se da ignorância.</span> </p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-9286909406448536612021-07-15T08:44:00.001-04:002021-07-15T08:44:31.646-04:00TUDO PERMITIDO<p style="text-align: justify;"> <span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">A
noção moral de certo e errado precede o religioso, caso contrário o homem não
teria sobrevivido longos milênios antes de pensar a existência da alma
transcendente, de Deus e de todos os mitos que constituem as religiões. A
organização social em família, clã, tribo e comunidades maiores é uma
característica do </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">homo biologicus</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-right: -.05pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> Alguns pensadores da ética, teístas inconfessáveis,
recorrem à frase de Dostoiévski, de que sem Deus tudo seria permitido. Tenho
minhas dúvidas se os citadores de Dostoiévski leram seu <i>Os irmãos Karámazov</i>.
A citação é descontextualizada, tomada como uma afirmação. Na verdade, é uma
pergunta. Mítia narra a Aliocha o diálogo que teve com Ivan (os três irmãos
Karamázov): “Ivan não tem Deus... Eu lhe perguntei: ‘Então, nessas condições,
tudo é permitido?’” (p. 682).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-right: -.05pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> A despeito de Dostoiévski ser um
cristão ortodoxo, não afirma que sem Deus tudo seria permitido. O “sim” da
resposta é um dos pressupostos. Há o “não”. Não li até o presente que <i>se
tudo é permitido</i>, também o é a moralidade sem Deus. Dizer que haveria um
retorno à horda se a não existência de Deus viesse a ser confirmada já reflete
o espírito cristão, propenso a depreciar o homem natural.<o:p></o:p></span></p>
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"> A secularização é um processo civilizacional
que já aprova que o tudo permitido sem Deus pode ser benéfico à humanidade. </span>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-43913810058827903142021-06-24T11:16:00.000-04:002021-06-24T11:16:05.487-04:00A ALMA DA IMPACIÊNCIA<p><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: center;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O título acima
é um dos tópicos do capítulo <i>A lenda do humano imaterial</i>, do livro <i>Homo
biologicus</i>, de Pier Vincenzo Piazza (2021). O livro é atraente desde a
primeira página, talvez porque remete o leitor ao paradigma da biologia, que
passou a dominar o mundo científico. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Piazza encanta
por sua ironia cavalheiresca, algo muito raro nestes dias em que prevalece a
grossura deslavada ou a sensibilidade excessiva. Eis a prova disso:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">O ato de
fé [...] é a arma inelutável da metafísica religiosa que divide os homens em
duas categorias com capacidades diferentes. Um primeiro tipo de <i>Homo sapiens</i>
possui um sexto sentido que lhe possibilita ver e sentir coisas imateriais
completamente inacessíveis ao segundo tipo de ser humano, que só tem os cinco
sentidos clássicos. O problema é que esse sexto sentido tem a especificidade de
não ser comunicável aos que não o possuem (pp. 28-29).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O que os
humanos de seis sentidos veem (sentem e pensam) não é demonstrável aos de cinco
sentidos, tampouco o é refutável por meio da ciência. Por outro lado, os
humanos de cinco sentidos não conseguem demonstrar que o sexto sentido não
existe. O paradoxo assim se constitui em síntese. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ante a
dificuldade de se chegar a um acordo, Piazza propõe uma outra formulação do
problema. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Tenho cinco
sentidos, meu amigo diz que tem seis. Se seu sexto sentido não existe, por que ele
está convencido, com toda boa-fé, de que o tem? A única explicação é que precisa
dele. Por quê? Simplesmente para explicar certo número de coisas que não são
possíveis de compreender de outra maneira. Visto assim, o homem de seis
sentidos poderia apenas ser alguém que sente medo ou ansiedade diante da
ignorância. Consequentemente, quando não conhece, ele inventa (p. 29).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A diferença entre
humanos de cinco e de seis sentidos pode significar que uns são pacientes e
outros, apressados. Esta é a grande sacada do autor, que é médico psiquiatra,
com estudo inovador sobre as bases neurofisiológicas da toxicodependência e da
psicopatologia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os apressados
respondem suas dúvidas com a imaginação. Os pacientes, ao contrário, admitem a própria
ignorância e vivem com as incertezas (que acabam ser respondidas um dia por
conhecimentos comprovados). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Piazza esclarece
que sua intenção não é negar a fé ou Deus, mas buscar uma resposta para a
origem da “lenda da alma”. Seu livro atende os pacientes, que esperam o
esclarecimento de suas dúvidas; bem como os apressados, que podem retificar o que
viram (sentiram e pensaram) cedo demais. </span><span style="color: #c00000; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-91410786592830274952021-06-23T13:56:00.001-04:002021-06-23T13:56:10.658-04:00PANDEMIA: UMA REFLEXÃO<p style="text-align: justify;"> <span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A
COVID ainda causará muito sofrimento no mundo, pela perda de pessoas vitimadas
por ela. A existência daqueles que se defrontam com a morte de um parente não é
mais a mesma doravante. Certamente, essa constitui a mais dolorosa consequência
da pandemia.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt;"> Outras
constatações, que são leitura dos fatos, evidenciam-se cada vez mais, à medida
que passam os dias. No indivíduo, o âmbito mais restrito, pode-se constatar o
medo e a ansiedade. Ainda não é possível saber para que lado ele seguirá, ou
para o isolamento em si mesmo, egocêntrico, ou para a alteridade, para uma
abertura intersubjetiva.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt;"> No âmbito mais abrangente, o das nações
politicamente organizadas, ao mesmo tempo, observa-se o fechamento de
fronteiras, por um lado, e a ajuda internacional, por outro. A regra tem sido o
isolacionismo, com o fito de evitar o inevitável. A exceção é representada
pelos Estados Unidos, com a distribuição gratuita de vacina. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt;"> A pandemia coloca à prova a capacidade
do indivíduo de se autocontrolar psicologicamente, sem negar o valor
incomensurável da vida. Da mesma forma, testa a globalização, uma
superestrutura idealizada por todos, mas que se instabiliza ante os interesses
políticos e econômicos de estados nacionais.<o:p></o:p></span></p>
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">
A consequência derivada da dor consiste no aprendizado que todos
adquirimos verdadeiramente: a ciência como um bem humano, capaz de mitigar
nossos sofrimentos e, principalmente, libertar-nos da ignorância. </span>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-19078046643756044752021-04-22T12:03:00.005-04:002021-04-22T12:03:41.328-04:00CRÔNICA DA ILHA DO MEL<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic",sans-serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Uma ilha tem o inconveniente de estar
isolada por água, pensa o senso comum do continente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic",sans-serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Esse pensamento me ocorreu ao ver uma
ilha distante a primeira vez - com olhos de um interiorano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic",sans-serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O ilhéu, por sua vez, pode ter o
mesmo ponto de vista, de se sentir isolado, sempre a depender de uma embarcação
para sair da ilha, ao encontro da cidade grande (com suas benesses exclusivas).
As dificuldades impostas pelo isolamento, não raro, justificam vontade e
esforço no sentido de mudar da ilha.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic",sans-serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Entretanto, há outra possibilidade,
que é do domínio do insular, o isolamento, de sentir-se bem na sua ilha. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic",sans-serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Na terceira vez que venho à Ilha do
Mel, conheço quem não mais deseja voltar ao continente. Ele é feliz aqui,
malgrado o modo de existência mais simples.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic",sans-serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ante a extensão de água (em torno de
4,5 km), que separa Ilha do Mel e Pontal do Sul, concluo pela variável em favor
do ilhéu. Nesta terceira visita à ilha, percebo o quanto a vida aqui pode ser
melhor.<o:p></o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-21739703448602289402021-04-22T12:01:00.000-04:002021-04-22T12:01:08.540-04:00ILHA DO MEL E OUTRAS ILHAS<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: -14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0cm 14.2pt;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">As histórias de ilha me encantam desde menino, quando li uma adaptação de <i>Robinson Crusoé</i>, de Daniel Defoe. A literatura foi e continua sendo um caminho para meu espírito aventureiro.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Limitado pelo rio (norte e oeste), pela Serra (sul)
e pelos coxilhões (leste), o Rincão dos Machado representa uma ilha, onde
estabeleço um distanciamento voluntário.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">De tempo em tempo, necessito do sossego do rincão,
nem que seja para ouvir o vento ou o silêncio e ver o céu azul das manhãs ou
estrelado das noites limpas. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Hoje contemplo a faixa de mar que separa a ilha do
continente. As vagas se desfazem em espumas na areia ou chicoteiam os rochedos
nos extremos da praia.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Esta é a terceira vez que venho à Ilha do Mel, em
sua parte mais conhecida como Encantadas. O topônimo é derivado de uma lenda,
mas expressa uma sensação real como um prazer indescritível de se estar fora do
redemoinho incômodo da vida pós-moderna.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Na ilha, o distanciamento é visual, na medida em
que o continente está lá, separado por milhas de água. O distanciamento também
é auditivo, na medida em que a algaravia da cidade grande é silenciada pelo
marulho das ondas. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Os dois sentidos acima, todavia, não determinam o
que a insularidade oferece de melhor: a tranquilidade (estado isento de
agitações, inquietações ou perturbações).<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">A literatura criou ilhas, para que o homem pudesse
se aventurar utopicamente. Em sua criação, ela imitou a realidade, a seguir os
passos de Safo, a poetisa grega que compunha para lira na ilha de Lesbos. A
pintura se isolou no Taiti com Paul Gaugin, para se libertar da França
civilizada. A ciência fez sua maior descoberta nas ilhas de Galápagos com
Charles Darwin, longe do glamour da Inglaterra vitoriana.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">A Ilha do Mel poderá se transformar em literatura,
em poesia. Antes que isso aconteça, ela é real, lugar onde é possível um modo
de existência simples.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: -14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-58260206979987220862021-04-14T16:58:00.001-04:002021-04-14T16:58:18.117-04:00AMOR EM TEMPOS DIFÍCEIS<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span> </span><span> </span>O amor em
tempos difíceis continua a conjunção de astros, o ramalhete de flores, o
amálgama de metais raros, a combinação de doces saborosíssimos, enfim, a soma
de muitos sentimentos, qualidades ou atitudes que o constituem desde muito. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ao
dizer “flor”, por exemplo, o poeta diz <i>cherry blossom</i>, cravo, gérbera,
rosa, violeta... Esses nomes são hipônimos de flor, o hiperônimo. Ao dizer
amor, o poeta diz cumplicidade, eroticidade, fidelidade, gentileza,
reciprocidade... Essas flores compõem o grande ramalhete, cuja beleza e perfume
excedem qualquer limitação temporal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A
rosa que se quebra ou murcha compromete o ramalhete por inteiro. As outras
flores são insuficientes para mantê-lo belo e fragrante. A fidelidade que se
nega ao outro, ao ser amado, impossibilita o amor por inteiro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Aquele
que ama verdadeiramente sabe o significado e a relevância de cada flor, de cada
sentimento, qualidade ou atitude para o todo. O bom jardineiro não desiste de
suas flores, simplesmente porque o tempo não é favorável a elas. O amante pega
atalhos, quando a reta do tempo linear se entorta, ou quando o tempo circular
vira rotina viciosa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
amor é a possibilidade de saltar para fora do tempo, seja este difícil ou não, sombrio
(segundo uma denominação de Hannah Arendt) ou não, ao viver o instante – e sua
eternidade. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 63.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-44640162716752606522021-04-14T16:56:00.000-04:002021-04-14T16:56:00.052-04:00EMPREENDEDORISMO<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #002060; font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span> </span><span> </span>O
termo “empreendedorismo” significa, stricto sensu, o processo de iniciativa
empresarial nos diversos setores da economia. Num mundo dominado pela técnica e
pelo mercado, faz muito sentido a figura do empreendedor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #002060; font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O problema não é a definição do que
seja empreendedor, empreendedorismo (conhecimento generalizado), todavia, as
dificuldades que se interpõem entre o projeto empreendido e a sua realização
concreta. Isso é expresso na proposta de Cléber Prigol.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #002060; font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ante a constatação empírica dos óbices
por ele enfrentados, meu interlocutor queixa-se da quase impossibilidade de
empreender no Brasil. Não encontro palavras para minimizar seu desencanto, pelo
contrário, tenho a dizer-lhe coisas pouco agradáveis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #002060; font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Todo empreendimento, com algumas
exceções, como no agronegócio e na construção civil, sofre absurdamente com a
pandemia – fator que ultrapassa os entraves criados por uma política econômica
incerta. Tais entraves preexistiam à COVID, determinados por uma crise não
reconhecida, malgrado de espectro global. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #002060; font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ao contrário do agro e da construção
(com financiamentos retornáveis), setores, como transporte e hotelaria, ficaram
reféns do problema sanitário. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #002060; font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nosso país é incomparavelmente menor
que os Estados Unidos. Não possuímos lastro para injetar trilhões na economia.
Como recuperá-la se ainda persiste a causa maior que provoca sua queda
inexorável?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #002060; font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O empreendedor necessita destinar sua
vontade mais resiliente num novo projeto. Para elaborá-lo, ele terá tempo de
sobra (numa perspectiva, ora animadora, ora pessimista). <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1103869723716928925.post-41886081925315190802021-04-14T16:44:00.001-04:002021-04-14T16:44:10.832-04:00SOBRE A MORTE<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Alana me sugere o tema mais perturbador
entre os demais: a morte. A jovem me diz que tem refletido muito nos últimos
dias, ante a perda de pessoa próxima para a pandemia. Nunca estamos preparados
para “algo que é natural”, no entendimento correto da minha colega de
filosofia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Três aspectos em relação à morte exigem
uma distinção: a morte como experiência de cada um com seu ente querido; a
morte como horizonte inexorável, fonte de angústia profunda; e, por último, a
morte como catástrofe física e psicológica. A angústia, cujo âmbito é a
consciência, regride para o instintual, que Freud chamou de <i>Thanatos</i>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sobre o primeiro aspecto, a perda do
pai, da mãe, do irmão ou do filho não encontra consolo nas palavras, tampouco é
mitigada pela crença em uma vida-além. Quem está de fora não consegue empatizar
com o outro, que se encontra preso ao círculo de sofrimento. Em tempo de
pandemia, esse círculo ocorre com uma frequência nunca vivenciada anteriormente
– o que poderá diminuir seu conteúdo de dor. Ademais, a vida continua com seus
desejos, suas vontades, suas razões.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O segundo aspecto está relacionado à
condição do ser único que sabe de sua finitude: o homem. A morte pertence a sua
existência, tem um sentido para ele (na contramão de tudo mais), que é
autopreservação, autorrealização, <i>Eros</i>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A terceira consideração me remete à
morte como um espectro antes de sua aparição. A morte ainda não chegou, malgrado
o prazo a todos, a exemplo do protagonista do filme <i>O sétimo selo</i> (de
Ingmar Bergman). Essa espera gera medo, pavor e doença, males que têm na fé e na
razão meros paliativos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Sitka Text"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>As três abordagens acima não esgotam o
tema, uma análise demorada exigida pelo tema. Resumo-as pelo viés da relação
social (afetiva), da consciência existencial e da patologia. Assim mesmo,
espero ter tocado em alguns pontos axiais desse assunto delicado e (repito)
perturbador. <o:p></o:p></span></p>FROILAM DE OLIVEIRAhttp://www.blogger.com/profile/01537485251623482301noreply@blogger.com0