O senso comum pergunta com
frequência, a denunciar a própria ignorância, qual a finalidade da filosofia. Toda
resposta me parece perda de tempo, ainda que filósofos o fizessem desde Pitágoras.
Por que “perda de tempo”? Cito apenas dois motivos: ou as pessoas que perguntam
têm memória fraca, ou falta-lhes o interesse efetivo.
Não bastasse as funções atribuídas à filosofia até o
presente, funções exigidas na própria definição do termo, desenvolvi o
argumento seguinte: o conhecimento de seres, coisas e fenômenos evoluiu para
áreas cada vez mais isoladas umas das outras. Ciências muito próximas em suas
origens, hoje não apresentam uma relação evidente entre si. Cabe à filosofia a
tarefa de relacionar conhecimentos estanques, a partir de um mapa conceitual
centralizado na vida.
A despeito de se assemelhar ao paradigma da complexidade
de Edgar Morin, a ideia acima me ocorreu antes de ler esse pensador francês. Coerente
com esse pensamento, debruço-me sobre os livros de biologia evolutiva, física
teórica, astronomia, psicologia, história, linguística, sociologia, arte (literatura)
e filosofia desde os anos oitenta. Os livros fundamentam o discurso teórica; a realidade,
constituída por seres, coisas e fenômenos, fundamenta a pesquisa de campo.
Clément Rosset escreve em Lógica do pior (1989): “Se há uma tarefa específica da filosofia – e isso independentemente de seus interesses fundamentais, que, mais uma vez, são inteiramente outros –, esta seria a de curar o homem de sua loucura”. Em minha percepção, o homem necessita libertar-se da ignorância.
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