segunda-feira, 26 de julho de 2021

FILOSOFIA, PARA QUÊ?

          O senso comum pergunta com frequência, a denunciar a própria ignorância, qual a finalidade da filosofia. Toda resposta me parece perda de tempo, ainda que filósofos o fizessem desde Pitágoras. Por que “perda de tempo”? Cito apenas dois motivos: ou as pessoas que perguntam têm memória fraca, ou falta-lhes o interesse efetivo.

            Não bastasse as funções atribuídas à filosofia até o presente, funções exigidas na própria definição do termo, desenvolvi o argumento seguinte: o conhecimento de seres, coisas e fenômenos evoluiu para áreas cada vez mais isoladas umas das outras. Ciências muito próximas em suas origens, hoje não apresentam uma relação evidente entre si. Cabe à filosofia a tarefa de relacionar conhecimentos estanques, a partir de um mapa conceitual centralizado na vida.

            A despeito de se assemelhar ao paradigma da complexidade de Edgar Morin, a ideia acima me ocorreu antes de ler esse pensador francês. Coerente com esse pensamento, debruço-me sobre os livros de biologia evolutiva, física teórica, astronomia, psicologia, história, linguística, sociologia, arte (literatura) e filosofia desde os anos oitenta. Os livros fundamentam o discurso teórica; a realidade, constituída por seres, coisas e fenômenos, fundamenta a pesquisa de campo.

            Clément Rosset escreve em Lógica do pior (1989): “Se há uma tarefa específica da filosofia – e isso independentemente de seus interesses fundamentais, que, mais uma vez, são inteiramente outros –, esta seria a de curar o homem de sua loucura”. Em minha percepção, o homem necessita libertar-se da ignorância. 

Nenhum comentário: