segunda-feira, 19 de agosto de 2019

FOGO PARA ILUMINAR


       O fogo foi descoberto por uma espécie anterior ao homo sapiens. Provavelmente, a nossa espécie foi obrigada a fazer a mesma descoberta em algum momento de sua evolução, para a própria sobrevivência. Numa ordem apenas imaginada para as funções múltiplas desse elemento natural, a de iluminar o ambiente se coloca em primeiro grau de importância.
         Ontem, ao visitar o museu da Colônia Witmarsum, no município de Palmeira (PR), chamou-me a atenção os tipos de lamparinas, lampiões e lanternas reunidos sobre um mesmo móvel. Os modelos vários aumentavam em simpleza e rusticidade assim que recuavam no tempo, talvez um século, um milênio talvez. Todos foram de uso cotidiano em épocas pretéritas, desde muito antes da eletricidade.
         A coleção me fez lembrar o candeeiro que fazíamos no Rincão dos Machado, cuja simplicidade era tanta que já caiu no esquecimento de seus usuários idosos. A luminária consistia numa mecha de pano retorcido, geralmente o resto de lençol de algodão, uma vasilha de lata ou alouçada (um prato inservível) e banha como combustível. Seu uso ocorria nas horas de escassez extrema, quando o querosene era produto de luxo.
         A Colônia Witmarsum, todavia, não conheceu o candeeiro rústico do rincão, ou seus moradores antigos não acharam conveniente transformá-lo em peça de museu.
         O advento da eletricidade decretou o fim de todas as luminárias, que diminuíam a escuridão de noites remotas em círculos concêntricos cada vez mais amplos – à medida que um modelo melhor era desenvolvido para conter e controlar o fogo.

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