sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

PROPENSÃO À DESORDEM


        A pergunta “a cidade é um sistema aberto ou fechado?” não saiu da minha cabeça durante a estada de três dias em Porto Alegre. Não tive tempo para colocar a questão no papel, só o fazendo dentro do avião (já a taxiar no Salgado Filho para a decolagem).
          Antes de pensar uma resposta, faço o registro de uma relação que me credencia ao desideratum. Por dois anos (1981-1982), residi em Porto Alegre e, depois de ir embora, sempre a visitei ao longo destas três décadas e muito. Sempre dotado de um olhar atento para as mudanças ocorridas na capital gaúcha, em todos os aspectos observáveis.
        Minha ideia é descrever a cidade (não unicamente Porto Alegre) em termos aplicados a um sistema termodinâmico pela física. Não obstante a complexidade de um sistema urbano, o qual não se encontra isolado absolutamente, importo o conceito de entropia por sua adequação ao tema.  
      Como noutras metrópoles, em Porto Alegre é flagrante a variação entrópica, isto é, a desorganização crescente de sua estrutura material e espiritual.
             Independentemente do esforço de seus agentes internos, no sentido de retomar a ordem, as perspectivas se abrem para o lado oposto, para o caos. A revitalização da orla do rio Guaíba é pouco para compensar a ruinaria do Parque da Redenção. O número de veículos automotores e a condição das vias denunciam a entropia no trânsito. O crime organizado em torno do tráfico e comércio da droga e o aumento exponencial da violência são variáveis causadoras da desordem social.
        A droga trazida de fora atende a uma demanda interna, todavia. Outros casos poderiam ser citados aqui, que fazem da(s) cidade(s) um sistema fechado, propenso à desorganização inevitável.

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