sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

O RINCÃO SEM RIVOTRIL



    O rincão é onde se verifica a menor incidência de ansiedade, um transtorno crescente na saúde das pessoas que vivem nas grandes cidades.
    Não me fundamento em estudo que inclua esse lugar, o que compromete a cientificidade da proposição acima; todavia, nem toda forma de saber necessita da verificabilidade empírica.
    Uma leitura de pesquisas realizadas em centros populacionais me permite subentender aspectos que são visíveis para um observador atento.
    A partir da constatação de um estudioso da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, há “forte associação entre vida urbana e circuitos neurais ligados à ansiedade”, concluo que a vida rural não desencadeia esse distúrbio. Salvo raríssimas exceções.
    No rincão, a única preocupação de seus moradores diz respeito ao tempo desfavorável para o plantio, desenvolvimento e colheita da lavoura. A seca ou o excesso de chuva sempre foram motivos para mais uma ruga na testa e menos uma hora de sono.
    As maiores aflições sofridas pelos citadinos, encimadas pelo medo à violência, são quase inexistentes no âmbito rural. O desamparo familiar (pelo distanciamento) também não constitui problema no interior. Lá o indivíduo nasce e cresce numa família estruturada, com avós, pais, tios e irmãos presentes, ou muitos próximos.
    Não obstante as ausências (temporárias ou definitivas), o rincão continua sendo o lugar mais seguro. Feliz aquele que dispõe desse recanto telúrico, todo seu, mesmo que resida na cidade.   

Nenhum comentário: