segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

UMA UTOPIA TITÂNICA



     O cinema também pega carona no declive de outras culturas artísticas, não obstante o avanço tecnológico que tem propiciado saltos de qualidade à indústria cinematográfica neste primeiro século de existência.
       Sem me importar com tal avaliação (depois de um dia de muita leitura), resolvi ver um filme da Netflix antes da meia-noite. O escolhido foi The Titan, ficção científica lançado em março de 2018.
       A ideia de buscar no espaço um novo habitat para o homem, em vias de ser extinto, constitui um mote desafiador para algumas reflexões interessantes. Apenas por esse aspecto, não lamento o tempo perdido à frente da televisão. O filme é péssimo.
       Entre as maiores utopias já representadas pela imaginação humana, a colonização de outro planeta (ou satélite, no caso de Titã) significa duas coisas: antropocentrismo, o homem sempre a se colocar no centro do Universo, e a depreciação do nosso planeta, este “ponto azul” extraordinário.
       A vida terrena precede o homo sapiens em aproximadamente 3,8 bilhões de anos. Ela não o sucederá por um tempo equivalente, na medida em que os fatores de destruição criados pelo homem são irreversíveis.
       A razão esclarecida necessita se impor às utopias, aos sonhos e devaneios. Todos os esforços para procurar fora a própria salvação, tema do roteiro encenado por The Titan, devem ser redirecionados para a preservação vital da Terra (enquanto essa empresa é possível).

(Meus interlocutores, pensem na depreciação que fez Platão, o cristianismo e toda metafísica a este mundo, o único e melhor dos mundos possíveis, a depreciá-lo filosófica e religiosamente.)

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