segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

COMO FAZER O BEM


       Um modo fácil de fazer o bem, que não está nos livros ou no sistema de busca do Google, consiste em lembrar, falar ou escrever sobre as coisas boas a mim propiciadas pelo outro, ou melhor, lembrar, falar ou escrever coisas boas sobre o outro.
       Quem é o outro?
       Toda pessoa que comigo se relaciona hoje ou que se relacionou preteritamente: parentes, amigos, colegas e, mais e(a)fetivamente, esposa, companheira ou namorada.
       Os relacionamentos presentes, via de regra, mantêm-se graças a um conjunto de razões e sentimentos que justifica minhas escolhas e as escolhas do outro (conforme o grau evolutivo da minha personalidade, que se estende do individualismo radical, ou solipsismo, à alteridade, ou a que Edith Stein chamou de “empatia iterada”).
       Em atinência aos relacionamentos passados (por motivos de separação simples ou de morte do outro), devo recordá-los pelos aspectos positivos, que me fizeram mais felizes, e evitar a tentação de recorrer à maledicência. A propósito, a morte sempre expurga esse mal.
       Até há pouco tempo, os erros do outro eram necessários para encobrir os meus erros. O autoconhecimento, todavia, faz-me evoluir a ponto de não mais pensar, falar ou escrever algo para depreciar o outro, bem como condenar a mim por uma culpa qualquer.
       Algumas vezes, por discrição, não posso bendizer o que passou (tampouco maldizê-lo) com ou sem a intenção de atingir o presente.
       Em síntese, a decisão consciente de pensar, falar ou escrever bem sobre o outro se internaliza e modifica minhas pulsões e desejos inconscientes.

P.S.: O texto acima constitui, por excelência, a forma que escolhi para fazer o bem.  

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