terça-feira, 23 de maio de 2017

O RICO, O POBRE E O QUE RI

         A riqueza material transforma o homem num ser quase inatingível para a massa. Os olhos (mais importante órgão da percepção sensorial) do homem rico veem num plano acima dos olhos do pobre.
         Para onde e o que olha o rico? Ele olha para o horizonte mais distante, sobre o qual brilha o sol do liberalismo. Abaixo de sua visão, o outro não passa de uma silhueta pouco identificável.
         Para onde e o que olha o pobre? Ele olha para cima, à procura do olhar do outro (entre a soberba e a indiferença).
         O que é risível no rico? Sua incapacidade de esconder os vícios de caráter, comuns à massa a que ele pertencia antes (menos evoluída econômica e culturalmente).  
         O que é risível no pobre? Seu anseio patológico de parecer rico, a ostentar objetos e comportamentos que identificam o outro.
         Quem pode rir do rico e do pobre, sem denunciar a hipocrisia (do tipo “uvas verdes”) ou o complexo de vira-lata?
         Alguém que superou os valores mais caros da sociedade de consumo, que compreendeu a diferença entre ter e ser, que possui coisas indispensáveis para viver (pobre na aparência), que continua a buscar os bens imateriais propiciados pela sabedoria (rico na essência), que transita entre pobre e rico com igual naturalidade, que pode parecer um tanto presumido...
         Seu riso, todavia, faz-se acompanhar de empatia, vista raramente pelo homem condicionado ao âmbito do ter, pobre ou rico.  

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