A riqueza material transforma o homem
num ser quase inatingível para a massa. Os olhos (mais importante órgão da
percepção sensorial) do homem rico veem num plano acima dos olhos do pobre.
Para onde e o que olha o rico? Ele olha
para o horizonte mais distante, sobre o qual brilha o sol do liberalismo.
Abaixo de sua visão, o outro não passa de uma silhueta pouco identificável.
Para onde e o que olha o pobre? Ele
olha para cima, à procura do olhar do outro (entre a soberba e a indiferença).
O que é risível no rico? Sua
incapacidade de esconder os vícios de caráter, comuns à massa a que ele
pertencia antes (menos evoluída econômica e culturalmente).
O que é risível no pobre? Seu anseio
patológico de parecer rico, a ostentar objetos e comportamentos que identificam
o outro.
Quem pode rir do rico e do pobre, sem
denunciar a hipocrisia (do tipo “uvas verdes”) ou o complexo de vira-lata?
Alguém que superou os valores mais
caros da sociedade de consumo, que compreendeu a diferença entre ter e ser, que
possui coisas indispensáveis para viver (pobre na aparência), que continua a
buscar os bens imateriais propiciados pela sabedoria (rico na essência), que
transita entre pobre e rico com igual naturalidade, que pode parecer um tanto
presumido...
Seu riso, todavia, faz-se acompanhar de
empatia, vista raramente pelo homem condicionado ao âmbito do ter, pobre ou
rico.
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