domingo, 17 de julho de 2016

LEITURA E CONHECIMENTO

Ainda um menino não alfabetizado, ouvia os adultos exaltarem a importância da leitura. Minha mãe foi a primeira pessoa a me ensinar sobre o conhecimento contido nos livros. Para sua surpresa e surpresa da minha professora do primário, logo me transformei num leitor incansável. 
Aos catorze anos de idade, num colégio da cidade com mais ou menos mil alunos, eu era dos poucos a frequentar a biblioteca diariamente. Minha leitura preferida era a enciclopédia - inventário do conhecimento já sistematizado pelo homem.
Aos cinquenta e sete, continuo a ler com o mesmo objetivo (e intensidade). 
Ao longo desses anos todos, continuei a ouvir sobre quão indispensável é a leitura, de quão indispensáveis são os livros. Desde muito, todavia, percebi que o mundo à minha volta (a realidade viva) me exigia uma reflexão diuturna.
Em muitos aspectos, mesmo como sujeito observador, eu também constituía a miríade de objetos a ser compreendida. Dessa forma, o próprio conhecimento passou à função de uma ferramenta, de um meio (e não de um fim em si mesmo). 
Nos últimos anos, minha paixão pelo saber corre atrás de um discurso que seja coerente, verdadeira - na medida em que não há outro jeito de melhor chamar a atenção do meu interlocutor.
Agora ouço pessoas defenderam suas crenças e relativismos com argumentos que não se sustentam logicamente. Suas opiniões são expressas com certo desdém pela verdade, malgrado queiram apossar-se de seu estatuto.
Elas não sabem.

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