terça-feira, 12 de abril de 2016

JUSTIÇA OU NÃO?

Neste momento em que os brasileiros estamos divididos (bem representados, neste aspecto, pelos deputados federais), proponho a seguinte reflexão, como uma tentativa de transcender nossa cegueira política: 
Na esteira da Comissão que votou ontem sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a sociedade brasileira se divide entre os que querem "apear" a chefe do Executivo e aqueles que a querem manter no poder.
A votação na Câmara dos Deputados não será diferente, com uma parcela de raivosos querendo o impedimento e outra não menos raivosa querendo manter a presidente. 
Como apelar para a razão neste momento?
As paixões dominam a política no Brasil em todos os âmbitos. Dessa forma, como acusar a razão dos fracassos humanos?
As leis eram para representar a nossa quota de racionalidade, mas elas não são tão objetivas, prestando-se a interpretações divergentes. Essa dubiedade suscitada pelas leis não pode haver. Por isso o placar no STF, não raro, fica no 6 a 5 e não 11 a 0. 
O processo de impeachment seguirá seu curso político (mais que jurídico). Como será feita justiça? Acima de dois terços da Câmara, que votarão pelo sim, dirão que a justiça foi feita. Abaixo de um terço, que votará pelo não, dirão que não houve justiça (como já se adianta José Eduardo Cardozo, AGU). Em contrapartida, abaixo de dois terços da Câmara dirão que não houve justiça, por que acima de um terço votou contrário ao processo de impeachment. 
A justiça não pode se dividir dessa forma. Salomão jamais cortaria a criança ao meio. Qualquer que seja o resultado, a sociedade continuará dividida. 
O Estado nasceu da vontade geral.
A nossa Constituição parece aumentar a contenda ao invés de resolvê-la.  

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