A janela de vidro (grande e
transparente) me permite ver um terço do céu azul, como um componente de leveza
sobre a paisagem urbana.
Numa
cadeira de praia, reinicio a leitura de A
origem das espécies, de Charles Darwin. Na Introdução, o gênio já se
expressa de uma forma desmitificadora: “As espécies não foram criadas independentemente,
mas que descenderam, assim como todas as variedades, de outras espécies”.
De antemão, sei que o livro explicará
como essa descendência foi (e é) possível, de encontro ao pensamento dos
naturalistas vitorianos mais proeminentes.
Imerso
na leitura, sou surpreendido pelo toque do sino da Matriz, a menos de cem
metros do edifício Dom Manuel (onde resido). Na sequência, ouço um canto
religioso, em cujo ritornelo se destaca a palavra “cruz”.
Hoje é o dia da Nossa Senhora da
Conceição, padroeira de Santiago. Por que não o santo que empresta seu nome à
denominação do município? A força do paradigma cristão justifica essa afluência
de ídolos – nunca suficiente para a demanda da fé.
A maioria dos santiaguenses é católica
e, neste dia especial, reúnem-se para sair em procissão, rezando e cantando ao
longo das ruas principais da cidade. Essas vozes destoam completamente da
harmonia que se improvisava no meio da manhã.
Ato contínuo, faço do ensimesmamento o leitmotiv para esta crônica. Não há
janela em frente à mesa onde escrevo, mas uma porta se abre para outro
paradigma.
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