terça-feira, 10 de novembro de 2015

VERDADE E BELEZA

       Dois princípios expressos pela lógica enfeixam verdade e beleza, que a arte conceitual não consegue fazer. O primeiro é o da não contradição: a proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo. O segundo é o do terceiro excluído: toda proposição ou é verdadeira ou é falsa, isto é, verifica-se um destes casos e nunca um terceiro.
         Pari passu com a teoria do conhecimento, a lógica exclui a metafísica, a qual gera proposições (sentenças, enunciados) não obedecendo aos princípios acima, denominadas de pseudossentenças por Rudolf Carnap.
         Verdade e beleza, todavia, não servem como fundamento de uma moral para a vida. Esta se deixa influenciar pela contradição ou pelo sem sentido dos termos do discurso.
 Mateus 6, 24 preceitua: “Ninguém pode servir a dois senhores… a deus e às riquezas materiais”. (Nessa sentença, “deus” tem um sentido metafórico, representando os mais altos valores espirituais, como o altruísmo, a caridade, o desapego às riquezas materiais.)
  Na realidade, observa-se que o cristão diz amar a deus, mas corre atrás do dinheiro. Sua fé elimina a partícula “ou” do princípio da não contradição, substituindo-a pelo “e”. Sua prática, seja mística ou seja mundana, deixa de ser contraditória e, ao mesmo tempo, resolve o problema da má consciência. Os pastores evangélicos (que enriquecem com a contribuição dos fiéis) são a personificação viva dessa moral sem princípios.
A política, por seus atores principais, constitui outro âmbito em que prevalece a contradição e o terceiro incluído (quando o terceiro se trata de empresários fornecedores de propina).  

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