Dois princípios expressos pela lógica
enfeixam verdade e beleza, que a arte conceitual não consegue fazer. O primeiro é o da não
contradição: a proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo. O
segundo é o do terceiro excluído: toda
proposição ou é verdadeira ou é falsa, isto é, verifica-se um destes casos e
nunca um terceiro.
Pari passu com a teoria do
conhecimento, a lógica exclui a metafísica, a qual gera proposições (sentenças,
enunciados) não obedecendo aos princípios acima, denominadas de
pseudossentenças por Rudolf Carnap.
Verdade e beleza, todavia, não servem
como fundamento de uma moral para a vida. Esta se deixa influenciar pela
contradição ou pelo sem sentido dos termos do discurso.
Mateus 6, 24 preceitua: “Ninguém pode
servir a dois senhores… a deus e às riquezas materiais”. (Nessa sentença, “deus”
tem um sentido metafórico, representando os mais altos valores espirituais,
como o altruísmo, a caridade, o desapego às riquezas materiais.)
Na realidade, observa-se que o cristão
diz amar a deus, mas corre atrás do dinheiro. Sua fé elimina a partícula “ou”
do princípio da não contradição, substituindo-a pelo “e”. Sua prática, seja
mística ou seja mundana, deixa de ser contraditória e, ao mesmo tempo, resolve
o problema da má consciência. Os pastores evangélicos (que enriquecem com a
contribuição dos fiéis) são a personificação viva dessa moral sem princípios.
A política, por seus atores principais,
constitui outro âmbito em que prevalece a contradição e o terceiro incluído
(quando o terceiro se trata de empresários fornecedores de propina).
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