O Facebook é um imenso diário, onde são
registrados diversos eventos, numa gama que vai do mais particular ao mais
universal. Nesse aspecto, o site tomou do Blog e do Orkut os mesmos gêneros
textuais.
Um dos motivos recorrentes no Face é a
documentação de um novo costume de seus usuários: as viagens.
A melhora econômica do país, a partir da
estabilidade do nosso dinheiro e de um contexto internacional favorável,
propiciou a expansão de horizontes geofísicos a muitos brasileiros. Em menos
de uma década, Portos de Galinhas, Genipabu ou Jericoacoara ficaram mais
acessíveis; Machu Pichu passou a figurar mais vezes nos álbuns digitais; a
Torre Eiffel virou figurinha batida…
Quem não gosta de viajar, ou é doente, ou tem
medo de avião (meu caso). A viagem se transformou num bem de consumo. Cedo ou
tarde, o mercado o exigiria como item necessário para uma vida feliz. Não
demorou.
O pensador não concorda é com essa
necessidade. O maior filósofo dos tempos modernos, Kant, nunca saiu de sua
Konigsberg, na Alemanha. Azar o dele. Na pós-modernidade, as pessoas são
felizes (sem pensar duas vezes) e viajam muito, basta o aval de suas economias.
Nada há de errado nesse novo costume,
exaustivamente comentado nas redes sociais. O usuário, todavia, não consegue
disfarçar seu umbiguismo, seu exibicionismo, sua falta de alteridade,
independentemente dos lugares mais incríveis e mais distantes que possa
visitar. Qual é a primeira coisa (senão a única) que ele providencia ao chegar
lá? Faz um selfie, com a sua figura em primeiríssimo plano tomando conta da
paisagem, ou das demais pessoas.
O facebookiano exclui o outro no diário
digital mantém na rede, espaço exclusivo para a superestimação de si mesmo.
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