A
página do Zero Hora, Almanaque Gaúcho, publica hoje o poema abaixo, cuja autoria é de S.P.F.:
SEGURE MINHA MÃO
Segure minha mão
E andemos lado a lado
Enfrentaremos a
desunião
E o amor não será
acabado.
Segure minha mão
E na queda nos
ajudaremos
Segure-a com carinho
e paixão
Unidos então
estaremos.
Segure minha mão
Pois muito precisarei
Viveremos com
perfeição
E para sempre te
amarei.
Segure minha mão
E seguiremos uma rota
juntos
Seguiremos com afeição
Seguiremos em
conjunto.
Segure minha mão
E continuaremos
sempre juntinhos
Tu dentro do meu
coração
E eu dentro do teu
com carinho.
A partir da leitura dos primeiros
enunciados “segure minha mão / e andaremos lado a lado”, fica evidente que se
trata de um poema.
Numa imitação do criador bíblico,
ela viu que sua obra era boa, enviando-a ao ZH. Isenta-se de culpa. No jornal,
alguém recebeu o texto e o publicou na página supracitada. Este agente, em
contrapartida, assume a responsabilidade pela publicação.
Duas possibilidades conspiram em sua
defesa: primeira, não dispunha de outro poema para fechar a página; e não
conhece poesia o suficiente para distinguir o trigo do joio.
Não existe qualidade em “Segure
minha mão”.
Morfologicamente, o emprego abusivo
de verbos empobrece o texto, ao contrário dos substantivos. A primeira estrofe,
por exemplo, constitui uma verborragia, com a locução paupérrima no último
verso: “e o amor não será acabado”. Como o diálogo do eu-lírico é com a segunda
pessoa, o correto é “segura” (tu), e não “segure” (você).
Semanticamente, a opção pela negação
é infeliz, com “desunião” e “não será acabado”, contradizendo o caráter
afirmativo dos versos anteriores. Há incoerência flagrante na mescla de tempos
e modos verbais.
Poeticamente, o texto apresenta
imperfeições primárias. O ritmo é desastroso, sendo que os dois primeiros
versos têm seis sílabas, o terceiro tem nove, e o quarto, oito. As demais
estrofes, de maneira irregular, são compostas por versos de seis a dez sílabas.
As rimais são muito pobres, batidas, como mão
– desunião.
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