ARIANO SUASSUNA – DEFESA CONTRA
A TEORIA DA EVOLUÇÃO
Ariano Suassuna ganhou a mídia
tardiamente, de uma forma que caracteriza o espírito brasileiro: a humorística.
Filiada a esse espírito, sua literatura ficou a meio caminho da melhor produção
contemporânea.
No vídeo que roda no YouTube, contra a teoria
da evolução, ele arranca aplausos de uma plateia boquiaberta, incapaz de
perceber os disparates ditos para causar humor. Ato contínuo à informação de
que é dono de uma inteligência cética, diz-se católico.
Ao dizer-se católico, escarnece de Engels,
que era ateu, e de Darwin, o grande descobridor e estudioso do evolucionismo
(não mais uma teoria, mas um fato passível de provas).
Eis o primeiro parágrafo do artigo Sobre o papel do trabalho na transformação
do macaco em homem, escrito por Engels em 1876:
O
trabalho é a fonte de toda riqueza, afirmam os economistas. Assim é, com
efeito, ao lado da natureza, encarregada de fornecer os materiais que ele
converte em riqueza. O trabalho, porém, é muitíssimo mais do que isso. É a a
condição básica e fundamental de toda a vida humana. E em tal grau que, até
certo ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o próprio homem.
Em seguida, Engels cita Darwin (que publicara
A descendência do Homem cinco anos
antes). Nessa citação, o termo macaco é facilmente interpretado no sentido
metafórico, para representar nossos antepassados peludos antes que
desenvolvessem o bipedalismo. A nova posição ereta, todavia, não ocorreu num
salto, mas demorou mais de milhão de anos. É a ela que o pensador se refere
como “o passo decisivo para a transição do macaco ao homem”.
Em nome do rigor científico, macaco designa uma
espécie do gênero macaca, que se
apartou da superfamília hominoidea há
25 milhões de anos. Dessa superfamília, descenderia o gibão, o orangotango, o
gorila, o chimpanzé e o homem (todos sem cauda).
Suassuna, não aceitando tais verdades, duvida
que um macaco faça um simples prendedor de roupas em 500 milhões de anos.
Tampouco um chimpanzé o fará. O homem o fez, depois de trabalhar 4 milhões de
anos com mãos as livres. Inferir de um prendedor de roupa (ou da Nona Sinfonia
de Beethoven) que a inteligência do homem é de origem divina, todavia, é
ignorar todo o processo lento, gradual e cumulativo por que passa o homo sapiens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário