terça-feira, 27 de outubro de 2015

O MITO MARCIANO


O marciano, de tez verde e cabeça grande (por este detalhe, semelhante a Severino, de João Cabral de Melo Neto), constitui-se num dos primeiros mitos do século XX, em que o homem se lançou ao espaço.
No tempo das grandes navegações, a sanha mercantilista levou o homem europeu a acreditar no mito do Eldorado, uma cidade toda feita em ouro puro. Séculos mais tarde, com os voos espaciais (tripulados ou não), a nova obsessão foi procurar vida fora da Terra.
A ciência e a tecnologia envolvidas na exploração do espaço são seguidas de perto pela mitificação (num caminho paralelo, ora à frente, ora atrás da linha que demarca o deslocamento científico). 
A literatura e o cinema encarregaram-se de dar representação ao mito, que resiste mesmo depois de negada a existência de vida em Marte.
A descoberta de água nesse planeta volta a energizar o processo mitificador, agora com o vetor invertido. A perspectiva refletiu em seu ponto de fuga, transformando-se em retrospectiva. Os mitólogos intentam dar à sua arte estatuto de ciência, discursando sobre possível vida marciana no passado. No fundo, querem ressuscitar as criaturas verdes, criadas por Edgar Rice Burroghs em 1911.


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