sexta-feira, 31 de outubro de 2014

PALAVRAS DE FOGO


Eis a capa do meu próximo livro, Palavras de fogo, que será lançado na 16ª Feira do Livro de Santiago, dia 7 de novembro de 2014, às 20h30min. Desde já o leitor deste blog está convidado a visitar a nossa feira, que mais uma vez ocorrerá na Estação do Conhecimento. 
O livro é a consolidação dos melhores textos que produzi em mil dias, desde O fogo das palavras. O trocadilho dos títulos se justifica pela significação da metáfora ígnea, o fogo: brilho, inspiração criadora e paixão (no sentido laico do termo). O brilho pode ser visto no estilo (que estou descobrindo agora); a inspiração criadora equivale ao insight, ideia que se textualiza com beleza e originalidade; e paixão, denominada por Nietzsche de "instinto de conhecimento", pode ser contemplada no discurso.
Cada uma das cinco partes é identificada com o número ordinal correspondente e traz (como epígrafe) um excerto, que identifica a temática principal do capítulo: educação, filosofia, ecologia, leitura e trânsito. 
Claro que disserto sobre outros assuntos: agressividade, arte, astronomia, consumismo, economia, evolucionismo, justiça, política, relacionamento, televisão... Esse ecletismo, todavia, não corresponde a um excesso de cultura. Absolutamente. Em algumas áreas do conhecimento, sou apenas um principiante, entusiasmado com seus fundamentos gerais. 
Em relação à Astronomia, por exemplo, lamento a falta de instrumento óptico e de uma melhor compreensão da Matemática e da Física. Em síntese, escrevo sobre as estrelas, porque leio sobre elas - e leio sobre elas, porque gosto de contemplá-las (desde minha infância). Vistas da Terra, são centelhas instáveis de um fogo maior que constrói e desconstrói o Universo. 


quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O BRASIL DIVIDIDO

A democracia divide politicamente o Brasil: uma parte azul, constituída pelos estados sob e ao sul do Trópico de Capricórnio; uma parte vermelha, constituída pelos estados do Norte e Nordeste. Entre uma e outra, localizam-se algumas unidades neutras da Federação, que se investem da função de anular diferenças e antagonismos futuros.
Por trás desse feito (ainda inconcluso), desponta o Partido dos Trabalhadores, cuja orientação ideológica prende-se à ideia marxista, já tornada historicamente obsoleta, de que as sociedades se dividem em burgueses e proletários, classe média e classe de trabalhadores, "nós e eles". Por isso, o governo petista realinhou-se com países que foram, aspiram ser ou são socialistas: Rússia, China, Venezuela, Cuba...
Diferentemente das revoluções do século XX, quando alguns líderes recrutavam exércitos (entre os proletários), pegavam em armas e executavam seus compatriotas, o PT substituiu a violência e o confisco pela tributação alta e a transferência direta de renda. Com essa política socioeconômica, atinge o bolso da classe média (sem contrapartida) e beneficia a classe baixa (com exclusividade). A estratégia arrivista desse governo, exteriorizada como “programa social”, cujo feedback continua positivo (para a manutenção do poder), não foi ainda avaliada como uma forma de injustiça.
O desenvolvimento das famílias beneficiadas, o eixo mais falacioso do programa, pressupõe apenas a capacidade de consumo de cada uma delas, não a capacidade de produção. A propósito, uma das primeiras manifestações da presidente reeleita foi de sobre-exaltar a importância desse assistencialismo, em vista de promover o ingresso dos mais pobres à classe média. Há um exagero no discurso de Dilma Rousseff, por um lado, e uma inequívoca contradição, por outro. O BF está muito longe de propiciar à classe baixa o salto econômico mais repentino e extraordinário de nossa história. A classe média não poderia ser uma referência social, na medida em que ela é ideologicamente odiada pelos intelectuais (amantes de Cuba), do tipo Marilena Chauí.
A versão mais aproximada de proletariado no Brasil, o miserável, ao receber o abono-prole, permanece no estado de miserabilidade, não alcançando a condição de trabalhador em potencial. Sem essa condição, ele jamais chegará à classe média – por mais que queiram achatá-la os antiburgueses.
Com fundamentação no exposto acima, evidencia-se algo mais que exagero e contradição no discurso petista. Há intenções sub-reptícias, como estruturar uma base eleitoral e dividir a sociedade, ambas podem ser inferidas pelo resultado da última eleição.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

MEU ARTIGO NO ZH


Meu artigo publicado no Zero Hora, seção de artigos, dia 22 de outubro de 2014. 
O imperativo determina que o eleitor deve pensar muito bem antes de escolher um candidato. As opiniões são unânimes em superestimar a importância do eleitor nesta hora,  a importância do voto válido, quintessência da democracia e o escambau. 
Depois, com o desgoverno dos eleitos, diz-se que a culpa é do eleitor que não votou bem. A sociedade é culpada, como discursou um ex-presidente do Supremo Tribunal Eleitoral.
Os sujeitos desse discurso têm uma ótima oportunidade agora de apontar qual o candidato é o certo.
Desde 1994, os partidos que ora disputam a presidência já governaram o país. Se há algo errado com um e com outro, então a culpa não pode ter sido do eleitor. Se Dilma e Aécio, como mandatários, fizeram coisas erradas, muitas das quais denunciadas nos próprios debates, então, como conta uma história gauchesca, toque a carreta! Adianta pensar muito bem? Há outra opção que não seja as duas? 
Dessa forma, o eleitor é obrigado a votar errado, engambelado a achar que sua vontade é o suprassumo do processo democrático, versão laicizada do direito divino dos reis (como escrevi no artigo acima). 

sábado, 18 de outubro de 2014

NOVIDADE NA INOVE

O sábado não estava azul pela manhã, mas saí assim mesmo. Na Inove, vi algumas novidades, entre as quais, resolvi destacar O homem que amava os cachorros, do escritor cubano Leonardo Padura. 
Li esse romance entre junho e julho deste ano. Recomendo-o aos leitores.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

CRÔNICA SANTIAGUENSE

Duas adolescentes atravessam a rua Júlio de Castilhos (em frente ao QG), à meia tarde. dirigem-se à Praça Franklin Frota. Uma delas usa short curtíssimo, rosto quase oculto num Ray-Ban desproporcionalmente grande, cabelos longos... Perfil de modelo. A outra não chama a atenção.
Em seguida, retornam, atravessam a rua outra vez. A modelo tem os olhos presos no display do celular (com total desatenção ao trânsito). Dobram a esquina e descem a Rua Eudócio Pozzo, em direção à Estação do Conhecimento. 
Numa distância de uns 20 metros, aproximadamente, vem um rapaz, o mesmo que depredava automóvel no centro da cidade e que, noutra ocasião, foi preso com droga. Ele também atravessa a rua mexendo no celular, provavelmente fazendo uma ligação para seu comparsa (responsável por levar o "produto" à jovem consumidora).
Mais uma vez, pergunto ONDE ESTÃO OS PAIS. Cabe aqui uma outra pergunta: ONDE ESTÁ O ESTADO? 
Como estou atrasado nesses questionamentos!
Os pais não têm culpa, já perderam completamente a autoridade sobre os filhos. Moralmente, nossa sociedade descamba ladeira abaixo.
E o Estado?



quarta-feira, 15 de outubro de 2014

PORTA BRANCA

A porta entre a sala e a cozinha encontra-se fechada, uma porta branca. Muito estranho, uma vez que ela nunca fora fechada. Ato contínuo, chamo pela mulher que dorme no quarto, para indagar-lhe se fechou a porta à noite.
Sua resposta não diminuiria o mistério: a porta branca.
A impressão é de que meu chamado não sai da boca, por mais que faça um grande esforço.
Neste instante de aflição, desperto do sono (e do sonho).
Antes de dormir, começara a leitura de O espírito do ateísmo, de André Comte-Sponville. Ancorado nesse filósofo, ocorre-me o seguinte insight: o paraíso, se existisse, não poderia permitir à pessoa recém-chegada a mínima lembrança desta vida, a mínima consciência de sua individualidade, sob pena de transformar esse lugar numa prisão (com portas brancas), ao contrário de uma libertação.
Na hipótese de não haver essa lembrança, com a perda da individualidade, qual a relação que existiria entre a vida terrena e a vida eterna?
Num sentido inverso, a vida terrena não propicia a mínima lembrança de uma vida anterior, denegando a crença do espiritismo.
Os sonhadores, que creem em vidas aquém e além, sustentam que a vida real não passa de um sonho. O sonho, para eles, constitui a realidade. Nossos sentidos seriam “demônios” que nos enganam o tempo todo. Herança maldita de Platão.
Em coma, provavelmente não teria acordado de madrugada, e a porta branca do meu sonho ganharia em realidade.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

DALVA


A foto acima é de minha mãe, DALVA COLPO FIORENZA, aos 16 anos. Em 1953, ela era uma jovem muito bonita (de olhos indescritivelmente azuis).

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

MEUS FILÓSOFOS


Hoje me chegaram mais três livros dos filósofos que mais li no corrente anos: 
A Filosofia, de André Comte-Sponville;
O espírito do ateísmo, de André Comte-Sponville;
A sabedoria dos modernos, de André Comte-Sponville e Luc Ferry.
Essas obras vêm se juntar a
Valor e verdade, de André Comte-Sponville;
Pequeno tratado das grandes virtudes, de André Comte-Sponville;
O que é uma vida bem-sucedida, de Luc Ferry;
Aprender a viver, de Luc Ferry;
O homem-deus, de Luc Ferry;
Depois da religião, de Luc Ferry e Marcel Gauchet;
A tentação do Cristianismo, de Luc Ferry e Lucien Jerphagnon;
A nova ordem ecológica, de Luc Ferry.
O livro (a que pertence a capa acima ilustrada) tem 500 páginas e foi editado em Lisboa. 
As dez questões são:
- Como se pode ser materialista? Como se pode ser humanista?
- Neurobiologia e filosofia: existirão fundamentos naturais da ética?
- Humanitarismo e bioética: na direção da sacralização do humano?
- O dever e a salvação: da moral à ética;
- A busca do sentido: uma ilusão?
- Esperança ou desespero: Jesus e Buda;
- Existe uma beleza moderna?
- A sociedade mediática;
- O filósofo e o político;
- Entre ciências e culturas: para que serve a filosofia contemporânea?
Quantos interrogações? 
Filosofar é inquirir.

VATINHO E IRMÃOS


Vatinho (centro) e seus irmãos, João Carlos, Guilherme, Nélson, Paulo, Suzana e José Maria. Foto tirada na Festa do Passo da Cruz, dia 11 de outubro de 2014 (depois de um churrasco macio e saboroso). 
Essas festas são excelentes oportunidades para o reencontro entre parentes, amigos e conhecidos. 

terça-feira, 7 de outubro de 2014

SEGUNDO TURNO


Marina Silva deve apoiar Aécio, como a forma mais educada de rebater todas as mentiras elaboradas pelo PT para inviabilizar sua campanha à presidência. Os mesmos detratores arrivistas que destruíram a candidatura de Marina se voltarão agora contra Aécio, que sofrerá em dobro.   

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A LÓGICA DO PORTUGUÊS

A placa que indica o bairro Itu, em Santiago, tem um erro ortográfico: o "u" está grafado com acento agudo.
A regra diz que o "u" deve ser acentuado toda vez que:
- for tônico;
- vir precedido de vogal;
- formar sílaba sozinho ou seguido de "s".
Também é acentuado em palavras paroxítonas terminadas em l, n, r, x, ps, ã(s), ão(s), i(s), un(s), u(s) e ditongo, bem como em todas as palavras proparoxítonas.
Na palavra ITU, o "u" é tônico, mas não vem precedido de vogal e tampouco constitui sílaba sozinho. 
Em JAÚ, por exemplo, o "u" atende às três primeiras condições, fundamentais para levar o acento.
Sem o acento no "u" de JAÚ, a palavra poderia ser pronunciada com o "a" tônico, como em MAU, PAU... O hiato se transformaria em ditongo. 
Em ITU não há outra pronúncia. Na hipótese do "i" ser tônico, exigiria acento agudo (porque se trataria de uma paroxítona terminada em "u" não seguido de "s". 
Desafio: encontrar uma palavra paroxítona terminada em "u" (sem o "s"). 

PESQUISAS - O QUE HÁ DE ERRADO?

As principais pesquisas ATÉ ÀS VÉSPERAS das eleições colocavam Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves. Marina à frente de Aécio. 
Para governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, Ana Amélia e José Ivo Sartori. Ana Amélia à frente de Sartori.
Para Senador do Rio Grande do Sul, Olívio, Lasier Martins e Pedro Simon. Olívio sempre à frente dos demais.
ATÉ ÀS VÉSPERAS das eleições. 
À exceção de Dilma para presidente, os demais resultados das pesquisas extrapolaram a chamada "margem de erro". 
Qual a leitura que faço dos equívocos na realização das pesquisas, que podem apresentar duas causas: incompetência ou tendenciosidade? 
(Independentemente da causa, o resultado das pesquisas é sempre falacioso, pela generalização apressada. Noutras palavras, a pequena amostra entrevistada jamais representará o todo.)
Ao cotejar a colocação dos candidatos apontados pelas pesquisas e o resultado final das eleições, percebo que havia um objetivo oculto nas pesquisas, uma intenção de ludibriar o eleitor. 
Qual essa intenção?
Marina deveria ganhar de Aécio. Ana Amélia deveria ganhar de Sartori. Olívio deveria ganhar de Lasier. 
Quem seria o maior beneficiado com esses resultados hipotéticos?
Para mim, é óbvio: Dilma e Tarso porque estariam na frente e enfrentariam adversários mais fracos; Olívio porque estaria na frente. 
O caso de Tarso é mais evidente. 
Amanhã ou depois, as pesquisas (incompetentes ou tendenciosas?) dirão que Sartori e Tarso estão "tecnicamente empatados". Uma ova!



domingo, 5 de outubro de 2014

PESQUISAS

Hoje, às 15 horas, postei o seguinte pedido no Facebook: 
Após a apuração das eleições deste domingo, cotejar o resultado final com o que apontavam as pesquisas até ontem. 
Minha tese: as pesquisas não são válidas (para não dizer mentirosas). 

sábado, 4 de outubro de 2014

POLÍTICA E FILOSOFIA

Política e filosofia sempre estiveram mais ou menos juntas, sem alcançar o ideal de Platão, de que a cidade-estado (polis) deveria ser governada por um filósofo. Entre os melhores exemplos dessa aproximação, cito Roma com Marco Aurélio e A Revolução Francesa. 
Amanhã os gaúchos poderão votar num candidato formado em Filosofia e que já administrou uma de nossas cidades mais desenvolvidas: JOSÉ IVO SARTORI. Ele é distanciadamente o melhor candidato para ocupar o Piratini. 
  


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

TRÂNSITO (MAIS UMA VEZ)

Os acidentes de trânsito continuam a ocorrer nas ruas da pequena Santiago. Em razão do tamanho de nossa cidade (pequena, graças ao acaso), não se pode aceitar essa forma de violência - associada ao mau emprego de veículos automotores no ir e vir dos santiaguenses. 
Mais uma vez retorno à ideia de que o maior número de veículos  e a condição das vias não são os fatores que mais contribuem para o acidente. O argumento contrário é evasivo, tem o objetivo de aliviar a responsabilidade do sujeito da ação de dirigir. Na BR287, por exemplo, onde o número de veículos não é relevante, os pínus passam a ser culpados pelas mortes frequentes. 
Outro equívoco consiste em denominar de "tragédia" os acidentes graves. O objetivo oculto nas entrelinhas desse discurso também é de proteger o sujeito da ação de dirigir. A tragédia decorre do inevitável, que está além da capacidade de controle ou de domínio do homem. Os acidentes de trânsito poderiam ser evitados, portanto...
Dentro do perímetro urbano de Santiago, pergunto, há placa de regulamentação que permite velocidade acima dos 40 km/h. 


Não há. Inclusive na Alceu Carvalho, na Aparício Mariense, na Pinheiro Machado, na Osvaldo Aranha... 
Minha conscientização não tem a duração de uma semana. Há alguns anos venho pensando sobre o trânsito. A pergunta acima, modéstia à parte, vale por um estudo inteiro.