quinta-feira, 31 de julho de 2014

UM SONHO (QUASE REAL)


A síntese mais reduzida de A interpretação do sonhos, de Sigmund Freud, pode ser expressa na ideia de que "o sonho é a realização de um desejo".
A partir dessa "premissa", pergunto qual é o desejo metafísico do homem, aquele que o libertaria da finitude (com sua realização). Algumas das grandes religiões se originaram e se sustentam neste desejo: a vida depois da morte, a transcendência.
Isto posto, pergunto qual é a imagem (fantasiosa) que o homem tem do outro lado. EM nossa cultura ocidental, fortemente influenciada pela mítica cristã, o além consiste num lugar paradisíaco - onde não mais haveria sofrimento algum (inclusive o estimulado pela finitude).
Outro questionamento necessário: em estado terminal (mesmo em coma), o homem continua com a capacidade de sonhar? A única resposta é... sim.
A proximidade da morte, mesmo no âmbito psíquico, basta como estímulo de um sonho "libertador". A imagem feita do paraíso pela consciência não transfere seu conteúdo ao inconsciente na elaboração do sonho?
Em razão da fragilidade em que se encontra o sonhador (às vezes, entubado num CTI), as imagens produzidas por sua atividade onírica são, facilmente, fundidas às suas assemelhadas da vigília. Após sua recuperação, ele negará o sonho, com a certeza de ter conhecido o outro lado.

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