segunda-feira, 12 de maio de 2014

CONSUMISMO E APEGO

Em postagem anterior, escrevi sobre os sentimentos que nos impedem de viver o agora mais intensamente. Por exemplo, a saudade nos prende ao passado, e a esperança nos faz preocupados com o futuro. Nesta postagem, disserto sobre o consumismo e o apego. O primeiro caracteriza um modo de vida (aparentemente) circunscrito ao presente - tempo exclusivo em que podemos viver bem, "fruir e agir" (conforme uma expressão devida a Freud). O que há de errado com o consumismo? A despeito de estarmos até a medula inseridos numa sociedade consumista, como sujeitos da ação de consumir, somos testemunhas e juízes da unânime contradição dessa forma quase irracional de comportamento econômico. Isso é uma deslavada contradição. (O objetivo deste texto, em especial, é que meus leitores reconheçam que tal contradição é deslavada, sem vergonha.) Com o fim das grandes utopias (religiosas e políticas, principalmente), o homem ocidental se voltou para o presente com uma vontade incontrolável de ser feliz sem mais tardar, tomando o "consumo conspícuo" por felicidade. A importância dos bens materiais transferiu a afeição que tínhamos pelas pessoas às coisas. Pronto, assim se constitui o apego pós-moderno. Nunca me esqueço de um poema de Neimar de Barros, cujo título é Homo automobile. O texto capta a essência do processo de coisificação, considerando-se a relação homem - automóvel. Se a sanha por adquirir bens nos compromete com o futuro (pela dívida a pagar), o apego aos mesmos bens nos atrela ao passado. Esse duplo envolvimento é ruim para uma vida simples e feliz. 

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