sexta-feira, 24 de maio de 2013

SARTRE ESTAVA CERTO

Em seu Que é a literatura?, Jean-Paul Sartre escreve: “Ninguém é escritor por haver decidido dizer certas coisas, mas por haver decidido dizê-las de determinado modo”. 

Ao tomarmos essa sentença sartreana como escantilhão, reduzem-se a pouquíssimos os escritores santiaguenses da atualidade. Infelizmente, a maioria dos que juntam a chancela de escritor(a) ao seu nome encontra-se no espaço fora da medida. 
A publicação de um livro (com capa coloridíssima, ficha catalográfica, ISBN) não é suficiente para tornar alguém um escritor. As publicações num blog muito menos.
Antes de considerar a falta de um estilo propriamente, do modo de como dizer as coisas, outras incompetências são perceptíveis. A princípio, salta aos olhos a dificuldade no emprego correto da língua portuguesa, único instrumento para a produção do texto (em português). Os erros gramaticais, sobretudo os de sintaxe, ocorrem em profusão. 
Ainda no âmbito forma – logo evoluindo para o semântico – evidencia-se o parco domínio do léxico por quem já se considera um escritor. Na prosa e na poesia, a ocorrência de verbos (em suas formas nominais) indica uma pobreza substantiva. 
Antes de um estilo propriamente, é necessário que se tenha coisas para dizer. Com coerência no mínimo, que consiste na relação lógica, compreensível, entre os enunciados (intratextuais), entre os enunciados e outros apenas referenciados (intertextuais). 
Nesse aspecto, ninguém se torna escritor sem incluir os linguistas entre suas leituras obrigatórias. 
A propósito, com o volume de leitura que sabemos existente em Santiago, dificilmente testemunharemos a evolução do simplesmente dizer certas coisas para o dizê-las de determinado modo
Alguns rechaçarão o ponto de vista acima desenvolvido, inclusive com a tese de que Sartre está ultrapassado.

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