terça-feira, 30 de abril de 2013

ÉTICA - UM ESTUDO FANTÁSTICO

O comportamento moral constitui-se basicamente de dois elementos: CONSCIÊNCIA e LIBERDADE. 
Se entrares numa joalheria e, alguém colocar uma joia dentro de tua bolsa (ou bolso),  sem que tenhas conhecimento, poderás ser acusado de roubo, mas não o terás cometido. Não tinhas consciência do ato. Se um bandido sequestrar teu filho e exigir pela vida dele algo que tu deves roubar de onde trabalhas, falta a liberdade de escolha. O "roubo" que cometeres em qualquer situação não poderá caracterizar um comportamento moral. Não poderás ser condenado por qualquer um deles. Há injustiça na medida em que não podes provar tua inconsciência ou falta de liberdade. 
Se transitares por vias urbanas muito acima da velocidade máxima permitida, tens consciência e tens liberdade para assim conduzir teu automóvel. Deverás responder pelo teu comportamento (i)moral. 

segunda-feira, 29 de abril de 2013

SERIEDADE... SENSACIONALISMO

Todos, sem exceção, criticamos o sensacionalismo (mal que passa a caracterizar a informatividade no Brasil). Correto? Correto. Pois bem, essa regra prova o quanto somos destituídos de senso autocrítico. O fato de uma mulher ter cometido infanticídio (ainda não comprovado pela falta do corpo) está sendo explorado com uma seriedade quê.

MELHOR MÚSICA

Há muito considero o SBT como a melhor amostra da chinelagem da televisão brasileira. Ontem, o programa Troféu Imprensa, conduzido por Sílvio Santos, apresentou as três melhores músicas produzidas no Brasil: Camaro amarelo (ignoro o nome do artista), Esse cara sou eu (de Roberto Carlos) e (ignoro o nome da composição) da Banda Calypso.

domingo, 28 de abril de 2013

MARCONDES E FERRATER

O curso de Filosofia me obriga a aprofundar as leituras que vinha fazendo desde os anos oitenta e, nesse aprofundamento, incluir novos autores, entre os quais Danilo Marcondes e José Ferrater Mora. Marcondes é autor de Iniciação à História da Filosofia (dos Pré-Socráticos a Wittgenstein), que passou a ser um de meus livros de cabeceira. Ferrater é um filósofo espanhol, auto de Dicionário de Filosofia, o melhor dicionário segundo a dica de Olavo de Carvalho. 

sábado, 27 de abril de 2013

A CAVERNA

SÓCRATES - Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.
GLAUCO - Estou vendo.
SÓCRATES - Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que o transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.
GLAUCO - Um quadro estranho e estranhos prisioneiros. 
SÓCRATES - Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal situação, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e dos seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?
GLAUCO - Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?
SÓCRATES - E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?
GLAUCO - Sem dúvida.
SÓCRATES - Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?
GLAUCO - É bem possível.
SÓCRATES - E se a parede do fundo da prisão provocasse eco, sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?
GLAUCO - Sim, por Zeus!
SÓCRATES - Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados.
GLAUCO - Assim terá de ser.
SÓCRATES - Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se libertem um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
GLAUCO - Muito mais verdadeiras.
SÓCRATES - E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?
GLAUCO - Com toda a certeza.
SÓCRATES - E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?
GLAUCO - Não o conseguirá, pelo menos de início.
SÓCRATES - Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e a sua luz.
GLAUCO - Sem dúvida.
SÓCRATES - Por fim, suponho eu, será o Sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal como é.
GLAUCO - Necessariamente.
SÓCRATES - Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível  e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.
GLAUCO - É evidente que chegará a essa conclusão.
SÓCRATES - Ora, lembrando-se da sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que aí foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?
GLAUCO - Sim, com certeza, Sócrates.
SÓCRATES - E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples criado de charrua, a serviço de um pobre lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?
GLAUCO - Sou da tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.
SÓCRATES - Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?
GLAUCO - Por certo que sim.
SÓCRATES - E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que os seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se a alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?
GLAUCO - Sem nenhuma dúvida.
SÓCRATES - Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna, e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol.

CAVERNA HI-TECH

A TELEVISÃO E A INTERNET SÃO ALGEMAS E CORRENTES QUE PRENDEM O HOMEM DENTRO DE UMA CAVERNA HIGH TECH. 

Essa ideia não me ocorreu por acaso, num insight, mas foi o produto de uma semana de estudo e reflexão sobre o Mito da Caverna de Platão. 
A propósito, a dicotomia representada na alegoria da caverna é a da instrução versus ignorância. Isso é explicitado no começo do diálogo entre os personagens Sócrates e Glauco, Livro VII de A República. 

quinta-feira, 25 de abril de 2013

O QUE É O CONHECIMENTO?


O título acima pertence à Filosofia por duas razões: 1) é inquiritivo; e 2) transforma o conhecimento em objeto a ser conhecido.
O senso comum reponde: “Conhecimento é a soma de todos os saberes que o homem adquire através de sua experiência prática, do convívio social, dos ensinamentos dos antigos e de tudo o que possa observar durante sua vida”.
O cientista responde: “Conhecimento é o saber que o homem desenvolve acerca de um determinado aspecto da realidade, a fim de compreendê-lo e explicá-lo. É obtido através de raciocínios apurados e experiências rigorosamente controladas”.
O religioso responde: “Conhecimento é decorrência da iluminação da alma racional do homem. Com ela, o homem pode conhecer o que está ao seu alcance pela experiência de seu corpo mortal, ao mesmo tempo em que sua alma recebe os mistérios da revelação.”
O filósofo pergunta: O que é o conhecimento?
(As respostas entre aspas foram extraídas do caderno de Filosofia da UNISUL.) 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

NÃO À MULTISSERIAÇÃO

"A 7ª CRE volta atrás e suspende multisseriação em São Roque." Essa é a manchete de uma matéria que poderá ser lida aqui.
A nossa 35ª CRE, ao contrário, radicalizou sobre a questão. Os argumentos defendidos pela diretora da Escola da Vila Branca, Carla Brandão, foram em vão. A Coordenadoria de São Borja é intolerante e deseducada. 

RETROCESSO DE 40 ANOS

A educação retrocede no Brasil, com a contribuição do governo inclusive - em âmbito nacional e estadual. Essa participação negativa vai de encontro ao discurso do Partido dos Trabalhadores nos anos oitenta e noventa, quando fazia oposição.
Até a 5ª série (5º ano primário), estudei em escolas no interior do município. Todas elas multisseriadas. Numa única sala e com uma única professora, estudavam alunos do 1º ao 5º ano. Em 1973, vim para a cidade, matriculado na melhor escola da época, o Colégio Polivalente. O próprio nome (polivalente) indica que o tecnicismo dividia espaço com o humanismo. Ao lado das técnicas, tínhamos aulas de arte. Cada série, subdividida em números, dispunha de uma sala exclusiva. A 6-6, por exemplo, já foi tema de algumas crônicas (mais ou menos literárias). 
A nova doutrina do governo estadual é de multisseriação, a reunião de várias série numa mesma sala. Os professores excedentes serão transferidos para outras escolas, diminuindo a necessidade de novas contratações. Esse argumento, a propósito, vem servindo de justificativa para pagar o piso.
As escolas da Vila Branca e da Florida, ainda que contra o parecer de suas diretoras, adaptar-se-ão ao novo processo educacional, sob pena de fecharem as portas. Aliás, isso virá a ocorrer, por iniciativa dos pais de alunos, que os mandarão estudar na cidade, reconhecendo-se o fracasso de uma política que procura melhorar a vida do homam rural.
Em última instância, faça-se a transferência dos professores excedentes. Nunca a multisseriação. 
(A mesma classe professoral que elegeu Tarso Genro para governador, certamente, não o reelegerá. A não ser que seu governo prepare uma "surpresa" para o próximo ano, com uma possível "compra" da classe.)
 

sábado, 20 de abril de 2013

MOTORISTAS BORDERLINE

A história sobre esses jovens que se acidentaram na Sete de Setembro poderia ser diferente. Num universo paralelo, onde a fatalidade não cede à sorte, eles teriam perdido a vida, enlutando o sábado santiaguense. Algum familiar já estaria pedindo justiça, contra o prefeito que mandou asfaltar aquela via, contra a fábrica do automóvel acidentado (que o capacitou de uma potência/ velocidade muito acima do necessário), contra as lojas de conveniência, contra a polícia que não fiscaliza o trânsito, contra a carência de médico legista em Santiago, ad nauseam. O mundo real não foi abalado, todavia. O sábado continua azul. Logo mais, à noite, outros jovens correrão o risco de morte. Aqui, na Pinheiro Machado, há vezes que descem numa velocidade que assusta as pessoas em condições normais de sobriedade e pressão. Esses noctívagos  transitam na linha que separa os dois mundos, da sorte e da fatalidade, da vida e da morte.  

sexta-feira, 19 de abril de 2013

DIA DO ÍNDIO E DIA DO EXÉRCITO



Hoje é o Dia do Índio e o Dia do Exército Brasileiro. O primeiro foi instituído por Getúlio Vargas em 1943, tendo como referência histórica o dia 19 de abril de 1940, quando ocorreu o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano no México. O  segundo foi decretado por Itamar Franco em 1994, com base no dia 19 de abril de 1648, data da 1ª Batalha dos Guararapes (Grande Recife), em que brancos, negros e índios lutaram contra os invasores holandeses. Nos Estados Unidos, certamente, o Dia do Exército Estadunidense não poderia coincidir com o Dia do Índio, por constituir uma contradição absurda. À exceção de Little Bighorn (1876), lá o exército massacrava os chamados peles-vermelhas. No Brasil, onde o Dia da Árvore e o Dia do Fazendeiro são comemorados no mesmo dia 21 de setembro, o Exército Brasileiro nunca foi empregado para combater índios. Os farrapos do sul e os esfarrapados de Canudos não eram índios. O conhecedor de nossa história, todavia, há de fazer algumas observações pertinentes. É correto buscar em 1648 um sentimento de brasilidade, em razão de brancos, negros e índios terem se unido para expulsar invasores? Se em Guararapes se fincam as raízes do nosso exército, onde estaria o caule (ou as próprias raízes) um século e pouco mais tarde, por ocasião da Guerra Guaranítica? A causa desse conflito violento era a expulsão dos índios de suas terras (em decorrência de um tratado político entre Espanha e Portugal). Nessa época, posterior a Guararapes, não havia um exército brasileiro. O Brasil ainda não passava de uma colônia portuguesa. Nossa independência aconteceria quase um século mais tarde. No massacre aos guaranis, cujo líder era Sepé Tiaraju até Caiboaté Grande (São Gabriel), o exército português compunha-se de brancos e negros (negros escravos, é claro). Mas a maioria dos brasileiros não é conhecedora de nossa história. Viva o Dia do Índio! Viva o Dia do Exército!
(Texto publicado no Expresso Ilustrado de hoje.) 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

HOMOAFETIVOS... E PEDÓFILOS

"George Harasz, 49, e Douglas Wirth, 45, de Connecticut, EUA, resolveram viver juntos, como um casal, no ano 2000, aproveitando as novas leis aprovadas para beneficiar as relações homossexuais em alguns estados americanos. Depois eles quiseram ser pais.
Normal e geralmente, casais heterossexuais que buscam filhos adotivos não ultrapassam o limite clássico de duas ou três crianças, salvo as exceções da regra. Pois George e Douglas foram além das estatísticas e adotaram nove crianças, do sexo masculino.
Em dezembro de 2011, ambos foram presos acusados de violentar sexualmente alguns dos garotos, a partir de denúncia feita por um deles já adolescente. Mas, aí entrou no contexto um competente advogado e os soltou alegando ausência de provas materiais."

Para ler mais, acessar aqui.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

QUANDO A VIDA IMITA A ARTE

Aristóteles, um dos maiores intelectos produzidos pela humanidade, ensinava que a arte é mimesis, especialmente a tragédia, que imitava uma ação real. À exceção do abstracionismo, toda arte é uma imitação de algo (vivo ou não)
A vida, todavia, atingiu um alto grau de complexidade, para não dizer de absurdidade, podendo-se inverter a ordem do que imita o quê. O rocambolesco já não pertence exclusivamente à Literatura. A realidade o apresenta em carne e osso.  Pessoas imitam personagens. Tal inversão também ocorre com cenários e ações.
Essa história santiaguense do marido que vai esperar a mulher na BR 287, para esfaquear o suposto amante dela, parece ficção. Em plena madrugada (os galos batiam bico), como o homem reconheceria o automóvel da mulher? Ela não o informava sobre o horário aproximado de sua vida? A relação entre os dois não necessitava desse tipo de aventura para se manter? A justificativa de que o casal estava se separando não é um subterfúgio? O marido supostamente traído não acabou exagerando na agressão? 
O fato pode servir de mote para um romance (erótico, de suspense ou policial, dependendo da visão do romancista). 
A arte imita a vida, e vice-versa.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

ASFALTO COM DIAS CONTADOS?

Em sua última vinda a Santiago, tio Protásio me falou o que aconteceu com o asfalto colocado sobre o paralelepípedo em Viamão. Nos primeiros seis meses, a camada começa a apresentar minúsculas rachaduras (o que  já pode ser observado em algumas de nossas ruas). Na fase seguinte, o asfalto rachado se esboroa, abrindo as chamadas "crateras" na linguagem popular. Esse tipo de buraco é menos prejudicial ao tráfego de automóvel em razão da pouca profundidade do calçamento anterior. Depois de aberta a camada de asfalto, a fragmentação se alarga num processo entrópico de difícil controle. 
Espero que essa rápida deterioração não aconteça em Santiago, levando asfalto, trabalho e dinheiro sarjeta abaixo.

sábado, 13 de abril de 2013

sexta-feira, 12 de abril de 2013

LEMINSKI


Hoje recebi Toda Poesia de Paulo Leminski, editado pela Companhia Das Letras. O livro se encontra na lista dos mais vendidos no Brasil nos últimos meses, prova de que a poesia ainda tem muitos leitores (numa época desta).
Em 1984, fui residir em Curitiba. Naqueles anos, interessava-me mais por Pintura, Filosofia e Psicanálise. Lia os grandes poetas com menos frequência. Na década de noventa, todavia, depois da morte de Leminski (1989), passei a gostar do gênero literário que me leva ao terceiro livro este ano. 
Dessa forma, não posso lamentar a falta de querer conhecer o poeta ainda vivo. Hoje não perderia a grande oportunidade. Leio-o muito agora. Inclusive outros poetas contemporâneos de Curitiba/ Paraná, qual Alice Ruiz (mulher de Leminski), Edival Perrini, Sérgio Soccella, Jaques Brand, entre outros.
O concretismo é um dos aspectos mais interessantes da poesia de Leminski (todos os seus leitores dizem isso). O poeta é diverso, polissêmico. Seus trocadilhos fonéticos, morfológicos, sintáticos e semânticos são extraordinários.

terça-feira, 9 de abril de 2013

NEOPANTEÍSMO


deus morreu
porque era único

em seu lugar
retornam
os deuses

o poeta
(não o teólogo)
os vê 
em toda parte

a manhã
por exemplo
é uma deusa
de imenso olhos azuis


EVOLUÇÃO

a dor real
em carne e osso
é fio
        farpa
              espinho
(que) corta
rasga
           fura
o corpo
até atingir
a alma
onde vira
           metáfora

CONTRAPARTIDAS

AS EMPREGADAS DOMÉSTICAS CONQUISTAM SEUS DIREITOS, 
mas
perdem seus empregos.

A SAFRA DE SOJA BATERÁ O RECORDE DE PRODUÇÃO EM 2013,
mas
não há como armazená-la 
não há como comercializá-la (em Santiago).

OPOSITORES DO PREFEITO RUIVO O ACUSAM DE UMA POLÍTICA 
"PÃO E CIRCO",
mas 
e essa política que faz o governo federal (do qual são "companheiros"),
 financiando estádios de futebol?

O DETRAN EXIGE CADA VEZ MAIS DO POSTULANTE À CNH,
mas
cada vez mais são formados maus condutores.

O TOMATE CONTINUA A SUBIR DE PREÇO,
mas
logo baixará com a diminuição drástica de sua procura no mercado.


segunda-feira, 8 de abril de 2013

REPROVAÇÃO POR ATACADO


A Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, foi instituída para ordenar o caos que se agigantava no trânsito brasileiro. Trocentas resoluções foram editadas posteriormente, regulando o CTB. A Resolução nº 168, de 14 de dezembro de 2004, em seu Art. 13, por exemplo, preceituara o número mínimo de 15 horas/ aula de Prática de Direção Veicular para a obtenção da CNH. Seis anos depois, em 29 de abril de 2010, nova resolução (347) modificou o Art. 13 da Resolução nº 168. Um mínimo de 20 horas/ aula passou a ser obrigatório para o fim expresso acima. Caso o número de reprovados nos testes de Direção Veicular em Santiago constituir uma pequena amostra do que vem ocorrendo no país, não demora e uma terceira resolução dobrará a carga horária para a prática veicular. A nova redação do Art. 13 poderá diminuir os 20% de aulas noturnas (entre o por do sol e o nascer do sol). Caso essa reprovação por atacado ocorra apenas no Rio Grande do Sul, ao DETRAN gaúcho cabe a iniciativa de impor maior rigidez ao teste (coerente com uma melhor ordenação do trânsito). Caso o alto índice de reprovados se verifique apenas em Santiago, com postulantes pagando aulas extras e provas seguidas (chegando ao recorde de oito vezes), pode-se concluir que há algo errado no reino da nossa Cidade Educadora. Com a insuficiência de 20 horas/ aulas descartada como causa, pode-se elencar as seguintes possibilidades: 1) os avaliadores do DETRAN são mais rígidos em Santiago; 2) os postulantes santiaguenses à CNH ficam mais nervosos na hora da avaliação; 3) os Centros de Formação de Condutores da cidade não conseguem preparar adequadamente seus instruendos. Esta possibilidade (3), baseada na percentagem de instruendos aprovados, pode averiguar se há diferença entre os veículos brancos e os vermelhos. Qualquer diferença justificaria, a priori, a formulação textual que se encerra neste ponto. 

MISS BRASIL WORLD


A loira SANCLER FRANTZ, 21 anos, foi eleita a Miss Brasil World. Além de sua beleza indiscutível, chama a atenção o território que ela representa: Ilha dos Lobos. Essa ilha está localizada em Torres, Rio Grande do Sul, a 2 km da costa. Com seus 17 mil metros quadrados, a ilha é conhecida por abrigar leões marinhos de julho a novembro. Na realidade, Sancler é de Torres. 

domingo, 7 de abril de 2013

BABEL DE OPINIÕES

Dois artigos de opinião publicados no ZH deste domingo exemplificam o que venho postando sobre a diferença entre opinião e verdade. Exemplificam o que seja opinião. Percival Puggina e Marcos Rolim escrevem sobre o mesmo tema: a mobilização de estudantes em Porto Alegre. O primeiro opina que as manifestações não foram pacíficas e que os atores das depredações pagam meia passagem (causa que inflaciona o valor desse serviço). Rolim, em contrapartida, compara os jovens manifestantes aos gregos, os criadores da democracia. Os baderneiros foram exceção dentro do movimento, chamados pelo jornalista de "persas infiltrados". Rolim idealiza, não conhecendo a história grega. Obviamente, caso as manifestações se dessem em frente ao Piratini, contra a política do Estado, Rolim não elogiaria os estudantes (como o faria Puggina). A pior política, inevitavelmente, acaba justificando as opiniões contrárias. 

sábado, 6 de abril de 2013

COMO EVOLUIR?


Como evoluir da opinião para a verdade? 
Ao opinar, devo estar preparado para a objeção, o contraditório. 
A intenção do que expresso é a verdade. Também o é a intenção do outro. A intenção, todavia, não é a verdade. 
Uma coisa distante para o senso comum (que é opinativo por excelência) é a compreensão de que a verdade não surge da diferença entre o que conheço e o que conhece o outro, mas da soma (quando não a multiplicação de saberes). 
Isso quase responde o tema desta postagem, expresso na pergunta acima. 
Via de regra, a verdade se oculta, qual uma forma possível dentro do diamante ainda não lapidado. Em raras exceções, ela é inalcançável (conforme ensinava Górgias de Leontini, um dos sofistas gregos). 
Qual é a verdade em relação ao aborto? Nenhuma, na medida em que os argumentos, com fundamentação mítica ou racional, limitam-se ao âmbito do senso comum, da opinião. 
Qual a verdade em relação à união homoafetiva? ...
Se não existe verdade, pelo menos a expressão é livre (ou deveria ser). 
Essa liberdade é uma das maiores conquistas da nossa civilização. 
Quem opina a favor do aborto não o faz sem elencar justificativas mais ou menos plausíveis, qual a de suspender a gravidez resultante de estupro ou que coloca em risco a vida da gestante. Quem opina contra, também o faz em defesa da vida – do novo indivíduo. 
A posteriori, há uma lógica em dizer que todos somos resultantes de um aborto não realizado. Cada um dos lados se acha dono da verdade. 
No caso da homoafetividade, os argumentos são os mais diversos (e absurdos). Um renomado jornalista brasileiro, por exemplo, chegou a dizer que um casal formado por homossexuais tem melhores condições de cuidar de um filho. 
Uma coisa é inegável: estamos longe da verdade.  

CANTEIRO DE FLORES


Canteiro de flores em frente à Igreja Matriz (Praça Moysés Vianna, Santiago). Esse é o mais bonito do Centro da cidade. Fotos tiradas há uma hora. 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

GUERRAS À VISTA

Duas guerras são vislumbradas este ano, cujas possibilidades ameaçam o equilíbrio entre as nações, a paz mundial: a guerra nuclear (prometida pelo regime de Pyongyang) e a guerra monetária.
A despeito do pessimismo que ataca os espíritos catastrofistas, a primeira não passará de um blefe do balofo Kim Jong-un. As provocações norte-coreanas aos Estados Unidos é a expressão tardia de uma outra guerra (a fria), terminada duas décadas.
A segunda, que se engendra no campo econômico, é mais factível e ameaçadora. Já está acontecendo em alguns lugares, mais notadamente na Europa (e Estados Unidos). A última esperança de um "armistício" será a futura cúpula do G-20, em São Petersburgo, Rússia.
No Brasil, o blefe é o da não ocorrência dessa guerra

quinta-feira, 4 de abril de 2013

MORTE DE BLOG

Blogueiro decreta a morte de seu blog. Morte no sentido figurado, é óbvio. A metáfora traz sob sua racional frieza, o sentimento do trágico. Os deuses da blogosfera não foram generosos com o herói (autor). De real, o anúncio dessa morte confirma o que venho postando sobre o esvaziamento da própria blogosfera. A causa desse fenômeno pode ser mais ou menos encontrada na excentricidade de cada discurso. A babel se constituiu muito rapidamente e agora desanda, transformando em fósseis digitais os blogues já abandonados.

terça-feira, 2 de abril de 2013

FUTEBOL E FILOSOFIA


O último número da revista Filosofia traz uma matéria sobre Mohamed Aboutrika, ídolo do time de futebol mais popular  do continente africano, o Al-Ahly (que significa Nacional) do Egito. Aboutrika é formado em Filosofia pela Universidade do Cairo, cabendo-lhe a denominação de jogador-filósofo. 

II FÓRUM MUNICIPAL

Ontem teve início o II Fórum Municipal Pró-Desenvolvimento de Santiago (o termo municipal poderia ser suprimido da titulação do evento). Houve o pequeno atraso de uma hora, em razão da minguada presença do público no horário previsto. A propósito, discordo do blogueiro Rafael Nemitz, quanto ao "excelente público" que compareceu ao CTG Coxilha de Ronda. Não bastasse o fraco comparecimento no início, mais da metade deixou o local antes do término (com a palestra interessante de Sérgio Kapron sobre Desenvolvimento Econômico). Ao contrário do que expressou o também blogueiro Vulmar Leite, Sérgio Kapron foi o contraponto, vindo de fora do município. Certamente, o terceiro blogueiro Miguel Bianchini não desaprenderia com esse palestrante, que falou sobre arranjos produtivos locais.