quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

PEQUENO SOBREVOO

"Se eu fosse a Natureza", disse Anatole France, "não faria o homem e a mulher à semelhança dos grandes macacos, mas à semelhança dos insetos que depois de um período de lagarta viram borboletas e na última parte da vida só pensam em amor e beleza. Eu poria a mocidade no fim da existência humana... Arranjaria que o homem e a mulher, desdobrando rutilantes asas, vivessem por um tempo no orvalho e no desejo, e morressem num beijo de êxtase."
(Transcrito do livro Obras filosóficas, de Will Durant, filósofo e historiador norte-americano.)

A inversão expressa pelo grande escritor se não ocorre no plano físico, serve de metáfora para o que se passa com a alma (psique) não atingida por uma das mil e uma enfermidades. As ideias se tornam mais claras depois dos cinquenta anos de idade, possuidoras de "rutilantes asas". Limitados pelos corpo, cheio de dores, tornamo-nos cada vez mais sábios. Não tão somente pela experiência de vida (as viagens, concordando com o Ruy Gessinger, constituem experiências interessantes, autoevolutivas), mas pelas leituras mais seletivas que fazemos.
Cito mais uma vez meu amigo Ruy, transcrevendo sua última postagem:

Leio, meio enfarado, a repetida notícia, de que  trocentos milhares rodaram no exame da  OAB.
Bocejo, enquanto ouço vagidos e gritos contra os professores, contra a OAB, contra as faculdades.
Nada disso me surpreende:
a) não é possível cursar, com PROVEITO,  uma faculdade trabalhando o dia inteiro e estudando de noite. Triste, mas real. Não dá para assoviar e mascar chiclé ao mesmo tempo.
b) não é possível o estudante não ter sua própria biblioteca; só anotações de aula - piada!
c) se você veio de um colégio em que só festas eram importantes,  fica difícil sua situação;
d) não há lugar para todos no mundo jurídico. entendeu? Muitos querem, faculdades há até em Quixaremobim. Mas tu: estudas? lês? 
Amigo:  na vida no andar  de cima não há lugar para quem dorme demais ou acorda tarde ou culpa os outros.
Ou não?

Chamo a atenção dos leitores deste blog para a sapiência do Ruy. Em poucas palavras, num pequeno sobrevoo, manifesta um argumento verdadeiro e belo. Há beleza na verdade - apenas percebida de uma certa altura. 

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