quinta-feira, 31 de maio de 2012

INDICAÇÃO DE LIVRO

A imagem acima é da coluna do Juremir Machado da Silva, publicada no Correio do Povo de sábado passado, 26 de maio de 2012. O escritor é um grande admirador de Michel Houellebecq, para uns comparável a Albert Camus, e um romancista medíocre para outros. Na coluna acima, Juremir faz apologia ao último livro de Houellebecq: O Mapa e o Território. Outros romances do francês:  A extensão do domínio da luta, Partículas elementares e Plataforma.
Li muitos livros que me foram indicados por alguém. Muitos outros descobri por conta própria, procurando nas bibliotecas e livrarias. De Houelebecq, li A extensão do domínio da luta por indicação do Antônio Augusto Biermann Pinto (Guto). A história é de um ante-herói, que me fez lembrar O apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger.
Amanhã devo receber O mapa e o território, comprado na www.livrariasaraiva.com.br  
Se for bom, como diz sê-lo Juremir, recomendá-lo-ei aos leitores .

quarta-feira, 30 de maio de 2012

NATIVAS VERSUS EXÓTICAS

Em determinado ponto do debate sobre o futuro da água, realizado na URI, segunda-feira, levantou-se a questão de se plantar árvores nativas em torno da nova barragem a ser construída em Santiago. Alguém fez uso da palavra e criticou a cultura de árvores exóticas, que consomem muita água para pleno desenvolvimento. A réplica veio de pronto, defendendo o plantio de eucalipto e pinus, matéria-prima barata como fonte de energia, celulose, suporte para a construção civil etc. Nessa manhã, passando em frente ao edifício em construção de Neri Guerra, contei até cem varas de madeira, sendo utilizadas na sustentação do último piso levantado. Apenas na parte frontal do edifício. Obviamente, esse número deve se multiplicar por dez, vinte, não tenho ideia. Não fosse o eucalipto, que outro material se utilizaria a construção civil? De árvores nativas? Como é difícil tomar parte sem o conhecimento da totalidade.
Há dez mil anos, no Crescente Fértil, o homem passava a domesticar plantas. Até então, toda árvore era nativa, selvagem. (Continuo mais tarde.)

terça-feira, 29 de maio de 2012

WORKSHOP (II)

A URI sediou ontem a primeira workshop (a palavra é feminina) sobre o futuro da água em Santiago. As imagens mostradas pelo Rubem Lima, gerente local da Corsan, foram reveladoras, contrárias ao pré-conceito de que a nossa barragem constitui uma fonte de abastecimento inesgotável. Sempre se disse que, em relação à água, os santiaguenses somos privilegiados. A extensa área do leito de pedra e lama seca, não contemplada desde a construção da barragem, desfaz o pré-conceito acima. No entanto, a leitura de que, em 10 anos, esse reservatório há de se exaurir inexoravelmente, não passa de pessimismo catastrofista. A construção de uma nova barragem não está nos planos da Corsan, que deve priorizar outros municípios (cento e poucos), onde os problemas com o abastecimento de água são maiores. Mais execuível é a ampliação da barragem atual, com aumento da barreira de contenção, fechando-se o vertedouro, ou "ladrão". Após a locução do Prefeito Ruivo sobre o impacto de um possível racionamento, as opiniões dos diversos participantes da reunião se bipolarizaram entre a necessidade de se assegurar o abastecimento de água e as questões ambientais. Paroquialistas versus universalistas. A construção civil em nossa cidade não pode parar como medida extrema de racionamento - disseram uns. Para outras indústrias se fixarem aqui, faz-se necessária nova barragem - replicaram outros. Poços artesianos, opinaram uns, são fontes de abastecimento (não apenas em caráter emergencial). Ninguém disse, todavia, que a perfuração de poços artesianos deveria ser proibida dentro do perímetro urbano principalmente. Ainda que não exista legislação a respeito, é muito cedo para buscar sistematicamente essa fonte alternativa. As reservas subterrâneas (lençóis e aquíferos) pertencem ao futuro, não ao presente com sua sanha consumista, com seu potencial poluidor. O debate sobre esse assunto jamais se esgota, mesmo que venha a transbordar nossa barragem com as próximas chuvas.

QUEM MENTE?

Quem mente: Luisinho, Marzinho ou a Veja?

segunda-feira, 28 de maio de 2012

WORKSHOP

Daqui a pouco, irei à URI, para participar de uma workshop (não seria mais correto brainstorming?), em que será debatido o futuro da água em Santiago. 
Desde já, faço as seguintes sugestões:
1) ampliação da barragem ou construção de uma nova (Corsan/ Estado);
2) legislação da água (Poder Legislativo de Santiago);
3) departamento da água (Secretaria do Meio Ambiente/ Saúde/ Obras do município);
4) educação/ conscientização (cartilha, palestra, etc.).
Todo são comprometidos.
A construção de uma nova barragem, se não estou enganado, já figura no contrato entre a Corsan e o município de Santiago. Ênio Kinzel é o mais antigo defensor dessa ideia. 
Penso que o assunto é dos mais pertinentes e aplaudiria a proposta da Universidade, ainda que a nossa barragem estivesse botando água pelo ladrão.  

BOMBA DE CALOR

"O homem, por si só, é uma máquina conversora de energia. Converte alimento, como combustível, em movimento. E, conforme um princípio básico da ciência que chamamos de segunda lei da termodinâmica, a energia que é assim produzida será, eventual e inexoravelmente, degradada em calor [...].
"Mas o homem, mesmo assim, inventou máquinas muito mais poderosas, que são também conversoras de energia numa escala prodigiosa, como, por exemplo, os automóveis. [...] A ciência - e a lógica - decretam que o mundo tem que se estar aquecendo.
"A explosão populacional tem sido lamentada, há anos, por motivos ambientalistas. Mas só recentemente tem sido avaliado o impacto devastador que o mero tamanho da família humana está exercendo sobre o clima global. Construímos, sobre uma grande superfície do planeta, cidades que emitem umidade e doses maciças de calor."
(Transcrito do livro O novo dilúvio - população, poluição e clima futuro, de Antony Milne)
Os oceanos também se aquecem. Prova-o a corrente El Niño, que é responsável pelo caráter esquizoide do clima, com alternância entre secas e enchentes.

domingo, 27 de maio de 2012

PARA LAVAR UM COPO

Há algum tempo, venho dizendo que o copo de vidro é o maior responsável pelo desperdício de água na cozinha. Isto mesmo: o copo. Aparentemente, esse objeto é o que menos suja ao ser usado. Todavia, usa-se copo com muita frequência, em todas as refeições e fora delas. 
Para saber exatamente quanta água se gasta para lavar um copo de vidro, utilizando-me de uma esponja com detergente, fiz as seguintes experiências:
1) torneira comum, meia volta de abertura, fluxo contínuo: 2000 ml;
2) torneira comum, meia volta de abertura, fluxo descontínuo: 700 ml;
3) torneira especial, com aerador, fluxo contínuo: 1000 ml;
4) torneira especial, com aerador, fluxo descontínuo: 350 ml.
Usei a torneira do tanque de lavar roupa (comum) e a da pia da cozinha (especial). 
A leitura que faço das medidas consumidas para lavar um copo sujo com água (que paradoxismo!): 
1) Dois litros de água para lavar um copo é um absurdo;
2) Uma torneira especial (com aerador) consome a metade de água da comum;
3) Um terço de água é economizado com o fluxo descontínuo (expressão que significa ligar a torneira para umedecer o copo, desligá-la para a esfregação com esponja e detergente, ligá-la para a enxaguada final;
4) É possível lavar um copo com menos de meio litro de água.  
Observação extra:  Na lavação de um copo, a retirada da espuma do detergente (enxaguadura) é que exige maior volume de água.

CONDENSADO DE BOSE-EINSTEIN

Para escrever sobre a água, pesquiso sobre os estados físicos da matéria. A despeito dos parcos conhecimentos de física, química e matemática, consigo entender os enunciados teóricos daqueles que sabem. No Sistema Solar, por exemplo, o estado mais abundante é o plasma (no interior do Sol). O líquido é o que menos ocorre. Em princípio, há muitos outros estados prováveis, entre os quais o condensado de Bose-Einstein (assista ao vídeo).  

sexta-feira, 25 de maio de 2012

PEDRO PALMEIRO

Todo homem é autor de sua história, circunscrita por dois fatos extremos: nascimento e morte. A igualdade estabelecida, a princípio, pela predicação historial, todavia, evolui para a diferença de toda história. Não há história que seja igual a outra. Esse aspecto é que faz tão interessante a vida. A história de Pedro Palmeiro continua muito clara na memória de seus conterrâneos. Dados biográficos que delimitam a existência desse grande homem: nasceu na Invernadinha, então segundo subdistrito de Santiago, em 26 de abril de 1902, e faleceu em 30 de março de 1964, nessa cidade. Filho de Geraldo Pedroso Palmeiro e de Albina Vieira Palmeiro (Dona Binoca). Na condição de sujeito de sua história, casou-se com Nahyr Gomes Palmeiro, com quem teve seis filhos: Miguel, Paulo, Carlos, Antônio Manoel (Barbela), José Horácio e Rita. Estudou até o “quarto livro” do Primário, no entanto era um autodidata por excelência, bibliófilo e profundo conhecedor de história e literatura. Sua casa era ponto de encontro de poetas, compositores e intelectuais da época, entre os quais Jayme Caetano Braun, Apparício Silva Rillo, cônego Heitor Rossato, Cláudio Torrontegui e José de Figueiredo Pinto (Zeca Blau). Pessoas humildes também o procuravam com frequência, para usufruir de magnanimidade (sempre escassa nas relações humanas de todos os tempos). Essa virtude, entre outras, o melhor de sua história pessoal, que fez dele um homem admiradíssimo. Sua coleção de peças antigas, doada gentilmente pela família, deu origem ao nosso Museu Municipal Pedro Palmeiro. Nunca seremos suficientemente gratos a esse homem, que nos legou uma história incomparável, inesquecível. 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

MÉXICO - O MAPA DA DROGA


A revista Military Review de março-abril traz o ensaio Nosso erro em relação ao México, de Paul Rexton Kan (professor adjunto de Estudos de Segurança Nacional do Exército dos EUA), que revela uma das feridas de nossa civilização: o tráfico de drogas. Por minha conta, antecederia à palavra "tráfico" com outra que lhe serve de causa: "consumo". Isso mesmo: consumo-tráfico! Mais do que o tráfico, o consumo é sintoma de um estado de decadência humana. 
Com a violência, "os cartéis mexicanos tentam intimidar o Estado com o intuito de proteger seus interesses financeiros, evitar o encarceramento e manter suas famílias fora de perigo". Todavia, com argumentos estatísticos, o ensaísta discorda que haja uma insurgência: "menos de 10% das mortes foram de agentes estatais". O maior número de mortes ocorre com integrante dos cartéis. Mesmo que o governo mexicano concedesse o perdão e a anistia aos líderes dos cartéis, com a proposta de suspenderem suas operações, os criminosos não negociariam, uma vez que seu principal objetivo é lucrar com as atividades ilícitas. 
Conclui o professor: "Os defensores da classificação de narcoinsurgência/narcoterrorismo estão cometendo o erro de confundir conflito de baixa intensidade com o que seria mais propriamente uma criminalidade de alta intensidade". 

HUMILHAÇÃO

Ostentação de riqueza não me afeta. Casas bonitas e carros do ano, para mim, retratam muito a vaidade de seus proprietários.
Ostentação de conhecimento também não me afeta. Principalmente, o conhecimento acadêmico. 
A coisa muda diante da ostentação de viagem. Sinto-me humilhado, quando alguém me relata que foi a Machu Picchu, Titicaca, Ushuaia, Caribe, Canadá, Europa, Kathmandu etc. 
Recebi um e-mail com slides, mostrando Rússia à noite. Esse tipo de ostentação me afeta. Tenho inveja de quem viaja. Nada que me corroa por dentro, nada que afete o outro. 

terça-feira, 22 de maio de 2012

1º SARAU LITERÁRIO


O Museu Municipal Pedro Palmeiro convida para o 1º Sarau Literário - "No silêncio da memória um som de poesia".
Após a abertura (com surpresa poética), a coordenadora do evento, Erilaine Perez, lerá um texto que escreveu sobre Pedro Palmeiro. Extraordinário! 
Na sequência:
- Sarau (considerações históricas) - Dr. Valdir Pinto;
- Dramatização de Poema de Filinto Charão - João Matheus Gham;
- Solo musical de clarinete - Andressa T. Berlato;
- Declamação de Leito do poeta de Filinto Charão - Alessandro Reiffer;
- Declamação de Noite de inverno de Filinto Charão - Froilam de Oliveira;
- ...
Dia 25 de maio de 2012 (sexta-feira), 18h30min, salão de eventos do Centro Cultural de Santiago. 

domingo, 20 de maio de 2012

SEXUALIDADE HUMANA

Diferentemente de todas as fêmeas primatas, a mulher oculta seu período de ovulação, fato antropológico que a ciência ainda não encontrou uma explicação. Segundo Jared Diamond (O terceiro chimpanzé), há seis teorias que cercam o estudo: 
1) a ovulação oculta surgiu para melhorar a cooperação e reduzir a agressividade entre os caçadores-coletores (homens do paleolítico). Como os homens das cavernas poderiam organizar o trabalho em equipe necessário para matar um mamute depois de passar a manhã brigando pelos favores públicos de uma mulher das cavernas no estro? Os homens civilizados apresentariam problemas semelhantes de cooperação e produção (caso se somasse à ovulação evidente a copulação ostensiva); 2) a ovulação oculta cimenta os laços entre um homem e uma mulher (ela aparenta estar sempre receptiva); 3) as fêmeas humanas podem ter desenvolvido um estado de estro constante para garantir o suprimento frequente de alimento dos caçadores-coletores; 4) elas ocultam a ovulação para forçar os homens a manterem um laço matrimonial permanente; 5) as mulheres desenvolveram a ovulação oculta para manipular os homens, confundindo-os na questão da paternidade. Uma mulher que favorece muitos homens os convocaria para ajudar a alimentar (ou, pelo menos, não matar - como acontece com frequência entre babuínos, gorilas e chimpanzés) o seu filho, uma vez que vários poderiam supor ser o pai da criança; 6) para evitar a dor do parto, as mulheres podem ter optado ocultar o período fértil. 
As teorias acima variam do extremo machismo ao feminismo extremo, a despeito de serem elaboradas por biólogos(as) de primeira grandeza, como Donald Symons, Richard Alexander, Katherine Noonan, Sarah Hrdy, Nancy Burley, entre outros(as). 

sábado, 19 de maio de 2012

VATICANO

Leio no Bol notícia sobre o resumo do livro Sua Santidade, cartas secretas do papa, de Gianluigi Nuzzi, publicado pelo jornal Il Corriere Della Sera. Segundo o texto, "o nome do atual secretário de Estado, o cardeal Tarcisio Bertone, mão direita do papa e número dois da Santa Sé, está presente em muitos documentos e é afetado de forma negativa, sendo possível que o livro constitua uma operação midiática para atacá-lo". Diretrizes sobre o verdadeiro matrimônio aceito pela Igreja Católica, cartas do papa Bento XVI sobre intrigas do Vaticano, os escândalos sexuais do padre mexicano Macial Maciel, entre outros assuntos reservados. Os vazamentos ficaram conhecidos como "Vatileaks". 
(Digitem no Google "Padre Macial Maciel". Lerão que ele teve mulher, filha e abusava sexualmente de oito seminaristas. A despeito de ter sido o fundador da Congregação dos Legionários de Cristo.)

SOBRE A ÁGUA

Desde a criação deste blog, meados de 2007, venho postando sobre a água. No corrente ano, mesmo em tempo de barragem cheia, passei a denunciar alguns casos de desperdício. Reedito o que se segue:
ÁGUA
Santiago é uma cidade também privilegiada por seu abastecimento de água, quanto à qualidade e quantidade. Nossa barragem é possante (cuja construção coube a militares, diga-se de passagem). Há um contrato entre Prefeitura e Corsan que prevê a construção de uma nova barragem. Acho mais importante o tratamento do esgoto. 
Independentemente (sempre "independentemente", ao invés de "independente") do privilégio de dispormos de água tratada em pleno período de seca, não dá o direito a certas pessoas ou instituições (como o Banco do Brasil) de lavar a calçada com lava-jato. Isso é moral. Ética para os indivíduos mais evoluídos. 
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE
A limpeza de calçada com mangueira ou lava-jato continua em Santiago. Ontem era lavada a calçada de uma loja em frente ao Apolinário Porto Alegre. A pessoa que usa a água para esse fim não tem consciência de um princípio que nega esse (pseudo)direito, o da universalidade. Futuramente, leis deverão ser criadas para evitar o desperdício de água 
ÁGUA FORA
Mais lavação de calçada nesta segunda-feira quente desde cedo: Plazza - Centro Clínico, rua Benjamin Constant (em frente à Pracinha de Brinquedo). Antes de passar pelo local, encontrei a água limpa a correr junto ao meio-fio. O líquido já dobrara a esquina com a Mal. Deodoro,  seguindo na direção do antigo Chaparral. Logo ele se juntará à cloaca da cidade, contaminando-se ainda mais. 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

IDEIA EXCELENTE

A blogosfera reflete uma contradição real (oculta ou escancarada, individual ou coletiva, benéfica ou nefasta), cuja definição mais adequada continua sendo os termos "bem" e "mal". 
Nesta manhã, Santiago se ilumina com uma ideia  que merece destaque: o nome de JOSÉ FRANCISCO GORSKI à Escola de Turno Oposto Criança Feliz.
Parabéns, Júlio Prates!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

ALEXIS DE TOCQUEVILLE

"Democracia e socialismo não têm em comum senão uma palavra: igualdade. Mas repare-se na diferença: enquanto a democracia procura a igualdade na liberdade, o socialismo procura a igualdade na repressão e na servidão"

"Amo a liberdade de emprensa pela consideração dos males que impede, mais ainda do que pelos bens que produz"

"Creio que, em qualquer época, eu teria amado a liberdade; mas, na época em que vivemos, sinto-me propenso a idolatrá-la"

"Na política, os ódios comuns são a base das alianças"



A PERGUNTA

"O LIVRO DA MINHA INFÂNCIA FOI A BÍBLIA. Eu já a lia e refletia seriamente sobre ela antes de poder apreciar qualquer outro livro. Não me lembro, porém, de a sua leitura alguma vez me provocar desagradáveis reações. Aderir-lhe assim, tão fortemente, e frequentar sucessivas cerimônias religiosas, deu asa a que os meninos da vizinhança me chamassem pastorzinho. No entanto, como todos os membros da nossa família tinham o pastor em alta consideração, custou-me reparar que essa alcunha me não tinha sido posta com boa intenção."
Quem escreveu as palavras acima?

terça-feira, 15 de maio de 2012

ANONIMATO


Nossa Constituição Federal, em seu Art. 5º, Inciso IV, expressa o seguinte: "é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato". Manifestar o pensamento é o que faço neste blog, na coluna do Expresso Ilustrado há dez anos e no último livro que publiquei, O fogo das palavras. Ainda que disserte sobre assuntos polêmicos, geralmente na contramão do senso comum, raríssimas vezes fui antiético, não com gravidade que comprometesse minha conduta cidadã. Raríssimas vezes, quando não soube superar com indiferença uma provocação. Não é, todavia, a liberdade de expressão, a primeira parte do inciso supracitado, o motivo que me leva a fazer estas considerações intempestivas. A ilegalidade do anonimato, sim. Com a escrita eletrônica, ampliaram-se as ferramentas de inserção ao hipertexto, como o atesta o número de blogs criados nos últimos cinco anos. Gente com vontade de escrever - e com idoneidade para esse mister extraordinário - passou a publicar no âmbito digital. Dessa forma, surgiu uma blogosfera, que rapidamente se constituiu num fenômeno midiático na Terra dos Poetas. No entanto, em meio ao trigal (liberdade), que balança ao vento fresco da manhã, lamentavelmente, desenvolve-se o joio (anonimato). A princípio, de uma forma inofensiva, moderada (que me convenceu a aceitá-lo raríssimas vezes). Os comentários não identificados, em seguida, passaram a insuflar desavenças entre os blogueiros que os servem de suporte. O mal (cizânia) cresceu com um viço tal que, no último momento, o anônimo ganhou um nome falso, glorificando-se o anonimato. Ofensivo, difamatório. Penso que já cabe uma representação junto ao Ministério Público. Contra os blogs que publicam o anônimo, o fake

segunda-feira, 14 de maio de 2012

NEANDERTAL X CRO-MAGNON IV

A anatomia da cabeça dos neandertalenses continuou tão distinta dos homens modernos, negando que estes tenham inserido em seu código genético uma herança daqueles (conforme a teoria de Bruce Lahn). Um gene para o tamanho do cérebro, mas nenhum para a forma do crânio, que preservasse maior proeminência do suporte ósseo para as sobrancelhas, dos dentes e das mandíbulas. Toda a estrutura esquelética dos neandertais era mais robusta e mais curta. Outra diferença anatômica, escreve Jared Diamond em O terceiro chimpanzé, consistia na largura  maior do canal de parto da mulher neandertalense, o que pode indicar mais demorado desenvolvimento gestatório.

domingo, 13 de maio de 2012

MÃE(S)

Todos os anos, antes de minha mãe falecer, pensava escrever algo bonito para homenageá-la neste dia. Mesmo não escrevendo, corria ao seu encontro lá no Rincão dos Machado. Há seis anos, desde que ela partiu, lembro o grande poeta Carlos Drummond de Andrade:
"Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento".
Nenhuma outra criatura merece nossa atenção todos os dias do ano (e não apenas no segundo domingo de maio, como quer o  comércio). Felicidade às mães que não negam sua condição natural e afetiva - hoje e sempre.

sábado, 12 de maio de 2012

NEANDERTAL X CRO-MAGNON III

Uma pena meu interlocutor anônimo não se identificar. O diálogo está ficando interessante, a despeito de discutirmos a teoria sobre o Grande Salto Para a Frente, que ocorreu há dezenas de milhares de anos. Sem a comprovação da paleantropologia (cujas descobertas serão cada vez mais raras), toda teoria, inclusive a de Bruce Lahn, não passa de especulação. 
Segundo meu interlocutor, o geneticista acima, a partir de um estudo do gene microcefalina, o aumento do cérebro do homo sapiens teria ocorrido graças à influência genética do homem de Neandertal. O cérebro neandertalense era cerca de 10% maior que o nosso. Maior, todavia, menos dotado de memes que o do homo sapiens. Suas ferramentas eram escassas e bastante inferiores.
As conclusões dos estudos coordenados por Bruce Lahn, se verdadeiras, poderão sepultar de vez as teorias de intervenção alienígena na criação do homem moderno. Isso é muito bom! Da mesma forma, representa o fim das insinuações criacionistas sobre a falta de um elo evolutivo. Por outro lado, diferencia o homo sapiens dotado de um gene neandertal (sapiens sapiens) do homo sapiens africano. Isso é muito ruim! Elimina o abismo evolutivo e cria um outro, o racial. 
Segundo o geneticista chinês, radicado nos Estados Unidos, o gene para o crescimento do cérebro teria se inserido no código genético do homem moderno há 37.000 anos, constituindo 70% da população mundial. 

VIA ÚNICA

Proposta à mídia santiaguense: ao invés de insistir com o neologismo "frentão", empregar o termo "via única". Exemplo: "Os partidos de oposição se reúnem para articular uma via única, que possa fazer frente ao PP". Na impossibilidade de coligação cem por cento desses partidos, o que já virou tradição em Santiago, surge a segunda via (nunca denominada dessa forma), a terceira via, a quarta... Isso prova, na prática, minha tese: a soma das diferentes vias constitui a via única. Ela é o maior desejo oposicionista em nosso município, cuja expressão ganha dimensões de tragédia: "estão matando o futuro de nossos filhos". Para ser mais exato, o autor dessa falácia deveria dizer "estão matando o meu futuro político". O que, certamente, aproximá-lo-ia à comédia bufa.  

NEANDERTAL X CRO-MAGNON II

Um anônimo comenta minha postagem abaixo, afirmando que assistiu na CNN sobre o cruzamento, sim, entre neandertalenses e Cro-Magnons. De certo, tal cruzamento só ocorreu dentro da ficção científica, graças à imaginação dos produtores de histórias (do tipo que colocam o homem e o dinossauro num mesmo plano temporal). O contato entre as duas subespécies humanas (sim, somos descendentes de uma subespécie, a última que surgiu no planeta) teve uma duração muito maior do que podemos imaginar, em razão da nossa tendência a reduzir um bilhão de anos a um milhão, um milhão a mil e mil a um dia. Os arqueólogos concluem, pela análise de ferramentas encontradas no oeste europeu, que os últimos neandertalenses sofrem influência do homo sapiens. No livro O terceiro chimpanzé, Jared Diamond pergunta: "Será que alguns invasores Cro-Magnons acasalaram com mulheres neandertalenses? Não há esqueletos conhecidos de híbridos de neandertalenses com homens de Cro-Magnon. Se o comportamento neandertalenses era relativamente rudimentar e sua anatomia tão diferente como penso, poucos homens de Cro-Magnon podem ter desejado acasalar com as neandertalenses". O contato entre os dois povos efetivou-se ao longo de 50.000 anos, desde o Oriente Próximo ao extremo oeste da Europa. Um tempo muito maior do que o desaparecimento dos neandertais aos nossos dias. 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

NEANDERTHAL X CRO-MAGNON

A última Era do Gelo chegou ao fim aproximadamente há 40.000 anos. Antes disso, o homem de Neanderthal vivia na Europa, numa faixa mais próxima do Mediterrâneo. O homem de Cro-Magnon (homo sapiens) vivia no norte da África e sudoeste da Ásia (Oriente Próximo). O frio mais ao norte funcionava como uma barreira intransponível para os nossos ancestrais do paleolítico. Com o fim da era glacial, o Cro-Magnon invadiu a Europa e, em pouco tempo, não havia mais neanderthalenses. A causa desse desaparecimento só pode ter sido os invasores, mais numerosos e com armas bastante superiores. Uma coisa é dada como certa: não houve cruzamento, miscigenação. O Cro-Magnon encontrou na Europa o ambiental propício para realizar o que os antropólogos chamam de o Grande Salto Para a Frente. 
Os criacionistas e os adeptos de alienígenas na  criação da humanidade (Zecharia Sitchin) se agarram derradeiramente à teoria de que o Cro-Magnon surgiu de uma hora para outra na Europa, de uma forma misteriosa. Não aceitam a evolução. 

PLURIFACIAL*

como todo
sou feito
de partes
diversas

como partes
sou todo
           artes
dispersas

que partem
do todo
e se repart
                em
partes
disformes
entre o caos
e a ordem

* O poema acima foi publicado no livro ponteiros de palavra em 2006, antes da criação deste blog.

domingo, 6 de maio de 2012

CARANCHO NA ÁREA


Nossa blogosfera conta com a presença indesejável de um tal de Carancho. Ele rondava o hipertexto há muito (a julgar pelas apreciações que faz inclusive sobre mim), até que o blogueiro Tide Lima lhe desse o braço. 
Leio no Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul, de Zeno e Rui Cardoso Nunes, sobre o carancho: "Ave de rapina muito comum nos campos do Rio Grande do Sul. // Pessoa que vai a festas e divertimentos sem ter sido convidada". Bastam esses dois significados, o referencial e o metafórico, para justificar o termo "indesejável", expresso no tema acima.
Lembro-me de que, lá no Rincão dos Machado, o caracará voejava de vez em quando, a procurar carniça ou algum pinto afastado do terreiro. O pai nunca teve uma espingarda, mas os vizinhos não titubeavam em desferir tiro certeiro nesse predador em pleno voo.
No caso do carancho superestimado pelo grande livreiro da nossa feira, penso que não fará presa por aqui. Fanfarrão, maledicente, covarde. Seu discurso fede. 
Espero que o Tide, responsável por essa aparição indesejável (mais uma vez), considere a presente postagem como direito de resposta e a repercuta em seu blog.     

sexta-feira, 4 de maio de 2012

AVANÇO DO ISLÃ


Ontem circulou na Internet a notícia de que um grupo muçulmano da Alemanha, autodenominando-se "A Verdadeira Religião", distribuirá 25 milhões de Alcorão nesse país, Áustria e Suíça. Chamei um dos meus colegas de trabalho, evangélico convicto, e lhe disse que a grande ameaça à sua religião cristã, sempre tão vulnerável, não são as ciências e os ateus (futuros aliados em defesa da liberdade). 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O TERCEIRO CHIMPANZÉ



Hoje minha biblioteca se enriquece consideravelmente com o livro acima ilustrado: O terceiro chimpanzé, de Jared Diamond. A obra é a terceira que adquiro em 2012 desse autor. A leitura de Armas, germes e aço foi tão cativante e instrutiva, que resolvi ler Colapso e O terceiro chimpanzé. Ao ler as primeiras ideias, concluo que Diamond se aproxima muito de outro autor ligado à Biologia, de que li quase toda a produção intelectual: Richard Dawkins. 
Depois do título e autor, primeiros indicativos de uma obra, deve-se ler o conteúdo das orelhas. Dessa forma, transcrevo abaixo o que traz uma das orelhas de O terceiro chimpanzé:
"Os seres humanos compartilham mais de 98% dos genes com os chimpanzés. Ainda assim, somos uma espécie dominante no planeta - fundamos civilizações e religiões, desenvolvemos  formas complexas e diferentes de comunicação, construímos cidades, ciências e produzimos arte. 
"Enquanto isso, os chimpanzés permanecem instintivamente voltados apenas para as necessidades básicas de sobrevivência. O que há nesses quase 2% de diferença no nosso DNA, que criam uma divergência tão grande entre esses dois 'primos'?
"Neste livro, renomado ganhador do Pulitzer, Jared Diamond, explora como o extraordinário animal humano, em um curto espaço de tempo, desenvolveu capacidades que lhe permitiram dominar e, consequentemente, destruir o mundo.
"Este livro traça nossa ascensão do status animal e a aceleração dos meios que podem provocar a nossa destruição. Jared Diamond não crê (por que esse termo?) que este seja um risco remoto, tampouco escreve como se estivéssemos condenados. O autor, portanto, aponta os sinais promissores e maneiras de aprender como passado para mudar o nosso comportamento.
"Ao fomentar a mudança contando a história de nossa espécie, Diamond explica que os nossos problemas têm profundas  raízes que remetem à nossa ancestralidade. Eles vêm aumentando há muito tempo como nosso crescimento numérico e o nosso poder, e agora começam a se acelerar fortemente.
"Repleto de ideias inovadoras, O terceiro chimpanzé apresenta uma visão realista sobre a possibilidade de destruição dos recursos que permitem a vida na Terra"
Postagens abaixo demostram minha sintonia com esse assunto.

NOVO BLOG

A nossa blogosfera ganha um link gastronômico, exclusivo em receitas de comida preparada em panela elétrica. 
Para acessá-lo:
http://www.receitaspanelaeletrica.com/

terça-feira, 1 de maio de 2012

"FRENTÃO"???

"Além de flexão de número e de gênero", ensina-nos José de Nicola e Ulisses Infante, "o substantivo pode apresentar flexão de grau, ou seja, uma variação na terminação que exprime uma ideia de aumento ou de diminuição de tamanho, sempre se tendo como referência um grau normal, que seria o substantivo propriamente dito."
Os gramáticos citam, como exemplo, o substantivo janela
Na formação do grau aumentativo ou diminutivo, utiliza-se dois processos: 
- sintético (janelão, janelinha)
- analítico (janela grande, janela pequena)
Assim sendo, por que inventaram um frentão em Santiago, referindo-se à uma suposta união das oposições? Esse termo não pode significar o aumentativo de frente por  dois motivos:
- não constitui seu aumentativo sintético (erro gramatical);
- não reflete a realidade política local (erro semântico).
O correto, penso, seria denominar a tentativa de coligação entre os partidos de oposição de frente pequena. Pequena em todos os sentidos. 
Infelizmente, a mídia criou o monstro, digo, o neologismo.

QUESTÃO DE HISTÓRIA


Um dos cinco centros de produção de alimento do mundo, com origem independente, foi o leste do território norte-americano, onde hoje se situa os Estados Unidos. 
Alguém sabe me responder que cultura se desenvolveu nesse espaço do planeta e quais foram as prováveis causas de sua decadência? 
(A resposta tem ligação com o assunto de minhas postagens abaixo.)