terça-feira, 31 de janeiro de 2012

QUESTÃO GRAMATICAL

Sabe-se que as provas de concursos são mal formuladas, com questões de português anuladas com frequência (em todos os âmbitos). Essas questões anuladas constituem a prova dos nove da verdade do enunciado acima. Os editais, no entanto, no intuito de passar seriedade, citam a bibliografia gramatical de referência (subentendendo-se que as gramáticas são distintas entre si). 

A LÓGICA DO PORTUGUÊS

Recebi ontem a Nova Gramática do português contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, 5ª edição, de acordo com a nova ortografia. 
Adianto que sou categoricamente contra o relativismo, isto pode ser A e pode ser B (a tal lógica paradoxal, uma inegável contradição). Há uma lógica na gramática, como o há na matemática. 
Os autores acima, para meu espanto, defendem que "bauínia"  (pata-de-vaca), por exemplo, pode ser uma proparoxítona (sendo uma paroxítona). Para eles, há um hiato em "ia". O hiato só existe, quando o "i" é tônico, como em "Maria". Em não sendo tônico, esse "i" não passa de uma semivogal, constituindo o ditongo. 

RACISMO OU NÃO?

Não entendi a torcida organizada do Grêmio pela forma como recebeu a equipe juvenil do Flamengo. Depois das vaias, muito comuns nos estádios de futebol, o coro depreciativo "macacada, vão tomá no cu". Pergunto ao senhores da lei, chamar alguém de macaco em razão da cor escura de sua pele configura racismo ou não. 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

DECEPÇÃO GREMISTA

Mais para quebrar a rotina, fui ao estádio Alceu Carvalho, onde assisti a Grêmio e Flamengo. O time tricolor deste ano consegue ser inferior ao do ano passado. Certamente, o pior já visto no torneio de futebol juvenil realizado em Santiago. Os garotos di Porto Alegre não viram a cor da bola, levaram dois já no primeiro tempo. Umas leseiras que representam o futuro do Grêmio, que, se depender desse latão da casa, será muito feio. Recomendo aos gremistas que não compareçam ao estádio no sábado, quando haverá grenal. Seria reflexo dos profissionais? Não sei o que está acontecendo com o grande clube de futebol porto-alegrense. Na história que conheço de campeonatos gaúchos (dos últimos 42 anos), não me lembro de ter perdido duas da três primeiras partidas. Os brasileiros devemos reconhecer que há uma decadência em âmbito nacional, mas não precisa ser assim de uma forma tão escrachada. 

SUGESTÃO

Sugiro aos lavadores de calçada que esperem essas mangas de chuva (as quais têm ocorrido todas as semanas) para satisfazer seus desejos neuróticos (cuja origem inconsciente remonta à fase anal do desenvolvimento da personalidade). Na hora em que a chuva começa, saiam para as calçadas com vassoura e sabão, façam o serviço. 
Falar em "fase anal do desenvolvimento da personalidade", reconheço, constitui um exagero. Peço desculpa aos meus leitores que não têm noção de Psicologia. 

ÁGUA FORA

Mais lavação de calçada nesta segunda-feira quente desde cedo: Plazza - Centro Clínico, rua Benjamin Constant (em frente à Pracinha de Brinquedo). Antes de passar pelo local, encontrei a água limpa a correr junto ao meio-fio. O líquido já dobrara a esquina com a Mal. Deodoro,  seguindo na direção do antigo Chaparral. Logo ele se juntará à cloaca da cidade, contaminando-se ainda mais. 

HITLER PINTOR

A tela acima, Maritime Nocturno, com dimensões de 60 x 48 cm, foi pintada por Adolf Hitler, quando  ele tinha 23 anos de idade e vivia em Viena. A pintura foi a primeira investida do futuro líder nazista. Ontem o quadro foi leiloado pela bagatela de 73,5 mil reais. 

domingo, 29 de janeiro de 2012

CONVERSA DA OPOSIÇÃO

Um assunto puxa outro. 
Ontem, ao descer à rua, ouvi uma conversa entre dois petistas: "Com  o asfalto, ele nem precisa fazer campanha para se (re)eleger".
Claro que se referiam ao Júlio Ruivo.
Na hora lembrei a história do velho, do menino e do burro. Independentemente da maneira que os três personagens se deslocavam, os maledicentes de plantão apontavam o  equívoco.
A inexistência de asfalto era uma velha cantilena dos inconformados, entre os quais nossos visitantes. Agora que as ruas principais recebem a primeira camada do pavimento, os inconformados denunciam que o trabalho não foi bem feito (antes que ele se conclua, diga-se de passagem).
Os ecologistas asseguram que o antigo calçamento com pedras era mais correto, uma vez que permite maior absorção das águas pluviais. Os poetas, saudosistas, cantam o tempo dos paralelepípedos. Para estes, o breu do novo piso é antiestético. 
Agora essa desculpa oposicionista: o asfalto reelegerá o atual prefeito. 

RUA BENTO GONÇALVES

Os moradores e comerciantes da Bento Gonçalves, principalmente das quadras compreendidas entre a Getúlio Vargas e a João Escobar Carpes (do Posto do Macarrão à Padaria Fronteira), não estão contentes com a demora para a colocação da primeira camada de asfalto. Em frente ao mercado Pão e Grãos e Madalosso Distribuidora de Água e Gás, a poeira incomoda, exigindo um trabalho diário de limpeza nos produtos expostos nas prateleiras. Não bastasse a poeira, há a situação do estacionamento. Como a rua não é Zona Azul, as vagas encontram-se ocupadas da manhã à tarde, sem espaço para os clientes  ou fornecedores (os quais empregam veículos maiores). Quem estaciona seus automóveis ali? As mesmas pessoas que antes estacionavam na Pinheiro Machado. O problema apontado pelos comerciantes, que têm seus estabelecimentos dentro da Zona Azul, é de que os clientes deixam de chegar, em razão do pagamento. Os comerciantes da zona livre (acima delimitada) também se queixam pelo motivo de não haver vagas. Um deles me disse que prefere estacionamento pago na Bento (e que o trabalho de asfaltamento seja realizado o mais breve possível).  

ÁGUA (OUTRA VEZ)

Ainda referente à dicotomia abaixo, o homem fez suas vestes, construiu suas casas, produziu alimentos etc., mas depende inteiramente da natureza em relação à água. A despeito dessa dependência, ele fez pior, desperdiçando a substância, esgotando suas fontes, contaminando seus cursos naturais. 
Hoje um restaurante da Rua dos Poetas lavava a ampla calçada em frente, usando a chamada "vassoura hidráulica". 
Não demora, uma lei deverá ser criada por nossos legisladores, proibindo o uso abusivo da água. 
Aos construtores de edificações sugiro que incluam em seus projetos doravante uma cisterna para captar a água da chuva. Como fez o João Lemes em sua casa no Zamperetti. 

sábado, 28 de janeiro de 2012

NATUREZA X ARTIFÍCIO

Mais uma vez, mudo o foco de minhas postagens para retomar uma ideia já desenvolvida neste blog. O homem se sobrepôs à natureza (da qual ele é parte), para criar um mundo artificial, onde pudesse viver melhor. Sem o artifício ele não teria evoluído com a mesma facilidade. A ferramenta (de pedra, de madeira, ou de metal), a casa, a agricultura, a domesticação de animais, o meio de transporte, tudo contribuiu para sua sobrevivência, com um acréscimo de domínio sobre a natureza. Em certos aspectos, reconhece a consciência autocrítica nestes dias, a (transform)ação humana foi além da medida. A  natureza necessita de um tempo para se recuperar dos estragos. Infelizmente, o agressor não lhe dá esse tempo. 

A PROPÓSITO


Certamente, a Pintura é a mais antiga das artes executadas pelo homem. Não há provas de música e poesia, por exemplo, desde o paleolítico. A própria história dessa arte é destacada por uma beleza transcendente (da mesma forma, a história da música e da poesia).  

GRANDES MESTRES


A partir desta semana, a Abril lança a coleção Grandes Mestres da pintura universal. O primeiro volume trata do genial Leonardo da Vinci. Na próxima, o artista da vez é Van Gogh. 
"Os livros trazem imagens em alta definição, com riqueza de detalhes, impressão em papel nobre e acabamento luxuoso. Uma caixa premium acondiciona cada volume." 
Nas bancas, por R$ 19,90. 
A coleção completa: Leonardo da Vinci, Van Gogh, Monet, Michelangelo, Picasso, Dalí, Rembrandt, Goya, Cézanne, Manet, Modigliani, Kandisky, Bosch, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Boticelli, Degas, Velásquez, Renoir, Matisse, Delacroix, Caravaggio, Rafael, Giotto e Rubens.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A IMIGRANTE

A imigrante, 1887, óleo sobre tela, 143 x 89, 
de Luigi Napoleone Grady (Milão, Itália).

Toda vez que frequentei o Museu de Artes do Rio Grande do Sul (MARGS), postei-me diante dessa tela, encantado com o olhar saudoso da moça (em primeiro plano), com o oceano (em segundo plano) e com a nesga de um céu amarelo (em terceiro plano). Há uma coerência muito grande nessa pintura. Sempre vi nela a imagem da minha bisavó que veio da Itália com 15/16 anos, nos mesmos anos oitenta do século XIX. Seu nome era Tereza Crestani.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

FINALMENTE


O livro Rúbida Rosa está pronto. As correções foram feitas pela editora dois meses depois do lançamento na Feira do Livro de Santiago. A obra marca a presença de Erilaine Perez na reduzida plêiade da Terra dos Poetas.  

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

LIVROS INDISPENSÁVEIS

Último período da postagem abaixo (Big Brother): Em cada casa deste país, há um, dois ou três televisores. Estante com livros é uma raridade. Dessa forma... 
Dessa forma, fica claro que a maioria vê televisão (como um alienado, sem a criticidade que desenvolve a leitura). 
Em minha casa, por exemplo, as estantes se encontram vergadas com os dois mil livros que adquiri desde os anos oitenta. Livros escolhidos a dedo.
De George Orwell, disponho de A Revolução dos Bichos e 1984. Nos os tenho para enfeite. O primeiro já li três vezes (em tempos diferentes). Penso que todos deveriam ler esses dois livros.
Não necessito do Google para fazer citações de obras. Em alguns casos, entre os quais um poema de Cecília Meireles, aponto o equívoco na transcrição hipertextual.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

DEPOIS DOS CINQUENTA

Depois dos cinquenta, o aniversariante não completa tantas primaveras, mas tantos outonos. As folhas que encimam sua fronte, ou diminuíram em número, ou adquiriram uma tonalidade embranquecida. O florescimento de sua alma ocorre muito antes, quando o sol da juventude alcança o zênite do próprio curso. Os frutos de seu trabalho demoram a amadurecer, mas são plenamente doces depois dos cinquenta.
Feliz aniversário para mim!

BIG BROTHER


Enunciado nº 1: Big Brother é literatura. 
Enunciado nº 2: Quem assiste ao Big Brother é analfabeto funcional.
Estranhamente, não há contradição entre os dois enunciados, uma vez que se referem a objetos distintos. No primeiro, trata-se de um personagem do romance antiutópico 1984, de George Orwell. No segundo, trata-se do reality show da TV Globo, hoje em sua 12ª edição.
Em relação ao enunciado nº 1, muita coisa poderia ser escrita, correndo-se o risco de repetir uma das análises feitas desde 1949, ano de lançamento da obra orwelliana. Em síntese, 1984 é um alerta para os extremos da política totalitária que se vislumbrava, principalmente, para as doutrinas marxistas-leninistas.
A tese é esboçada no enunciado nº 2.
O telespectador que vê (e paga para ver) cenas libidinosas mais ou menos encobertas pelo edredom tem o perfil muito parecido com quem assiste às telenovelas. À mãe que viu Fina Estampa juntam-se o pai (que vira o Jornal Nacional) e os filhos adolescentes (que estiveram conectados à rede). O Big Brother, isso é inegável, consegue trazer toda a família para o sofá. Esse novo totem, a televisão, numa função exatamente oposta à cultuada pelas sociedades primitivas, nega a moral vigente, detonando com os últimos tabus relacionados à sexualidade humana.
Salvo exceções, quem vê tv não lê (o que vê, inclusive). Leitura de texto impresso (livro, revista, jornal etc.) e eletrônico (hipertexto). Por que não lê? Na prática, ver televisão ocupa um tempo precioso na vida do indivíduo, que deixa de ser destinado à leitura. Na teoria, o leitor, que mereça ser assim denominado, desenvolve a criticidade minimamente indispensável para superar a videotia.
Em cada casa deste país, há um, dois ou três televisores. Estante com livros é uma raridade. Dessa forma...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

COMENTÁRIOS DIVERSOS

Nesta manhã, fui ao escritório do dr. Valdir para ler as manchetes dos jornais que ele recebe e bater um papo com o Gireli. Hoje falamos da política santiaguense. Antes de nos despedir, ele me passou o impresso abaixo

Meu amigo pensador é  leniente em sua avaliação: o futuro não poderá ser vítima do passado, já é vítima. A prova está no presente, que era futuro até ontem.
***
Também me encontrei com Otelo Ribeiro. Mostrou-me um calendário gaúcho ilustrado por ele. Os dias da semana são: tresontonte, ontonte, onte, hoje, amanhã, depois de amanhã e domingo.
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Ontem fiz um churrasco na casa de meu pai, no Rincão dos Machado. O tempo preparava umas mangas de chuva. Entre cinco e seis horas da tarde, despencou água de encher os olhos. Para comemorar, minha irmã fez bolinho de chuva.
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A Tânia está de férias. Veio descansar de Porto Alegre. Natália, sua filha, passou no vestibular da UFRGS, curso de Engenharia Hídrica. 

sábado, 21 de janeiro de 2012

CÂMERA 2

Destaco do Zero Hora deste sábado a charge do Iotti.



Dedico aos românticos de esquerda que colocam um coração no lugar da caveira amordaçada. 
O dissidente cubano Willman Villar Mendoza, 31 anos, morreu na quinta-feira em decorrência de maus tratos e de uma greve de fome na cadeia.
Nesse país comunista, os cidadãos não são livres. Todavia, seus adoradores brasileiros (românticos desde a revolução de Fidel Castro) ainda falam em democracia por aqui. 

SEM ÁGUA (II)

A água retornou às 2 horas deste sábado, quando ninguém mais a usava no condomínio. Tomei meu banho (desligando o chuveiro para me ensaboar). No Rincão dos Machado, lembro-me de que, durante os períodos de seca, pegava o sabão caseiro e corria à restinga, onde algum poço resistia entre as pedras. Naquele tempo, a simplicidade fazia parte da vida no campo. A rusticidade me preparava para suportar o pior. Não me perguntava se era feliz ou não, num estado que seria mais tarde modificado pela razão. Jamais imaginaria, naqueles anos, que, no futuro, aguardaria ansiosamente a água sair da ponta de um cano para tomar um banho.  

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

SEM ÁGUA

Desde o início da noite, o edifício onde moro ficou sem água. Já é madrugada, e aguardo a água voltar, uma vez que não durmo sem banho. Na hora em que lavava os copos de vidro ontem, procurando fazê-lo com a menor quantidade de água, pensei que a falta ocorreria por alguma razão (inclusive a de que meus vizinhos não têm o mesmo cuidado com o consumo). A caixa d'água do prédio deve ser grande, todavia mais rápido se esvazia a partir do momento em que sabem que cessou o abastecimento da Corsan.

PETER SINGER

Um assunto puxa outro (numa cadeia que pode se estender ao infinito). Meu blog mantém uma certa coerência temática em pequenos blocos de postagens. Mudanças bruscas ocorrem, provocadas por uma fato, uma ideia. 
Sobre o especismo ainda, cito o filósofo australiano Peter Singer (de quem li dois livros extraordinários: Vida ética e Ética prática). 
Ele escreve em Ética prática:
"Talvez o campo no qual o especismo possa ser mais claramente observado seja o  da utilização de animais em experiências. Aqui, a questão se coloca em toda a sua plenitude, pois os que fazem tais experiências quase sempre tentam justificara sua realização com animais com a alegação de que as experiências nos levam a descobertas sobre os seres humanos; se assim for, essas pessoas devem concordar com a afirmação de que os seres humanos e os animais são semelhantes em aspectos cruciais. Por exemplo: se o fato de forçar um rato a escolher entre morrer de fome e atravessar uma grade eletrificada para conseguir comida nos diz alguma coisa sobre as reações dos seres humanos ao estresse, devemos admitir que o rato sente estresse quando colocado nesse tipo de situação".
O filósofo defende que o princípio da igual consideração de interesses deve fundamentar nossa relação com outras espécies. 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

ESPECISMO

Na postagem abaixo, empreguei o termo especismo, que ainda não consta no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. O psicólogo inglês Richard D. Ryder o inventou, e o zoólogo Richard Dawkins (de mesma nacionalidade) o tornou mais conhecido. 
"Especismo" significa a discriminação praticada pelo homem contra outras espécies de animais, notadamente os domesticados.
No caso da água ficar ainda mais escassa, não há dúvida, o homem não a dividirá com os animais. 
Minha amiga Fátima Friedriczewski (ao ler essa frase) deve ficar de cabelo em pé, achar uma grande crueldade humana, mas é isso mesmo. 
Nas proibições decretadas pelo poder público de Maçambará inclui-se a de não dar água aos animais. 
Salvo raríssimas exceções, o homem sempre agirá em favor de si mesmo, principalmente quando seu bem-estar é ameaçado. Nessas circunstâncias, não apenas os animais são descartados, mas inclusive seus semelhantes. O capitão Schettino, que fugiu ao ver seu navio adernar, fez o que a maioria dos indivíduos faria diante do risco da própria morte. 
Contra as leis, a moral, o altruísmo (mais idealizado que real), existem as pulsões, os desejos, os medos (que são a essência vital do individuo). 

DEPENDÊNCIA DO ESTADO

Hoje o indivíduo não vive sem o Estado, que deve representar, antes de qualquer coisa, a grande moral. Sem leis, o caos se institui em todos os âmbitos sociais. 
O emprego racional da água necessita de ordem. O Estado deve se adiantar no sentido de antecipar uma solução para os futuros problemas (já vividos em razão da escassez desse bem natural). 
Ontem a 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada recebeu um ofício da prefeitura de Unistalda, solicitando o empréstimo de um caminhão-pipa para abastecer certas localidades daquele município. Em Maçambará começa a faltar água potável. Uma série de proibições foram decretadas nesse município, como regar ou irrigar, lavar carro ou calçada, dar aos animais (que sincera demonstração de especismo). 
No Rincão dos Machado, em meu tempo de menino, não dependíamos do Estado. A seca chegava, e nós passávamos a carregar água de algum olho-d'água distante. Era trabalhoso. Agora a prefeitura de Santiago bancou a abertura de um poço (semi)artesiano para a comunidade local. Isso não significa que meus parentes ficaram tão vulneráveis quanto esta gente na cidade (inteiramente dependente do Estado para fornecimento de água). 
O homem do campo, um forte, necessitará do apoio do Estado para renegociar as dívidas que advirão com os prejuízos na lavoura. A seca é passageira, mas seus efeitos  na economia rural são de um ano no mínimo. A água voltará com as primeiras chuvas, o dinheiro não.

PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE

A limpeza de calçada com mangueira ou lava-jato continua em Santiago. Ontem era lavada a calçada de uma loja em frente ao Apolinário Porto Alegre. A pessoa que usa a água para esse fim não tem consciência de um princípio que nega esse (pseudo)direito, o da universalidade.
Futuramente, leis deverão ser criadas para evitar o desperdício de água. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O ENCONTRO

no meio
da noite
canta o rouxinol
canta
para o encontro
entre a Lua
e o Sol
___________
Todas as lendas, os mitos, as histórias, os poetas e as percepções do senso comum estiveram equivocados até hoje ao conceberem a noite como um momento de desencontro entre a Lua e o Sol. Visto de onde está o observador (na Terra), esse encontro ocorre mais intensamente à noite, cujo cone de sombra não impede o contato direto entre aqueles astros. O luar é a prova do amplexo de luz com que uma é envolvida pelo outro.

domingo, 15 de janeiro de 2012

FREUD E EU

Leio no ensaio Dostoievski y el parricidio, de Freud, que o parricídio é o crime primordial tanto da humanidade como do indivíduo. (O parricídio seria a principal fonte do sentimento de culpa.) Penso na mitologia hebraico-cristã, cuja história começa com um ato de desobediência, seguido de um fratricídio. Ela negaria a concepção freudiana? Não. O parricídio ocorreria mais tarde, quando Jesus Cristo, fiel representante do Pai celestial foi crucificado. Sem esse sacrifício, o sentimento de culpa não seria suficientemente forte para a fixação dos preceitos cristãos. Por isso o cristianismo se tornou dominante, excedendo o próprio judaísmo (que estagnou nas velhas leis não instituídas pelo sangue, sofrimento e morte). A cruz é o símbolo do parricídio representativo, em cuja sombra se desenvolveu a civilização ocidental. 

RACIOCÍNIO

Nos comentários abaixo, cito as cidades como sendo o câncer dos rios. Há muito escrevi isso e isto: constitui um equívoco dizer que os rios atravessam as cidades (o Tietê, São Paulo, por exemplo). Foram as cidades que se atravessaram no fluídico e natural caminho dos rios. Pela genealogia, que institui um valor, os rios vieram primeiro.
Pois bem, tenho pensado muito na seguinte questão: não haveria como ser diferente, isto é, as cidades não atacarem os rios, como um câncer ataca um organismo vivo. Mesmo que os homens da Idade Média (quando começou a formação dos burgos) tivesse consciência do mal que seu hábito de cagar no rio representasse um mal, ainda assim, ele não poderia evitá-lo ab origine. A imposição da realidade no curso histórico é evidente. Por exemplo, as duas grandes guerras, ocorridas no século XX, jamais seriam evitadas por qualquer cabeça humana. Elas se justificam historicamente. Aliás, as cabeças mais evoluídas da época acabaram conspirando para que as guerras se tornassem reais. No caso dos arrozeiros, os quais secam os rios, visando à otimização de sua produção agrícola, poderia ser diferente? Não. A chamada consciência ecológica é impotente para impedir a pulsão (que é de natureza inconsciente) que motiva o indivíduo a lucrar, a enriquecer. O homem destruirá o planeta, a despeito de sua razão possa se mobilizar no sentido de impedir que isso ocorra. 
Você é capaz de compreender e de aceitar o raciocínio acima?

COMENTÁRIOS DIVERSOS

Nossa blogosfera sofreria uma solução de continuidade nos fins de semana, não fosse a frequência de dois ou três blogueiros (entre os quais me incluo). 
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Poucos são os que, assumindo a condição de sujeito, aceitam o diálogo a partir do meu enunciado. Perdão, não fui preciso: poucos é muito, são raríssimos meus interlocutor. O inverso não é verdadeiro. Desde que criei este blog, tenho me interessado amiúde pela enunciação de meus companheiros hipertextuais.
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A seca vem se constituindo num tema recorrente da mídia regional. O assunto se amplia em todas as direções, sobretudo na que aponta para o prejuízo causado à lavoura. Queira ou não, a base da nossa economia é a mesma de 10 mil anos atrás: a agricultura e a criação de animais. Este ano, infelizmente, começamos com os pés de feijão não florescendo e  as vacas magras. 
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A estiagem nos levou ao rio Jaguari, motivo de capa do Expresso Ilustrado que circula desde sexta-feira. A questão levantado pelo Júlio Prates é interessante. Como um rio que seca pode abrigar uma usina hidrelétrica? O volume de água que move as  turbinas nunca deverá ser maior que o volume que alimenta a barragem, independentemente do tamanho desta. Caso contrário, a barragem secaria em pouco tempo. A finalidade da represa é de criar energia potencial.
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No caso desse rio, evidencia-se a interferência nefasta do homem, tornando-o mais vulnerável à estiagem. Num primeiro tempo, houve uma redução significativa da mata ciliar, seja para a extração da madeira, seja para fazer a roça, seja para ampliar os campos. Num segundo, o rio passou a fornecer água para a irrigação das lavouras de arroz. (Na China, essa água também vem dos poços artesianos. Imaginam se os nossos arrozeiros explorassem esse recurso?) A metade sul pobre do Estado, no afã de enriquecer, ataca os já assoreados rios locais, entre eles o Toropi, o Cacequi, o Santa Maria, o Jaguari, o Ibicuí etc. 
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As cidades são o câncer dos rios (esta ideia é minha, modéstia à parte). Os arrozeiros, no campo, uma espécie de parasita. 

sábado, 14 de janeiro de 2012

HARRY POTTER, COELHO E TELÓ

Em sua coluna do Correio do Povo de quinta-feira, O império da grana, Juremir Machado da Silva escreve sobre as declarações nada convencionais do ator Daniel Radcliffe. O protagonista da série Harry Potter confessa que ganhou tanto dinheiro com os filmes que se sente ridículo, porque acha que não merecia tanto. 
O que me levou a fazer esta postagem é a opinião do colunista, de que "Harry Potter serve para formar os futuros leitores de Paulo Coelho e talvez os alegres fãs de Michel Teló". 
Há um exagero do Juremir com essa associação meio esdrúxula. Aqui, na Terra dos Poetas, não me arriscaria a fazê-la sem correr o risco de parecer um tanto pedante. Penso (sempre preferível a "acho") que todo leitor deve começar forçosamente por algum tipo de leitura. Harry Potter não pode ser descartado como uma iniciação. Os livros da série Crepúsculo, por exemplo, fizeram milhões de leitores mundo afora. Certamente, uma parcela deles continuará a ler outras literaturas, com mais qualidade é obvio. 
Em relação à música popular, não é seguro afirmar que o mesmo processo evolutivo ocorra. A estagnação (ou alienação) é a regra.  

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

GIGANTE MALFERIDO

Extraordinária a foto de capa do Expresso Ilustrado desta sexta-feira, que mostra um rio Jaguari visto raríssimas vezes, a partir de seu leito (como no primeiro plano). O tom avermelhado de seu baixo relevo pode ser comparado às vísceras de um gigante malferido temporariamente. Pelo verde ainda vivo de suas margens, revela a maior vulnerabilidade à estiagem. Como se apresentaria ele (o rio), se a mata ciliar já tivesse secado? Trágico o destino dele, que encontrou em seu caminho o homem, cuja presença devastadora é registrada no canto inferior da imagem. 
(Nunca vi o Jaguari assim, mais seco que o meu Rosário.)    

SECA

Seca a vertente, o poço, o rio, a bica, o balde, a bomba, o campo, o mato, o ar, a terra, a bolsa, o bolso, o olho (perscrutando o céu), a pele, a boca, a alma, o homem (que seca a seca). 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

UM COMENTÁRIO APENAS

A propósito, o diálogo é uma das três  formas que disponho para evoluir culturalmente. As outras duas: leituras e viagens. Na Grécia Antiga, principalmente em Atenas, o diálogo fez escola (nas ágoras, figurativamente, e nas academias, ao pé da letra). Platão transpôs esse gênero para a escrita, cuja perfeição não mais foi alcançada por outro intelecto. Muito aprendi dialogando, seja com um professor, seja com um amigo, seja com um desconhecido inclusive. O livro se aproxima muito do diálogo, uma vez que transformo seu autor em meu interlocutor. A viagem propicia a observação de dados novos, desde um simples aspecto geográfico (diferente de tudo o que cercou meu mundo até então) ao contato com pessoas diferentes. 

DIÁLOGO

GIRELI – Ontem foi um dia cheio pra mim. Andei de um lugar a outro, muito preocupado com o roteiro de venda obrigado a cumprir pela região. Próximo a Jaguari, encontrei alguém com uma enxada ao ombro, assobiando uma canção nativista. Naquele momento, queria ser igual a ele.
F. – O homem do interior é mais feliz. Sua meta é a lavoura. O grande dissabor que lhe ocorre é de vez em quando uma seca, um temporal de quando em vez.
GIRELI – Um temporal que existe fora dele.
F. – Diante do qual, nada pode fazer.
GIRELI – Sim. O temporal acaba com a plantação em poucos minutos, não com a expectativa do replantio ou da próxima safra.
F. – Perdido um ciclo, um novo se inicia sempre promissor.
GIRELI – O “temporal” que fazemos na cidade (por nossa conta, por nosso estresse), o “temporal” que fazemos em nossas vidas não existe.
F. – É de natureza psicológica, beira uma neurose.
GIRELI – A casa em que moro não dispõe de um quintal, faria uma horta, meteria a mão na terra.
F. – Uma pesquisa com camponeses canadenses, li isso em alguma parte, apontava-os como as pessoas mais felizes do planeta.
GIRELI – Guardadas as distâncias, aqui há uma semelhança.
F. – Apesar de a cidade ter alastrado seus domínios para muito além do perímetro urbanizado.
GIRELI – Levando seus temporais...
F. – Mas não continuará assim. Há um movimento, que ganha adeptos em diferentes partes do mundo, pelo retorno à simplicidade, à natureza (quase autossustentável, ecologicamente correto).
* * * 
O diálogo acima é a reconstituição de uma conversa que tive com meu amigo Juarez Gireli (no escritório do Dr. Valdir Pinto). O Gireli personifica uma combinação rara: humildade e inteligência. Por alguns anos, ele foi vendedor e viajava para as cidades vizinhas. 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

TRAGÉDIA / FATALIDADE

O que é trágico, o que é fatal? Tudo o que acontece de ruim ao homem que ele não pode evitar. Ponto. Qualquer outra significação dada a esses termos contribui para a babel, para o desentendimento. Depois que os deuses foram desmistificados, incapazes de causar danos aos seus criadores, os homens, trágicos/ fatais são os fenômenos da natureza, como o raio, o vendaval, o terremoto, o tsunami, a erupção vulcânica etc. (sempre sem vírgula entre o último termo e "etc"). Não é trágico um avião que cai, um navio que afunda, um automóvel que se espatifa contra um rochedo, algumas doenças, o assassinato em série, um incêndio etc. A morte das três crianças em Itaqui não é uma tragédia, poderia ser evitada. O homem deve pensar nessas coisa antes que o acidente ocorra. Não dobre à esquerda, não ultrapasse o limite de velocidade etc. 

BERTOLT BRECHT

"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem."
O subentendido dessa frase de Brecht é que as margens são responsáveis pela violência do rio - por motivos óbvios. A despeito dessa obviedade, o que passa à compreensão do senso comum, todavia, é a culpa do rio. 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

MUITO TRISTE

Muito triste a morte das três crianças em Itaqui. A dor que estão sentindo os pais é maior que o mundo (acrescida pelo sentimento de culpa). Não entendo por que não há um filtro primário (uma tela) no tubo de captação da água. Em 1977, quando morei com um tio na rua Padre Arthur, na Vila Belizário, acompanhei o resgate de dois funcionários da Cooperativa Tritícola, que morreram afogados dentro do silo de secagem, sob uma montanha de soja. Também eles foram sugados pela bomba. 

COINCIDÊNCIA


Os dois jornais de maior circulação no Rio Grande do Sul, Zero Hora e Correio do Povo, hoje estampam sua capa com a mesmíssima foto. Não me lembro de tal coincidência em edições anteriores.  

domingo, 8 de janeiro de 2012

GRANDE FREUD

"A CONSCIÊNCIA MORAL É A CONSEQUÊNCIA DA RENÚNCIA DO PULSIONAL;
DE OUTRO MODO: A RENÚNCIA DO PULSIONAL (IMPOSTA DE FORA) CRIA A CONSCIÊNCIA MORAL, QUE DEPOIS RECLAMA MAIS E MAIS RENÚNCIAS"
(Extraído de El malestar en la cultura, de Sigmund Freud.)

MEDIDA OU LINGUAGEM?

O sofista mais conhecido na história do pensamento grego foi Protágoras de Abdera, contemporâneo de Sócrates e (como este) também perseguido por ateísmo. 
A frase síntese da filosofia relativística de Protágoras é a seguinte:
"O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são".
Ontem, ao tentar produzir um poema, escrevi o verso
"o homem é a linguagem das coisas".
Esse verso, a propósito, fecha com a ideia de Sócrates, desenvolvida por Aristóteles mais tarde: cada coisa teria um conceito absoluto, gênese de toda ciência. 

sábado, 7 de janeiro de 2012

MEUS LIVROS

A partir de hoje, passa a ilustrar este blog a imagem dos meus três livros: Ponteiros de palavra (poesia), Vozes e vertentes (poesia) e O fogo das palavras (crônica e ensaio). 

ÁGUA

Santiago é uma cidade também privilegiada por seu abastecimento de água, quanto à qualidade e quantidade. Nossa barragem é possante (cuja construção coube a militares, diga-se de passagem). Há um contrato entre Prefeitura e Corsan que prevê a construção de uma nova barragem. Acho mais importante o tratamento do esgoto. 
Independentemente (sempre "independentemente", ao invés de "independente") do privilégio de dispormos de água tratada em pleno período de seca, não dá o direito a certas pessoas ou instituições (como o Banco do Brasil) de lavar a calçada com lava-jato. Isso é moral. Ética para os indivíduos mais evoluídos.  

NÃO ESTOU SOZINHO

Ainda bem que não estou sozinho na questão da água, na visão antecipada de que tampouco os poços (semi)artesianos trazem a solução. Eles já apresentam um problema sério: o esgotamento. Cansei de escrever que, mesmo que não secassem, eles correm o risco da sujidade humana. O Denilson Cortes, do Expresso Ilustrado/Nova Pauta, passou a compreender o verdadeiro problema ambiental, que não o de simplesmente execrar o emprego das sacolinhas plásticas.  

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

SUICÍDIO

Em minha coluna do Expresso Ilustrado de hoje, escrevi uma crônica mais ou menos histórica acerca do suicídio de Vincent van Gogh. A revista VEJA, há alguns meses, publicou uma reportagem com outra versão para a morte do grande pintor holandês. Ele teria sido atingido por um tiro de espingarda, desferido por um  moleque que o espezinhava toda vez que ia pintar ao natural (nos campos ao redor de Auvers, a sessenta quilômetros de Paris). 
O suicídio, que Albert Camus pensou ser o mais sério dos problema filosóficos, de tempo em tempo, volta a ser tema de minhas reflexões.
Ontem, à tarde, meu primo José Geraldo Dalenogare cometeu suicídio, dando fim a uma depressão que o atormentava há muitos anos. Após esta postagem, irei à Capela Andres, onde Geraldo é velado até às 18 horas. 
Sua doença, aparentemente, não se  originava de algum motivo externo. Aparentemente. Todos sabemos que há influência genética para o comportamento depressivo. Van Gogh sofria de depressão,  mal que também atingiu seu irmão, Théo (quatro anos mais novo).
Van Gogh deu um tiro contra o próprio peito. O Geraldo, filho da finada tia Cema, usou uma corda. 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

BIANCHINI E BUENO

Às vezes, intrometo-me nesses assuntos em que o Júlio Prates é nosso melhor analista. Para provocá-lo (no bom sentido, obviamente), adianto-me à sua avaliação do momento político santiaguense. Pelas críticas ao governo municipal, até um certo ponto suspeitáveis, BIANCHINI e BUENO (não necessariamente nessa ordem) devem constituir a grande frente oposicionista para a próxima eleição). Não sei precisar se tal aproximação é natural ou artificiada. Pela primeira vez, os dois afinaram seus discursos, aliaram forças contra o  Júlio Ruivo.
O positivo dessa pré-definição é que muitos candidatos pretensiosos, que cospem ao falar, são previamente eliminados.  
(Depois de fazer esta postagem, fui ao blog do Prates. Fechou todas.)

HERÓI???

Há um revanchismo político contra a ordem anticomunista em nosso país, que impediu nos anos sessenta e setenta uma cubanização instituída, um alinhamento soviético do governo. Esse revanchismo é evidente,  oficializado, distorcendo os fatos para justificar a si mesmo. 
A última, pasmem aqueles que reconhecem o regime democrático hoje existente (por suas causas), consiste em chamar um terrorista de "herói do povo brasileiro". Assim, sou obrigado a romper o silêncio, dispondo de um espaço midiático mil vezes preferível ao fuzil (que também o empregaria se não houvesse outra opção). 
Palmas para Reinaldo Azevedo, que escreve "Carlos Marighella, chefe do grupo terrorista “Ação Libertadora Nacional” (ALN), foi homenageado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Declarou, então, a conselheira Ana Maria Guedes: 'A Comissão da Anistia, em nome do Estado brasileiro, faz os mais sinceros pedidos de desculpas pelas atrocidades que foram cometidas contra o herói do povo brasileiro, Carlos Marighella'”. 
Não entendo essa reversão histórica. Por acaso, ainda existe algum comunista ressentido em nosso território? Não aprenderam com o Lula? 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O LOBO DA ESTEPE

Da pintura para a literatura. 
Ao procurar na minha biblioteca encaixotada o livro Sede de viver, sobre a vida trágica de Van Gogh, encontrei O lobo da estepe, de Hermann Hesse. Lembrei de um trecho extraordinário, em que um dos personagens (Sr. Haller) lê para o narrador, citando Novalis. 
"Ouça: 'A maioria dos homens não quer nadar antes que o possa fazer'. Não é engraçado? Naturalmente, não querem nadar. Nasceram para andar na terra e não para a água. E, naturalmente, não querem pensar: foram criados para viver e não para pensar! Isto mesmo! E quem pensa, quem faz do pensamento sua principal atividade, pode chegar muito longe com isso, mas, sem dúvida estará confundindo a terra com a água e um dia morrerá afogado".
O livro em que iluminei esse excerto não foi o da primeira leitura (que fizera nos anos oitenta). Como este não era meu, ou se perdera em minhas mudanças ciganas, comprei um novo exemplar apenas para relembrar a passagem acima destacada. 

MERCADO (AINDA)

O quadro mais caro da história foi esse, pintado por JACKSON POLLOCK, artista plástico dos Estados Unidos. A pintura No. 5 foi vendida pela bagatela de 140 milhões de dólares. 

MERCADO TERRÍVEL

O quadro acima, Seara vermelha, que também aparece com outros nomes, como A vinha vermelha, O vinhedo vermelho, ou A parreira vermelha, ficou famoso em razão de ter sido o único a ser vendido em vida por Van Gogh. O valor foi de 400 francos. Hoje suas telas estão entre as mais caras, como o Retrato do Doutor Gachet, que foi leiloado em 1990 por 82,5 milhões de dólares.  

CRÔNICA DE UM SUICÍDIO


Depois do almoço de domingo, ele deixa o café-hotel com uma arma de fogo no bolso (pistola ou revólver?). Não leva seus pincéis, tintas e cavalete para trabalhos externos, como o fazia desde sua chegada a Auvers. Há poucos dias, teve um encontro com o irmão, que sempre o ajudou financeiramente. Theo encontra-se com dificuldades sérias: o filho esteve à morte, desempregado, com nefrite... Pensa deixar a grande capital, ir para junto dos pais. Ele sente pelo afastamento do irmão, um desamparo difícil de suportar. Nessa tarde, perambula sem destino definido, um pouco aquém da loucura e dos trigais maduros (onde pintou sua última tela). Para o estranhamento dos donos do café, ele volta apenas no entardecer. A senhora Ravoux percebe a dificuldade em andar de seu hóspede. O senhor Ravoux vai ao quarto do pintor, encontra-o encolhido na cama. Para responder à pergunta se estava bem, ele abre a camisa e mostra uma pequena ferida na altura do coração. O dr. Gachet é chamado, o qual atesta que a bala desviara na quinta costela, alojando-se num lugar impossível de ser extraída. Ele padece por toda a noite. Seu irmão vem vê-lo na manhã seguinte. Não arreda o pé do quarto, trocando algumas palavras com o paciente (que pede para fumar um cachimbo). Na madrugada de 29 de julho de 1890, Vincent Van Gogh deixa de agonizar, morre aos 37 anos de idade.
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Em Van Gogh, o suicida da sociedade, Antonin M.J. Artaud escreve:
“Não há fantasmas nos quadros de van Gogh, não há visões nem alucinações.
É a tórrida verdade de um sol de duas horas da tarde.
Um lento pesadelo genésico pouco a pouco elucidado”.
Baseado na versão mais conhecida da morte de Van Gogh, escrevi a crônica acima. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A PASSAGEM DO ANO

Vocês repararam como este ano já está passando! Já passou um dia, uma madrugada e algumas horas da manhã. Não se surpreendem, de repente há de passar janeiro, o carnaval, as férias, a páscoa, o desfile da pátria, a semana farroupilha, o ano letivo, o Natal e... mais uma passagem de ano.