sábado, 25 de junho de 2011

POETA EM SANTIAGO

Hoje o Dr. Valdir me emprestou o caderno de Versos do Cônego Heitor Rossato, organizado pelo autor em junho de 1959. O padre Rossato escreveu como seus contemporâneo e amigos, Cecito e Aureliano. Abaixo, transcreverei alguns excertos que justificam minha apreciação. Antes de fazê-lo, todavia, aproveito a oportunidade para revelar-lhes que o padre Rossato viveu uma história de amor com uma moça da sociedade santiaguense. Rossato e essa moça se apaixonaram. A cidade se agitou com esse amor. O padre, segundo Dr. Valdir,  aconselhou-se com o amigo Cecito, que o apoiou no intento de renunciar ao sacerdócio. Feito após o desejado, ele e a moça casaram-se (e foram felizes para sempre). 
Ao buscar no Google pelo padre Heitor Rossato, encontro o livro As mais belas poesias gauchescas (volume 2), compilado por Luiz Alberto Ibarra, em que o poeta quase santiaguense participa da antologia com dois poemas: Lagoa do campo e Sextilha
Do caderno que leio neste momento, destaco alguns excertos antológicos:
Amor próprio em trocadilho,
como engana, como ilude:
- virtude alheia é defeito,
defeito próprio é virtude.

A virtude e o chimarrão
são parecidos os dois...
no começo gosto amargo,
mas que doçura depois...

Saudade, lembrança acerba
que a esperança adocicou,
doçura do mate amargo
depois que o mate acabou.

Canavial, doçura larga
que a geada matou na aurora.
Saudade, raiz amarga
da cana doce de outrora.

Velho lenço colorado!
Na rude história pampeana
do moirão de canjerana
tens o brilho e tens a cor.
És um grito de valor,
velho lenço maragato,
risada rubra do mato
das corticeiras em flor!

Aprecio de ouvir à noite
o canto triste do vento
o gosto de ver o pampa
largado assim - ao relento
e o peito virgem da terra
no abraço do firmamento. 

Heitor Rossato esteve presente no sepultamento de Aureliano de Figueiredo Pinto, improvisando alguns versos para o amigo na hora de fechar o jazigo:
Adeus, amigo Aureliano!
Meu irmão até outro dia!
Lá da excelsa sesmaria
ouve agora os versos meus.
Tu subiste para Deus
na galopeada da morte.
Santo herói, gaúcho forte,
Aureliano, adeus... adeus!   

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