sábado, 14 de maio de 2011

FOUCAULT E O ISLÃ

O caderno Cultura ZH deste sábado traz um artigo de Cláudio César Dutra de Souza, mestre em Sociologia, em que nos revela um aspecto pouco divulgado de Michel Foucault, sua relação com o Aiatolá Khomeini, com a revolução iraniana. Em 1978, o filósofo foi convidado foi várias vezes ao Irã para acompanhar os protestos contra o Xá Reza Pahlavi como correspondente do jornal italiano Corriere de la Serra, do jornal francês Le Monde e da revista francesa Le Nouvel Observateur. Foucault admirava Khomeini desde o exílio do aiatolá em Paris, declarando nos artigos produzidos nessa época que o líder personificava a "vontade de poder" nietzschiana. Foucault era homossexual e pensava que a revolução no Irã recuperaria a "arte erótica" perdida com a modernidade. Para ele, "a dimensão espiritual e revolucionária no Irã, que unia marxistas e muçulmanos em um objetivo comum, podia ser exportada para o resto da Europa". Mais: "Um governo islâmico não significaria um regime político no qual os clérigos supervisionassem e controlassem tudo". Quanta ingenuidade!
O autor do artigo, comenta sobre o livro Foucault e a revolução iraniana, de Janet Afary e Kevin B. Anderson, uma "minuciosa desconstrução de um mito intelectual do porte de Foucault". Esse livro me aprazerá sua leitura. 

3 comentários:

Júlio César de Lima Prates disse...

Caro Froilam. Não entendi se foi vc ou o autor quem disse que essa relação de Foucault com o islã e o Aiatolá Khomeini é um lado pouco conhecido do pensador francês. Qualquer que seja, discordo totalmente, pois desde que tomei contato com o pensamento de Foucualt, mesmo antes dele falecer, essa relaçao dele com Khomeini e essa relação dele com o islã sempre foi muito bem conhecida de todos nós, assim como sua experiência dentro de países árabes, suas contradições entre ser liberal sexual e homossexual acepções radicalmente contrárias aos islá...enfim, não acredito que isso desmereça a obra e o pensamento de Foucualt, especialmente seus estudos sobre a repressão, as prisões, a história da loucura, a história da sexualidade, a história das construções discursivas ... de qualquer forma, uma boa leitura.

FROILAM DE OLIVEIRA disse...

Júlio
agradeço o comentário. Não me expressei corretamente. Ao invés de "pouco conhecido", "pouco divulgado".
Embora não tenha dito um disparate com o "pouco". Em relação a nossa blogosfera, você é uma exceção. Poucos leitores santiaguenses têm conhecimento desse aspecto pessoal de Foucault.Os autores do livro, segundo a matéria do Cultura, justificam a aproximação do filósofo com o islamismo a partir da inclinação sexual do grande intelectual francês.
Agora é esperar o livro para saber mais sobre tal relação.
Abç

Cláudio Dutra de Souza disse...

Eu li o livro em inglês....os autores realmente destacam o homossexualismo de Foulcaut e também de suas tendências sado-masoquistas no que tange a esse ter se interessado acerca dos rituais xiitas de purificação onde os persas se flagelam para expiara seus pecados. É um livro polêmico, a resenha está ótima, acho até que o Cláudio meio que tentou livrar a cara do Foucault...o livro é bem mais incisivo.