terça-feira, 31 de maio de 2011

EXCESSO SEM ACESSO

Há um excesso de eventos na praça Moisés Vianna. Um excesso que se justifica indiretamente pela falta de público. O esforço dos organizadores, por esse motivo, não é recompensado. Independentemente do que é apresentado, a praça e seu entorno permanecem vazios nas tardes de sábado e domingo. Para alguns eventos, a Fanfarra do Exército e artistas locais são convidados a participar, apresentando-se diante de um público quase sempre reduzido. Depois das mateadas institucionais, na boca da noite, o centro então se transforma com pessoas e automóveis circulando pelo chamado "bobódromo". Bobos e espertos tomam a praça de graça e o calçadão de roldão. A juventude santiaguense é notívaga e sem compromisso. Se a leitura é uma obrigatoriedade, os jovens não leem. Dessa forma, tampouco a Feira do Livro, o maior evento a se realizar na praça, consegue chamar a atenção deles. Na última edição, por exemplo, foram mais frequentes as crianças e os leitores veteranos (levados pelas escolas ou por interesses pessoais). A propósito, há uma dúvida sobre o local da próxima feira, se continua na Moisés Viana ou muda para a Estação do Conhecimento. Da parte que me cabe opinar, sugiro às autoridades municipais que descartem a segunda alternativa. A Estação poderá abrigar uma biblioteca em caráter permanente, como matriz do saber que se pretende difundir na cidade educadora. O deslocamento de cinco quarteirões da praça central é muito por razões óbvias. (Santa Maria, por exemplo, não desceu até o final da  avenida Rio Branco,  até a velha gare, fincando pé na praça Saldanha Marinho.) Todo evento pode constituir um excesso, menos a Feira do Livro.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

PÁGINAS AMARELAS

A Veja chegou com uma baita entrevista nas páginas amarelas: Evanildo Bechara.
"Ninguém de bom-senso discorda de que a expressão popular tem validade como forma de comunicação. Só que é preciso que se reconheça que a língua culta reúne infinitamente mais qualidades e valores. Ela é a única que consegue produzir e traduzir os pensamentos que circulam no mundo da filosofia, da literatura, das artes e das ciências. A linguagem popular a que alguns colegas meus se referem, por sua vez, não apresenta vocabulário nem tampouco estatura gramatical que permitam desenvolver ideias de maior complexidade - tão caras a uma sociedade que almeja evoluir". 
Basta esse excerto para expressar uma verdade inquestionável. Mas continuo a transcrever Bechara:
"Vemos resquícios de um movimento que surgiu no meio acadêmico na década de 60, pregando a abolição da gramática nas escolas. [...] Agitava-se nas universidades a bandeira 'é proibido proibir'. Isso ecoava nos colégios - um verdadeiro desastre. Foi nesse contexto que começaram a estudar no Brasil a sociolinguística. Em diferentes tempos e sociedades, os estudiosos sempre estiveram atentos as diferentes usos da língua. A primeira gramática portuguesa, que data de 1536, já apontava tais variantes. Só que, repito, essas são teorias que nunca deveriam ter deixado as fronteiras da academia. O próprio Mattoso Câmara (1904-1970), a quem se atribui a introdução da linguística no país, já alertava para os perigos na confusão de papéis entre teóricos e professores.
"Nenhum país desenvolvido prega a desvalorização da norma culta na sala de aula ou inclui esse tipo de ideia nos livros didáticos.
"Ao questionar a necessidade do estudo da gramática nas escolas do país, linguistas como Marcos Bagno e tantos outros estão nivelando por baixo o ensino do português".
Também escrevi: "nivelando por baixo".
"Quanto mais a norma culta de uma língua é praticada, mais esse idioma e sua gramática evoluem. Para dar a dimensão de nosso atraso nessa área, a academia espanhola acaba de publicar uma gramática de 4.000 páginas.
"O domínio do idioma é resultado da educação de qualidade. Isso nos falta de maneira clamorosa. O ensino do português nas escolas é deficiente. Uma das razões recai sobre o evidente despreparo dos professores. É espantoso, mas, muitas vezes, antes de lecionarem a língua, eles não aprenderam o suficiente sobre a gramática. Além disso, não detêm uma cultura geral muito ampla nem tampouco costumam ler os grandes autores".


CAMPANHA DO AGASALHO

O frio chegou de vez. Logo mais, às 16 horas, haverá a  entrega das peças arrecadadas na Campanha do Agasalho até o presente momento pelas entidades santiaguenses. Sob a coordenação da Secretaria do Desenvolvimento Social, as roupas e calçados serão reunidos no Galpão dos Bombeiros e distribuídos em seguida aos necessitados. A 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, por intermédio da unidades militares subordinadas, já coletou 12.966 peças em Santiago. Em toda sua área de abrangência (Itaqui, São Borja, São Luiz Gonzaga e Santa Rosa), a "Brigada José Luiz Menna Barreto" já arrecadou 43.300 peças.

domingo, 29 de maio de 2011

UM CRUZEIRO MEMORIAL

(Texto de Erilaine Perez)
Três lances de escadas. Isso é tudo o que precisamos vencer para empreender uma viagem fascinante. Bilhete comprado, o flutuar promete a mesma sensação enigmática do panorama visto através das vítreas claraboias. Sim! Jamais esqueceremos o prazer das descobertas do percurso carregado de simbologia. O destino desse cruzeiro histórico são ilhas ancestrais. A guia, carinhosamente batizada “Memória”, testemunha ocular de tempos passados, orienta a visão de cada coisa para se fazer entender por nós, os que viemos depois. Fala da religião que maculou a inocência dos primeiros habitantes, roubando-lhes a identidade. Das ruas de terra marcadas por rodas de carroça. De batalhas empreendidas a ferro e fogo, de heróis decapitados e da paz estabelecida pela caneta tinteiro e pelo papel. Conta dos laços tramados pelo trabalho e pela amizade entre homem e cavalo. Dos aparelhos que cunharam moedas que compravam tudo, até a liberdade. Dos escravos que esculpiram altares para rogar por igualdade. Lembra de intelectuais que pensaram máquinas para eternizar em letras suas angústias e ideais. E das lindas canções tocadas ao som de um pandeiro de prata. Dos empreendedores que trouxeram o computador para facilitar o dia a dia do trabalho. E dos desenhistas, poetas, médicos, políticos e tantos outros que, pelo seu fazer, deixaram algo para que nos lembrássemos de um tempo que transformou este em que vivemos. Muitos já aceitaram o convite, venceram as escadas, compraram o bilhete, empreenderam a viagem. Mas esse barco, chamado Museu Pedro Palmeiro, continua a nossa espera, ancorado no porto da Cidade Educadora e está sempre pronto para realizar a travessia, que só acontece nas profundezas dos nossos olhos, nascente do mar das Memórias da Terra dos Poetas. 

COMENTÁRIOS DIVERSOS

- Ao perder o fraquíssimo Gauchão 2011, a casa do Grêmio era para ter caído. Estreia no Brasileiro com derrota no Olímpico. Hoje perderá para o Atlético. O Renato continua sorrindo. 
- O Inter, um pouco melhor, perdeu em casa para o Ceará. O Falcão, dizem os colorados, não tem culpa. Não tem? Basta o Oscar entrar em campo, e o time joga melhor.
- Vi todo o jogo entre Manchester e Barcelona. Quanta diferença para a dupla? 
- Zero Hora deste domingo: A derrocada das escolas públicas; Socorro de Lula a Palocci pode enfraquecer Dilma (já enfraqueceu); Morreu coautor de "Para, Pedro" (José Portela Delavi); Futebol vai às urnas (referência à eleição para presidência da FIFA)...
- Jovens recrutas dançam Hino Nacional em ritmo de "funk". A culpa é da educação, diz o advogado Horácio Palmeiro. 
- Um artigo do ZH, de autoria de um teólogo e pastor, questiona sobre a "Lei da Homofobia", que pretende incluir a "violência filosófica" contra os homossexuais. Se um cristão citar a Bíblia, Levítico ou Romanos, por exemplo, será processado?

sábado, 28 de maio de 2011

MAIS UMA PALAVRA

Num depoimento de Cláudio Moreno sobre o gramático, linguista e professor Celso Pedro Luft, publicado hoje no caderno Cultura do Zero Hora, lê-se o seguinte: 
"Sua posição foi sempre a mesma ao longo de toda a vida: a escola é o lugar em que os alunos vão aprender o que ele (Luft) denomina de língua culta padrão, e o professor deverá fazer todo o possível para desfazer a diferença entre a língua que eles trouxeram de casa e a língua que a escola deve ensinar. Para isso, julga fundamental a contribuição da Linguística: um professor não vai entender a estrutura e o funcionamento do idioma que ele vai explicar se não tiver consciência de que existem diferentes variedades e registros, de que a língua está em constante evolução, de que uma motivação para os 'erros', e assim por diante. No caso da discutida publicação do MEC, acho que simplesmente repetiria a advertência que faz de forma expressa no seu livro Língua e Liberdade: 'O lugar da Linguística, antes de mais nada, é nos cursos de graduação e pós-graduação, onde é ministrada a futuros técnicos, pesquisadores, professores, autores de livros didáticos. Ensinar Linguística no I e II Grau é uma insensatez".

PÃO & GRÃOS

regra:
dos grãos
faz-se o pão


do pão,
a poesia:
exceção

quinta-feira, 26 de maio de 2011

ANÔNIMO

Minha postagem "Entusiasmo anarquista" suscitou um comentário anônimo interessante, o qual pergunta como este blog pode se dizer anarquista, acusa as autoras da matéria da Veja de ignorantes e me chama de imbecil. Não fosse para provar que a ignorância e a imbecilidade são, ao contário, características evidentes no anônimo. Convido o leitor a reler o que escrevi abaixo: "Alguns de meus colegas ficaram exultantes com a possibilidade de jogar no lixo a gramática [...] Esse entusiasmo juvenil e anarquista parece ter chegado ao Ministério da Educação". Como alguém pode interpretar que o blog se arroga anarquista? O anônimo assim o interpreta. Para ele, as autoras da matéria da Veja são ignorantes. De acordo com esse (pré-)julgamento, Lyz Luft, Ana Maria Machado e Evanildo Bechara também seriam ignorantes? No mesmo rol dessas duas grandes escritoras e de um proeminente filólogo, sou honradamente colocado (como imbecil). 
A propósito, qual a diferença entre ignorância e imbecilidade?

MEME BANDIDO

Antes de ser cidade educadora, antes de ser a Terra dos Poetas, Santiago fazia por merecer o refrão pejorativo que a relacionava com a violência. Havia como que uma conjunção entre determinismo e acaso. No distante ano de 1931, três rapazes de origem europeia, de passagem por aqui, resolveram roubar o automóvel de um cidadão, para isso tirando-lhe a vida. Tamanha a bandidagem dos forasteiros não poupou o filho que acompanhava esse cidadão. O duplo assassinato seria seguido de um terceiro (que resultou num demorado e contraditório processo). Catorze anos mais tarde (janeiro de 1945), um soldado santiaguense estupra uma menina de 15 anos, chamada Margelli Giovanna, e é condenado à morte na Itália. Seu companheiro, que ficara de guarda , mata o tio de Giovanna com uma rajada de metralhadora. Mesmo em tempo de guerra, o crime foi de uma hediondez sequer praticada pelo exército de Gengis Khan. 
Toda a poesia e toda a educação não são suficientes para eliminar o meme da bandidagem que se transmitiu de geração à geração em Santiago. Ainda hoje nos surpreendemos com casos e casos, crimes e crimes (como o do estupro recentemente descoberto, que ocorria no Paraíso).

quarta-feira, 25 de maio de 2011

POESIA DE CARONA

A ULBRA Polo Santiago e o Curso de Letras realizam o lançamento do Projeto "POESIA DE CARONA" logo mais, às 19h30min. O objetivo do projeto é possibilitar que a comunidade tenha contato diário com textos poéticos, bem como estimular sua produção. 
Há quatro anos, foi realizado um projeto semelhante em Porto Alegre. Nos dois dias em que me desloquei de ônibus na capital, procurava ler os poemas colados às janelas. A riqueza metafórica de um deles me chamou a atenção:
ainda que torta
e sem fio
é capaz
a velha faca
de separar a água do rio

Não fui convidado para o evento na condição de poeta. No entanto, irei como representante militar. Isso infere a seguinte questão de autoanálise: ao contrário da minha atual situação no Exército, estaria me convertendo num "maldito" no universo literário da Terra dos Poetas?


 

ENTUSIASMO ANARQUISTA

Uma matéria publicada na Veja desta semana, de autoria de Renata Betti e Roberta de Abreu Lima, acerta em cheio com a crítica aos livros (anti)didáticos adotados pelo Ministério da Educação. Pela primeira vez, alguém teve coragem de fazer uma abordagem genealógica da questão, citando aquele que deu origem a todos os mal-entendidos da linguística tupiniquim: Marcos Bagno. Para as autoras da matéria, esse professor da Universidade de Brasília é "o grande madraçal da ortodoxia" de uma estupidez, qual seja, de atacar o padrão culto da nossa tão vilipendiada Língua Portuguesa, como se o falar e o escrever bem constituísse um "instrumento de dominação da elite". Velho discurso de influência marxista que predomina nas universidades do país. O ex-presidente Lula da Silva e todos os seus correligionários mais chegados que enriquecem da noite para o dia pertencem à qual classe social? Eles não são "elite"? Qual é a "variedade linguística" do ex-presidente? A popular, com todos os erros de ortoépia, de concordância etc. Nessa variação, "problema" é "poblema", "pobrema" ou "probrema"; "os meninos pegam o peixe" é "os menino pega o peixe". Bagno denomina de "preconceito linguístico" dizer que é um erro o erro.  Ora, ora! O aluno não está na escola para aprender a falar e a escrever com mais correção? O erro crasso de concordância, segundo a discípula de Bagno, Heloisa Ramos, que escreveu o livro Por uma vida melhor (aceito pelo MEC), não passa de uma variação linguística, que merece o mesmo respeito dado à variação culta. Na Universidade Regional Integrada, a professora de Sociolinguística tentou nos enfiar Marcos Bagno goela abaixo. Alguns colegas ficaram exultantes com a possibilidade de jogar no lixo a gramática (para desgosto justificado do professor Eugênio Gastaldo). Esse entusiasmo juvenil  e anarquista parece ter chegado ao Ministério da Educação.

terça-feira, 24 de maio de 2011

PÃO E CIRCO

A existência se justifica apenas como fenômeno estético, escreveu Nietzsche em seu A origem da tragédia. Os esportes de massa, mais destacadamente o futebol, são a expressão estética da realidade, sem a qual o mundo sucumbiria ao seu próprio tédio. 
Escrevo isso para sustentar um argumento que corre o risco de ser equivocadamente interpretado. 
No momento em que perguntam os brasileiros se vale a pena o alto investimento em reformas e construção de novas obras para a realização da Copa do Mundo no Brasil,  tenho a convicção que sim. Nossos estádios estão velhos (o Maracanã, por exemplo), alguns deles sem a segurança necessário aos atletas e aos torcedores. Eles continuarão em atividade após a Copa, mesmo em Manaus, Natal ou Cuiabá (locais de pouco destaque no futebol.) A Copa no Brasil servirá para reacender o interesse massivo pelo esporte. 
Os gastos estão projetados para quase sete bilhões de reais destinados tão somente para os estádios. Os críticos (entre os quais se coloca a revista Veja)  dizem que esse valor acabará triplicando por imposição da necessidade. 
O brasileiro não vive apenas do pão (que lhe é dado por uma política assistencialista), mas do circo, do espetáculo.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

MEME DO ATRASO

Desde que o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo (um pouco mais tarde, obviamente),  desconfiei de que as obras e reformas necessárias para esse evento não ficariam prontas até 2014. Nos últimos dois anos, a intuição se transformou em certeza, em conhecimento. Não se trata de conhecimento a priori, uma vez que é fundamentado na experiência, na observação atenta da realidade. No Brasil, nada fica pronto antes do tempo. Richard Dawkins diria que esse dado já constitui um meme da nossa cultura. 
Leio na capa da Veja:
"Por critérios matemáticos, os estádios da Copa não ficarão prontos a tempo". (Bingo!)
Logo abaixo da foto do Maracanã em reforma, lê-se:
"No ritmo atual, o Maracanã seria reaberto com 24 anos de atraso".

LYA LUFT

A coluna da Lya Luft desta semana (para a Veja) está uma belezura. Transcrevo alguns excertos:
"Um livro didático aprovado pelo Ministério da Educação e incluído entre os livros comprados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que consagra muitas obras didáticas no país, promove o não ensino da língua-padrão, que todos os brasileiros dos mais simples aos mais sofisticados, têm direito de conhecer e usar"
"Mas querer que a escola ignore que existe uma língua-padrão, que todos temos o direito de conhecer, é nivelar por baixo
(Numa das minhas postagens abaixo, escrevo "com essa política, (o MEC) cede à realidade e nivela por baixo".)

sábado, 21 de maio de 2011

POÉTICA DA DESCONSTRUÇÃO

Soneto produzido na Terra dos Poetas apresenta a seguinte medida: 
1º verso   - 13 sílabas;
2º verso   - 12 sílabas;
3º verso   - 11 sílabas;
4º verso   - 11 sílabas;


5º verso   - 11 sílabas;
6º verso   - 11 sílabas;
7º verso   - 12 sílabas;
8º verso   - 11 sílabas;


9º verso   - 12 sílabas;
10º verso - 11 sílabas;
11º verso - 13 sílabas;


12º verso - 12 sílabas;
13º verso - 11 sílabas;
14º verso - 13 sílabas. 
(Ainda bem que isso não vira notícia, desconstruindo o nobre epíteto de nossa cidade.)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

POR QUE SERÁ?

Esta semana, assisti a duas palestras interessantes num simpósio jurídico. Os palestrantes: uma juíza auditora e um procurador. O que pude perceber com o conhecimento que tenho sobre os temas abordados é que ali se sobressaiu uma diferença. A juíza enfatizava a todo momento um aspecto quase subjetivo da lei, como se essa propiciasse no mínimo duas interpretações. Isso o demonstrara o próprio Supremo, com a votação da Lei da Ficha Limpa (verbi gratia). O procurador, pelo contrário, destacava das leis seu caráter objetivo, lógico, algo que encantou os presentes, militares e acadêmicos do curso de Direito. Ninguém perguntou a ele por que tantas decisões judiciais beneficiam o outro lado, constituído, inclusive, por alguém que forja provas contra a União. Ele, todavia, respondeu-nos indiretamente. 
Bons advogados que conheço têm posição semelhante à da juíza. Por que será? 

ANTES DO UOL

Por indicação do meu colega Addson Costa, capelão militar da 1ª Bda C Mec, este blog se antecipou ao site UOL, ao linkar o vídeo da professora Amanda Gurgel. 
Amanda foi da turma do Addson no curso de Letras da UFRN (Natal).

quarta-feira, 18 de maio de 2011

SOBRE HERÓIS E TUMBAS

Hoje me chegou o romance Sobre heróis e tumba, de Ernesto Sabato. Como postei anteriormente, havia lido apenas Heterodoxia e O escritor e seus fantasmas, ambos de não-ficção. Sobre heróis e tumba é a obra mais lida do escritor na Argentina, que o consagrou como um dos grandes romancistas do século XX. 
Haja saúde nos olhos  para percorrer um total de 623 páginas! 
Também recebi Guia politicamente incorreto da História do Brasil, de Leandro Narloch. Haja saúde e tempo para tanta leitura! 

terça-feira, 17 de maio de 2011

AMANDA GURGEL

Por falar em educação, imperdível é o vídeo linkado aqui. Por favor, assistam-no. 

PROCESSOS, MEC, BRUZUNDANGA

Logo após seu nascimento, o indivíduo começa a andar. A princípio, arrastando-se; em seguida, engatinhando; depois, ficando em pé com dificuldade sempre decrescente até evoluir para o próximo passo. Logo passa a caminhar naturalmente. Da mesma forma,  ele aprende a falar. A princípio, balbuciando repetidos fonemas (ma-ma, pa-pa). Em seguida, pronuncia as primeiras palavras, por imitação. A aprendizagem da fala, todavia, difere enormemente da anterior. Andar é um processo fechado, instintivo, natural.  O peixe nada, o pássaro voa, o homem caminha. Tem início e fim ainda nos primeiros anos de vida. Em relação à língua, ainda que Noam Chomsky atribua uma disposição inata para seu domínio, o indivíduo nunca chega ao final do processo, que é aberto, dependente da cultura. Ninguém consegue dominar o universo lexical de sua língua, apenas uma pequena e sempre variável parcela dele. Ninguém se expressa cem por cento com correção, até porque a fala visa à comunicação imediata entre os indivíduos, e ela ocorre independentemente da extensão do universo léxico e do acerto gramatical. Do balbucio à eloquência, o diálogo, a interação comunicativa acaba existindo entre os indivíduos. Aberto e inacabado é também o processo de aprendizagem da expressão gráfica da língua, embora seja determinado um padrão minimamente aceitável: o culto. 
O que faz o Ministério da Educação na Bruzundanga? Confunde os dois processos de aprendizagem acima descritos, transferindo a coloquialidade (ou frouxidade) da fala para a escrita. Abandona um ideal secular, que busca o contínuo aperfeiçoamento (não a perfeição). Com essa política, cede à realidade e nivela por baixo. É nesse patamar (por baixo) que se situa a qualidade da educação neste país.
Pelo visto, os modernos (socio)linguistas ganham  um aliado de peso na “briga” contra os velhos e bem-intencionados gramáticos. Infelizmente, o professor Eugênio Gastaldo deverá se aposentar logo (antes de sofrer mais dissabores com a nova “babel” sendo oficializada). 

segunda-feira, 16 de maio de 2011

VEJA (II)


"Um fantasma ronda o Congresso Nacional. Na semana passada, ele se cristalizou no formato de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) com uma proposição de arrepiar os cabelos: retirar dos eleitores brasileiros o direito, previsto na Constituição, de votar diretamente em seus candidatos para deputado federal, estadual e vereador. De acordo com a proposta, contida em um texto de apenas duas páginas, o atual sistema de eleição para esses cargos seria substituído pelo chamado voto em lista fechada".
(Excerto da revista Veja, edição 2217 - ano 44 - nº 20 - 18 de maio de 2011. Para ver melhor as figuras acima e ler quem é o interessado no projeto acima descrito, basta clicar sobre a imagem.)

VEJA

A Veja desta semana, pouco enseja, mediana. 
Um texto na capa: 
"A cada geração, renova-se a sensação de que nas passadas se lia mais e se fazia menos sexo. Duplo engano. A rapaziada, em todos os tempos, foi com igual ímpeto ao pote. A razão POR QUE a leitura parece estar em baixa é que estamos em plena era da internet. Só parece. Pois o que se vê é a multiplicação dos jovens que gostam de LER, reconhecendo que um bom texto AINDA É, para a vida pessoal e profissional, um instrumento DECISIVO"
Outras manchetes de capa:
Lady Gaga: "Preparei-me para a fama";
Computador das FARC: Como a narcoguerrilha arrecadava dinheiro no Brasil com a ajuda do PT. 
A propósito: ninguém disse até agora que a Veja é o registro da realidade presente (que amanhã será história). Cansados de citá-la como argumento convincente antes de 2002, os petistas a acusam de tendenciosa desde 2002. Por que será? 

A DOR É(N)SINA

Segundo um ditado popularíssimo, "a dor ensina a gemer". Fundamentado em minha experiência pessoal, digo que a dor melhor dimensiona o prazer, sua antípoda natural. Não há um espaço indefinido entre uma e outro: o prazer existe desde que a dor não constitua a exceção. Todavia, poucos têm essa percepção.

domingo, 15 de maio de 2011

GRE-NAL

Todo Gre-Nal é como uma tempestade violenta, metade das estruturas acabam ao chão depois que passa. Quem perde o campeonato tem sua casa varrida pela fragilidade do alicerce que a sustenta. Um mal por que terá de passar o perdedor. Nas atuais condições, um mal necessário. Nova casa será organizada (para o ano que vem). O vencedor se contentará com a sua casa que resistiu à tempestade e nada fará para fortalecê-la. Certamente, ela cairá mais adiante. Toda glória é efêmera. O tempo, implacável. 

sábado, 14 de maio de 2011

FOUCAULT E O ISLÃ

O caderno Cultura ZH deste sábado traz um artigo de Cláudio César Dutra de Souza, mestre em Sociologia, em que nos revela um aspecto pouco divulgado de Michel Foucault, sua relação com o Aiatolá Khomeini, com a revolução iraniana. Em 1978, o filósofo foi convidado foi várias vezes ao Irã para acompanhar os protestos contra o Xá Reza Pahlavi como correspondente do jornal italiano Corriere de la Serra, do jornal francês Le Monde e da revista francesa Le Nouvel Observateur. Foucault admirava Khomeini desde o exílio do aiatolá em Paris, declarando nos artigos produzidos nessa época que o líder personificava a "vontade de poder" nietzschiana. Foucault era homossexual e pensava que a revolução no Irã recuperaria a "arte erótica" perdida com a modernidade. Para ele, "a dimensão espiritual e revolucionária no Irã, que unia marxistas e muçulmanos em um objetivo comum, podia ser exportada para o resto da Europa". Mais: "Um governo islâmico não significaria um regime político no qual os clérigos supervisionassem e controlassem tudo". Quanta ingenuidade!
O autor do artigo, comenta sobre o livro Foucault e a revolução iraniana, de Janet Afary e Kevin B. Anderson, uma "minuciosa desconstrução de um mito intelectual do porte de Foucault". Esse livro me aprazerá sua leitura. 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

EDUCAÇÃO COM OS IDOSOS

Os pais nos ensinavam o respeito pelas pessoas mais velhas. Respeito que começava com o tratamento discursivo e se ampliava com os gestos (entre os quais, ceder a cadeira e a vez para se servir à mesa). O que eles nos ensinavam se sustentava no próprio temperamento, caráter ou personalidade de que eram dotados. O resultado dessa educação era óbvio: crescíamos sem criticar, zombar ou discriminar alguém por ser idoso. Toda crítica, zombaria ou discriminação, eles sabiam, contrariava uma lógica vivencial que o indivíduo mais jovem desconhece ou finge desconhecer: o envelhecimento é natural e extensivo a todos os que vivem. A longevidade é sempre desejável (apesar das complicações físicas ou psíquicas que podem aparecer no final). As exceções morrem na infância ou na juventude. Essa morte antes do tempo é tida como uma coisa pouco feliz, trágica sob muitos aspectos. Nesse aspecto, os mais velhos devem ser felicitados por usufruir o bem maior - a vida. Mas não é o que se pode observar nos mais jovens. Cada vez mais, eles se portam de maneira desrespeitosa, zombeteira e (algumas vezes) discriminatória em relação às cãs brancas. No âmbito familiar, pais e avós já não gozam daquela autoridade consensual, inquestionável até há pouco tempo. Noutros âmbitos, então, a simples desobediência se transforma em anarquia, deboche e (algumas vezes) agressão verbal. No trânsito, a culpabilização dos motoristas idosos é uma regra impiedosa. Não apenas na rua, no submundo da educação, mas nas escolas (incluindo a Universidade, onde se formam futuros educadores). Nas discussões mais acaloradas, por exemplo, é comum o aluno chamar o professor de “velho”, seguido de outros termos que não deixam dúvidas sobre a intenção pejorativa. A culpa pela má educação de que eles não se envergonham também deve recair sobre nós, pais, que não os ensinamos com a mesma seriedade e convicção de nossos ascendentes. 

II CONFERÊNCIA DO IDOSO

Com a coordenação de Sueli Maria Machado, presidente do Conselho Municipal do Idoso (CMI), realizou-se ontem, 12, no Clube Sete de Setembro, a II Conferência Municipal do Idoso. Representantes de várias entidades santiaguenses se fizeram presentes, constituindo um plenário de aproximadamente duzentas pessoas. Tema da conferência: “A intersetorialidade na garantia dos direitos da pessoa idosa”. Após o credenciamento e leitura do regimento interno, houve a apresentação dos Corais da 3ª Idade – Arco-Íris (do Desenvolvimento Social) e Helena Teixeira (do Centro Cultural), socialização dos trabalhos em grupo, encaminhamento das propostas, plenária final, escolha dos delegados e encerramento. Os trabalhos foram divididos em 10 grupos: Saúde, Assistência Social, Educação, Habitação, Trabalho, Previdência, Cultura, Esporte e Lazer, Turismo e Violência. Escolhi o grupo Violência, coordenado pela psicóloga Márcio Grippa (que trabalha no CREAS). Na I Conferência, em âmbito estadual, fora proposta a criação de um disque-denúncia específico para atender  pessoas idosas que sofrem uma agressão qualquer.
De segunda a quarta-feira, dediquei-me a elaborar o texto para o Expresso Ilustrado: Educação com os idosos. Não sabia que iria participar da conferência do idoso, representando o Comando da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada. 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

JUREMIR E REIFFER

Leio Juremir Machado da Silva há alguns anos. Por sua influência, passei a me reportar ao Rincão dos Machado com mais frequência, como ele faz em relação à sua Palomas (Livramento). 
Na mesma coluna de segunda-feira, 9, que suscitou o contraponto do Alessandro Reiffer, Juremir escreve que "um colunista funciona como uma caixa de ressonância da sociedade". Algumas de minhas colunas publicadas no Expresso Ilustrado foram motivadas a partir de uma conversa que tive com amigos, colegas, pessoas conhecidas. 
Os argumentos do Juremir e do Alessandro, a despeito de arrazoarem pontos de vista opostos, são convincentes, verdadeiros. Não há contradição entre eles, uma vez que se referem a fatos ou fenômenos diferentes, como situação política e taxa de mortalidade infantil (de um lado) e meio ambiente e violência urbana (de outro).
Em sua coluna de segunda-feira, Juremir nega a avaliação feita por três de seus interlocutores de que antigamente era melhor. Para seu arrazoado, cita a Internet, carro com ar-condicionado, aceitação do homossexual etc. 
O colunista, ao comparar tempos diferentes, colocou num mesmo patamar questões sociais e impressões individuais. Isso é impossível de ser comparado. O tempo anterior de uma pessoa idosa, via de regra, será incomparavelmente melhor se do que os dias atuais. O próprio escritor reconhece esse aspecto, mas insiste na comparação. 
Os exemplos dados pelo Alessandro são mais coerentes.

terça-feira, 10 de maio de 2011

BUSCA NO VOLP

Sugiro aos blogueiros que disponibilizem o link de busca no VOLP, fonte de consulta necessária para quem escreve. 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

UMA FINA PELÍCULA (PARA RELEITURA)

[...] Sou provocado ao ouvir alguém falando mal das ciências, posto que seus conhecimentos não respondem certas perguntas que faz o senso comum. Quando respondem, muitas vezes acabam indo de encontro às crenças e aos preconceitos que vicejam no mundo todo. A moda é a ecologia, ditada pela grande mídia. Entre as questões ecológicas, sem dúvida, o cuidado com a água se inclui como uma das mais pertinentes do momento. O mau trato com esse líquido fundamental para a vida se deve, em grande parte, pelo condicionamento de um equívoco defendido por todos os livros didáticos, por todos os professores e por muitos ecologistas de plantão. O que sempre foi ensinado acerca da existência da água? Existe mais água do que terra em todo o planeta, numa proporção de quase três partes por uma. Tamanha quantidade de água sempre funcionou como uma reserva para todo desperdício e sujidade, usando-se os rios, lagos, mares e oceanos como transporte ou depósito do pior lixo produzido pelo homem.  Esse enorme equívoco precisa ser corrigido. Não é uma visão superficial (para não chamá-la de ilusão óptica) que deve fundamentar o dado correto, mas um corte vertical, em profundidade. Toda a água existente não passa de uma finíssima camada que preenche as depressões do planeta, de onde sobressaem as terras continentais. Abaixo dessa película doce ou salgada, tudo o mais é sólido, constituinte da crosta (que, por sua vez, flutua sobre outro estado da matéria). Dito de uma forma diferente, a quantidade de água é mensurável, finita, capaz de ser afetada pelas ações poluidoras do “progresso” humano. Com isso, não me limito ao estado de potabilidade da água, viés que denuncia um antropocentrismo nefasto, mas ao meio ambiente que ela representa, ao habitat natural para um número ainda incalculável de espécies.
(Esse texto já foi publicado neste blog. Pela proximidade temática com a postagem anterior, achei oportuno re-editá-lo.)

O FATOR HUMANO

James Lovelock é um dos grandes pensadores vivos do nosso tempo, mestre do saudoso José Lutzenberger. O ecologista inglês criou o conceito de Gaia para designar o planeta Terra como um ser vivo. Sua ideia (um tanto revolucionária) é de que a biosfera tem a capacidade de controlar o ambiente natural, química e fisicamente. ANtes de ter lido Lovelock, escrevi um texto que atribui vida aos rios. Uma figura de linguagem (metonímia) permitiu-me dizer que os rios vivem pela fauna e flora neles existentes. O tema do meu artigo: as cidades são o câncer dos rios. Os cursos de água antecedem toda aglomeração humana, como artérias que vivificam o que chamamos de natureza. Reconheço que é necessário um espírito elevado de desprendimento para fazer esta crítica sem o viés antropocêntrico, livre do preconceito religioso que subordina tudo o que há ao homem. Preconceituosamente, justifica-se uma descrição do tipo "o Tâmisa atravessa Londres", o Tietê atravessa São Paulo", o arroio Dilúvio atravessa Porto Alegre". Essas cidades é que atravessaram, aliás, atravancaram-se nos rios, entupindo-os com suas pútridas e venenosas cloacas. Outra figura (metáfora) possbilita-me comparar o fator humano à infestação de um vírus, não apenas em relação aos rios, lagos, mares e oceanos, mas tambem a todo o meio ambiente, desde as camadas subterrâneas (com extração de petróleo, água e outros minerais) à estratosfera (com a emissão de gases nocivos e a destruição de outros gases favoráveis à Gaia). Nada escapa à ação virulenta de bilhões de indivíduos. Para nossa sobrevivência, assassinaremos a vida. [...] Lovelock não tem esta visão catastrofista. Ele inocentou o homem, incluindo-o entre os agentes naturais de poluição incapazes de alterar profundamente o clima na Terra. Sábio e bondoso, Lovelock. 
(Há seis anos, escrevi esse texto para a coluna do Expresso Ilustrado. Estou pensando em reunir as melhores colunas num livro.)

sábado, 7 de maio de 2011

PARA BOM ENTENDEDOR...

Civilizações, impérios e países se constituíram com as tábuas da lei que normatizam o comportamento dos indivíduos, principalmente para proibir-lhes a livre manifestação dos instintos herdados de estágios anteriores.  O momento em que o politicamente legal é permitir um excesso de direito, algumas vezes contrário às instituições consagrada pelo modus vivendi, não pode ser tomado como um avanço, uma conquista da sociedade. Pelo contrário, já configura o declínio. Nietzsche foi o primeiro a perceber esse aparente paradoxo. 

EXTREMOS

O apedrejamento de indivíduos que fazem sexo antes do casamento e o casamento homossexual estariam, respectivamente, nos extremos da falta e do excesso de direito? 

sexta-feira, 6 de maio de 2011

COINCIDÊNCIA



Ivan Cabral é um chargista potiguar. No dia 1º de maio, ele publicou a charge bicolor acima em seu site. No dia 2, postei uma ideia semelhante em meu blog. Apenas hoje tomei conhecimento de Ivan Cabral.  

A MEDIDA

O tempo é quando 
medimos 
a vida por suas estações

quarta-feira, 4 de maio de 2011

TORCEDOR REALISTA

O futebol gaúcho cai. Finalmente. Cai na real. Está difícil de saber qual é o pior. 
Os colorados sofreram mais nesta noite, uma vez que a classificação deles era previsível, esperada no Beira-Rio. A partir da derrota em casa, com uns pernas de pau em campo, a desclassificação do Grêmio era uma questão de 90 minutos. 
Para ser mais realista, não é só o futebol gaúcho que se arrasta. O último Brasileiro foi o mais fraco da história. A última participação da nossa seleção em Copa do Mundo foi um desastre.
Baseado na realidade presente, arrisco um palpite: perderemos em casa a próxima, diferente do que ocorreu em 1950, quando não era previsível a derrota para o Uruguai. 
Voltando ao Rio Grande, pergunto aos colorados que qualificaram o Gauchão de insignificante, uma coisa desprezível, o que farão agora. 
Com a atual equipe, ambos não têm outra opção: ganhar ou ganhar o título estadual. Quem muito quis, pouco ou nada terá. A casa de quem perder, Inter ou Grêmio, virá abaixo. 
Torcedor realista sofre menos.

GREAT SOUL

Novas biografias revelam traços de personalidades eminentes que o processo de mitificação havia denegado. Há pouco tempo, José Paulo Cavalcanti Filho publicou um livro, contando detalhes pouco conhecidos de Fernando Pessoa. Agora sai o Great Sould - Mahatma Gandhi and His Struggle with India, de Joseph Lelyveld, jornalista norte-americano.  (O livro ainda não foi traduzido para o português.) Mesmo assim, os blogs já enchem o hipertexto com as revelações desmitificadoras dessa biografia. Gandhi é mostrado como bissexual e racista, soldado do imperialismo britânico. Em certos lugares da Índia, a venda do livro foi proibida. A Veja desta semana traz uma matéria de quatro páginas sobre o assunto. Antes de se tornar famoso, o indiano lutou em dois conflitos na África do Sul como padioleiro contratado pelo exército inglês contra os bôeres e contra os zulus. Segundo a reportagem, "Quatro anos depois de adotar abstinência sexual e praticamente abandonar a mulher e os quatro filhos, Gandhi começou a se envolver com o arquiteto e fisiculturista alemão Hermann Kallenbach. Os dois dividiram a mesma casa até 1914. A posterior correspondência entre eles dá a entender que havia um componente romântico na amizade. Em uma das cartas a Kallenbach, Gandhi escreveu: 'Seu retrato, o único, permanece no criado-mudo do meu quarto'. [...] 'Você tomou posse do meu corpo, completamente'. [...] Como observa Lelyveld em seu livro Great Soul, Gandhi construiu seu mito graças a uma estranha capacidade de transformar argumentos incompreensíveis em credo".
Tudo o que desmitifica me é interessante, razão por que edito sobre estas postagens.

PRIMEIRO PASSO

Leio no blog do Júlio Prates que "José Dirceu admite concorrer à Presidência". O primeiro passo nesse sentido já foi dado, com a escolha de Rui Falcão para presidente do Partido dos Trabalhadores. Indicação do grande articulador.

CARA PRESIDENTE

"Não foi a senhora que inventou essa história de sediar a Copa do Mundo. Foi o Outro. Ele é que era, e continua sendo, louco por futebol. Ele é que criou na cabeça um Brasil tão grande e influente que terminaria com a crise do programa nuclear do Irã, arbitraria a paz entre árabes e israelenses, ganharia um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e, para encerrar, como a última firula do artilheiro antes de fazer o gol, sediaria o Mundial de 2014. A senhora, ao contrário, e mil desculpas se for engano, aparenta se aborrecer mortalmente diante de um jogo de futebol. Também não é crível, simplesmente não cabe no seu perfil, que acredite no mesmo Brasil fantasioso do Outro. Se deu a entender que sim, isso ocorreu apenas no período eleitoral, em que, como no Carnaval, tudo é permitido."
Primeiro parágrafo do artigo de Roberto Pompeu de Toledo (Veja). 

BLOG BO(O)M

“A penetração marxista em nosso ensino universitário deixou marcas indeléveis. Ainda hoje, essa ideologia não é simples lembrança ou saudosismo. Persiste, sob a fachada da democracia liberal ou debaixo das tênues maquilagens do socialismo caboclo - nas invasões de propriedades, nas ocupações de gabinetes de Reitores e Ministros; no sindicalismo tumultuário que não mais se limita a reivindicações de classe, mas se arroga o direito de mudar o regime político e exigir a renúncia do Presidente, em marchas e demonstrações de cunho fascista; no convívio fronteiriço com movimentos subversivos tais como o Sendero Luminoso, a guerrilha e o narcotráfico colombiano; na ternura com que acolhe o ditador cubano e o festejo em assembléias universitárias, enquanto o próprio Fidel, em cerimônia pública, dava as costas aos colegas e, num gesto de soberano desprezo, fugia à fotografia - para ir ao banheiro; na mística desagregadora dos "direitos humanos" que serve para acobertar impunidades, vitimizações e injustiças; na Universidade, enfim, nas suas panelinhas, cortejadas pela mídia, que alimentam badernas e mediocridades acadêmicas.”  
O trecho acima foi escrito pelo sociólogo José Arthur Rios em Raízes do Marxismo Universitário.
A doutrinação escolar (e universitária) não começou com o PT, nem com Lula. Quem pensa isso, pensa errado. O sucesso do PT também é resultado da doutrinação. Não estou dizendo com isso que sem a doutrinação o PT não venceria eleições. Não. Estou dizendo que o partido foi beneficiado por circunstâncias históricas que pavimentaram seu caminho em muitas eleições. [...]
 .
Sobre o fundo avermelhado acima, destaco um excerto da última postagem do blog www.filosofiacirurgica.com/ (basta um clique para conferir). Sua postagem do dia 1º de maio trata da doutrinação partidária: livros aprovados pelo MEC. Dentro do texto, há um link interessante: livros didáticos e propaganda política.

BUNKER SEGURO

Leio em algum blog que o bunker do terrorista Osama Bin Laden era de pouca segurança, facilitando a operação militar norte-americana. Concordo. Abbottabad, no Paquistão, acabou sendo o derradeiro convescote da família Bin Laden (ao menos com a presença de seu chefe natural). No Brasil, Osama estaria mais seguro, ao lado de Cesare Battisti.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

GUERRA PARTICULAR

AS CIVILIZAÇÕES

De acordo com o estudo de Toynbee, as civilizações são (foram) as seguintes: Egípcia, Andina, Sínica (chinesa), Minoica, Sumérica e Maia (civilizações mortas sem parentesco); Índica, Hitita, Siríaca, Helênica, Babilônica e Mexicana (mortas com parentesco); Arábica e Yucateca (devoradas pelas civilizações irmãs, Irânica e Mexicana, respectivamente); Espartana e Otomana (presas e extintas); Sociedade Ocidental, Cristandade Ortodoxa do Oriente Distante, Cristandade Ortodoxa da Rússia, Sociedade Islâmica, Sociendade Hindu, Sociedade do Oriente Distante da China, Sociedade do Oriente Distante do Japão (vivas); Esquimal, Polinésia e  Nomádica (vivas e presas). A civilização esquimal teve seu crescimento detido na infância.  

BIBLIOTECA

A biblioteca da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada ocupa o mesmo espaço da Seção de Comunicação Social, uma ampla sala em que trabalho com outros três militares. Duas enormes estantes destinam-se ao acervo de livros e para o arquivo de documentos (recebidos e expedidos). 
Sexta-feira, minha atenção se voltou para uma coleção azul-marinho que estava no alto da estante, inacessível sem a base de uma cadeira. Tratava-se de Estudio de la Historia, de Arnold J. Toynbee, editado em espanhol. 
Ao descer, puxei o volume IV, Primeira Parte. 
Leio o Índice: "El colapso de las civilizaciones (subdividido em El Problema, Naturaleza e La causa del colapso de las civilizaciones)".
O primeiro capítulo se inicia com a seguinte frase: "El problema del colapso de las civilizaciones es más claro que el de su crecimiento".
Bastou esse enunciado para me interessar pelo livro.
Também gosto de História, principalmente de sua interpretação fisolófica (que parece caracterizar o estudo de Toynbee).

domingo, 1 de maio de 2011

ALEXANDRIA (FILME)

Ontem assisti ao filme Alexandria, que conta a história de Hipátia, uma filósofa, matemática e astrônoma, nascida em Alexandria por volta de 355 d. C. Filha de um filósofo, Hipátia ensinava um grupo de jovens na famosa biblioteca que logo seria destruída pelos cristãos e judeus. Ela anda às voltas com o problema do movimento da Terra em torno do Sol, não explicado com a teoria de órbitas circulares. Acusada de ateísmo, a mulher é executada dentro de uma igreja da forma mais cruel possível. O mais interessante do filme é a transição vivida pelos cristãos, de  intolerados (pela cultura grego-romana) a intolerantes (em relação às demais religiões). O ódio falsamente transmutado em amor.

ANDRÉ TURCHIELLO DE OLIVEIRA

Entre as sentenças publicadas pelo Zero Hora deste domingo, na página 12, chama-me a atenção a frase do leitor, de autoria de André Turchiello de Oliveira. O rapaz é filho de Luís Carlos Rebelo de Oliveira, meu estimado primo, companheiro de escola na infância. 
André é analista de sistema, membro atuante da torcida organizada do Grêmio em Santiago (renegando o fanatismo colorado dos pais, tios e avós).
Logo abaixo do Príncipe William, Walter Feldman, Helena Nader, Roberto Requião, Barcak Obama, Eduardo Suplicy e Luiz Inácio Lula da Silva, André escreve: 
"Chegará o dia em que a única maneira de não enfrentar problemas de segurança e estresse será não sair de casa".
Imediatamente, ligo para o telefone residencial do André, sendo atendido por Lucinda, sua mãe. Não é a primeira vez que o jornal publica texto enviado por ele, como acontece com outros santiaguenses (entre os quais Arlete Gudolle Lopes, Alessandro Reiffer, Lise Fank e Fortunato de Oliveira). 
Numa rápida análise do enunciado acima transcrito, percebo o otimismo quase idealizado de seu autor: futuramente, a casa será o único lugar seguro para se viver. 
Isso já não ocorre na atualidade, com inúmeros casos de invasão de residência, para roubar, estuprar ou matar. À medida que as pessoas deixam de frequentar outros lugares mais suscetíveis, suas casas passam a constituir alvo preferido dos bandidos. Idependentemente da fortaleza que se construa em torno de cada domicílio. 
A única segurança futura será acabar com o bandido. Esse processo (qualquer que seja a interpretação dada ao verbo "acabar") deveria ser iniciado ontem. Hoje é tarde. Amanhã não passa de um ideal.