sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A POÉTICA DO DEVANEIO

O que escreveu Bachelard ao longo das 26 páginas da Introdução de A poética do devaneio? Transcrevo alguns excertos para que meus visitantes interessados possam tomar contato com um filósofo fora do comum.
"Nas horas de grandes achados, uma imagem poética pode ser o germe de um mundo, o germe de um universo imaginado diante do devaneio de um poeta."
"A fenomenologia tem boas razões para tomar a imagem poética em seu próprio ser, em ruptura com um ser antecedente, como uma conquista positiva da palavra. Se déssemos ouvidos ao psicanalista, definiríamos a poesia como um majestoso Lapso da Palavra."
"É pela intencionalidade da imaginação poética que a alma do poeta encontra a abertura consciencial de toda verdadeira poesia."
"O devaneio é uma fuga para fora do real."
"O devaneio é um pouco de matéria noturna esquecida na claridade do dia."
"É precisamente pela fenomenologia que a distinção entre o sonho e o devaneio pode ser esclarecida, porque a intervenção possível da consciência no devaneio traz um sinal decisivo."
"Há horas na vida de um poeta em que o devaneio assimila o próprio real."
"A poesia nos proporciona documentos para uma fenomenologia da alma."
"Para Ferenczi, psicanalista dos mais argutos, a busca das etimologias é um substituto das perguntas infantis sobre a origem das crianças."
"Tentaremos apresentar, de forma condensada, uma filosofia ontológica da infância que põe de parte o caráter durável da infância. Por alguns de seus traços, a infância dura a vida inteira. É ela que vem animar amplos setores da vida adulta. Primeiro, a infância nunca abandona as suas moradas noturnas. Muitas vezes uma criança vem velar o nosso sono. Mas também na vida desperta, quando o devaneio trabalha sobre a nossa história, a infância que vive em nós traz o seu benefício. É preciso viver, por vezes é muito bom viver com a criança que fomos. Isso nos dá uma consciência de raiz. Toda a árvore do ser se reconforta. Os poetas nos ajudarão a reencontrar em nós essa infância viva, essa infância permanente, durável, imóvel."
"Os poetas nos arrastam para cosmos incessantemente renovados."
"Os poetas sempre imaginarão mais rápido que aqueles que os observam imaginar."
Os excertos acima sintetizam os capítulos do ensaio bachelardiano.

Um comentário:

CARLA NOBRE disse...

adorei o blog e adoro tb esse livro do bachelard, sou professora de literatura da amazonia e estarei ministrando uma palavra sobre o tema na proxima sexta, buscando algumas imagens de bachelard achei teu blog e adorei, abraços
www.carlapoesia.recantodasletras.com.br