sábado, 17 de julho de 2010

POR FALAR EM FEIRA (III)

SMEC elogiada: Escritora Selma Feltrin fala a respeito da Feira do Livro de Santiago

15/12/2008

Ocorrida em novembro, a 11ª Feira do Livro de Santiago foi o acontecimento cultural mais marcante de 2008. Nesta semana, a consagrada escritora Selma Feltrin teceu considerações sobre o evento, promovido pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Santiago. Confira o artigo que ela escreveu: "Livros e viagens à sombra da Moisés Viana "A 11ª da Feira do Livro de Santiago, que foi instalada na área mais central e democrática da cidade, se consolida cada vez mais, enriquece a vida de seus moradores e visitantes. É uma concepção alternativa de bom exemplo às demais localidade da região. Em sintonia com esta concepção, neste ano, o tema escolhido “Quem não lê, não vê”, chama à reflexão, pois viver sem ler é viver prisioneiro do imediatismo e da superficialidade. Ler agrega saberes, vivências e valores que enriquecem não apenas a vida de quem lê, mas também a vida daqueles que o rodeiam e em qualquer campo da atividade humana. A cidade teve uma Biblioteca a céu aberto – em tempos de plena informatização tecnológica e de velozes mídias, que oportunizou a construção coletiva de conhecimentos. No entanto, mesmo havendo outras modernas ferramentas de comunicação e de relacionamentos virtuais, os livros precisam estar presentes, eles são formas de libertação, de mudanças de lugar sem precisar de movimento, propiciam emoções não-vividas e viagens a outros mundos. Durante a presença desta Biblioteca, leitores, escritores, mediadores de leitura e o público em geral conviveu em um espaço favorável à interação constante. Nesta convivência, as muitas crianças que lá estiveram, encontraram os escritores próximos a elas, ali mesmo à sombra das belíssimas árvores da Praça Moisés Viana. Elas receberam o tão desejado autógrafo – mesmo que ele tenha sido num simples pedacinho de papel e/ ou marcador de página – . Enquanto isso, outras pessoas se depararam com um livro há muito desejado. Todos, enfim, puderam sentir o quanto é enriquecedor um passeio à Feira e souberam apreciar as demais atrações gratuitas dentro da programação cultural, que contemplou a todas as faixas etárias, embaladas pelo “Quem não lê, não vê”. E no embalo deste mote, durante a minha permanência na cidade, pude sentir a importância da construção conjunta, da necessidade do conhecimento prévio e da orientação atenta do Educador – do Professor mediador de leitura – o quanto é relevante este papel. E ainda, nesta construção, o trabalho dos agenciadores culturais da Secretaria de Educação e Cultura –SMEC e do Curso de Letras da URI. Exemplos que oportunizaram a disseminação do prazer pelo livro, ao incentivarem ações voltadas à leitura, mesmo sabendo da insuficiência de políticas públicas que permitam o contato com essa fonte inesgotável de enriquecimento pessoal. Por tudo isso, manifesto um agradecimento especial à SMEC, não só pela calorosa acolhida, como também pelo agendamento prévio com as Escolas, o que me oportunizou o contato direto com os alunos – leitores, que já estavam desenvolvendo trabalhos com os meus livros. Neste contato, pude ver crianças capazes de estabelecer um verdadeiro diálogo interdisciplinar, mobilizado por um simples mote tirado de um desses livros. Também, pude ver a criatividade estimulada, como a releitura de poesias expressadas em outras formas de arte, esquetes e jograis. Fiquei maravilhada com o enfoque diversificado de diferentes atividades partidas de um simples texto. Alunos fazendo predições, comentários sobre determinada personagem do livro lido e emitindo juízo de valores. Uma verdadeira exposição de talento e criatividade. E foi neste momento de encanto que sedimentei o que penso sobre uma atividade de leitura: ela não deve ser dada para atingir objetivos nem fazer aferições, até mesmo porque as leituras são tantas como são os textos e suas possíveis leituras. As intenções de leituras são muitas e as interações muito mais ainda. A todos os mobilizadores de cultura da ”Terra dos Poetas”, que promoveram a 11ª Feira do Livro, esta festa literária que se constituiu em capitalização de idéias, de ações aplicadas em diversão e investimento num fundo extremamente rentável: a própria vida, – muitíssima obrigada por todo o carinho a mim dispensado. Parabéns, Santiago! até a 12ª edição, pois “quem lê vê melhor a vida”. Selma Nanci Feltrin

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