quinta-feira, 3 de junho de 2010

OS SEGREDOS DA FICÇÃO

Adquiri esse livro em 2005. O melhor que li sobre a arte de escrever. A propósito, abaixo da linha que corta horizontalmente a capa, está escrito "um guia da arte de escrever".
Na orelha: "Os segredos da ficção é um convite irresistível à criatividade. Romancista e contista premiado, Raimundo Carrero mostra neste livro estimulante que a literatura está ao alcance de todos aqueles que têm o impulso de criá-la e, também, a perseverança de trabalhar duro para transformar suas ideias em contos, novelas e romances".
Da Introdução à Bibliografia Comentada, tudo é interessante. A voz narrativa, o processo criador (impulso, intuição, técnica, pulsação narrativa e organização do processo de criação). Cem páginas são dedicadas ao capítulo A construção do personagem. "Flaubert fez uma verdadeira curva narrativa para criar Emma Bovary. Ele confessou em carta. O ponto de partida de Madame Bovary era uma virgem mística e terminou uma adúltera; em Umberto Eco uma notícia de jornal provocou a gênese de O nome da rosa..."
Um dos tópicos iniciais do livro é Primeiro passo: ler, ler, ler. (Exatamente o que falo para quem pergunta minha opinião sobre a arte de escrever.) O que nos ensina Raimundo Carrero?
"Ninguém se torna escritor sem ser, antes de mais nada, um leitor obsessivo. Compulsivo, feito se diz. Tudo mesmo: romances, novelas, contos, ensaios, jornal, revista etc. Mesmo assim, consideremos uma radical observação: sem os clássicos é impossível criar uma precisa visão do mundo - o caminho árduo que nos leva à construção da obra.
"No processo de voz narrativa - esboços, argumento, sonhos, situações descosturadas diálogos soltos, vai se estruturando a pulsação - começo e fim da obra literária.
"Homero, Dostoiévski, Tolstoi, Gógol. Shakespeare. Dante. Cervantes. Flaubert, Balzac, Stendal. Joyce. Faulkner, Hemingway, Steinbeck. Virginia Woolf, Sylvia Plath, Katherine Mansfield. Borges, Sábato, Robert Arlt. Juan Rulfo, Carlos Fuentes, Octavio Paz. Machado, Euclides, Graciliano, Jorge Amado. Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon".
Carrero aconselha a ler também os poetas. Bons dicionários e boas gramáticas.
Por que será que o autor não cita Paulo Coelho, J.K. Rowling, Mônica Buonfiglio...?


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