segunda-feira, 31 de maio de 2010

(A)NORMAL

Um indivíduo é normal se pertence ao grande grupo de uma sociedade, com o qual compartilha de ideias semelhantes, de gostos semelhantes, de costumes semelhantes. Enfim, um semelhante. Em Santiago, por exemplo, existe um microuniverso quase fechado em torno da normalidade. A impedir tal perfeição, uns e outros rompem os limites desse mundinho, consciente ou inconscientemente. Do primeiro modo, agem os excêntricos; do segundo, os loucos. Antes que me interpretem mal, excentricidade e loucura com o menor grau de depreciação e de patologia, respectivamente. Com isso, tampouco ironizo uma excelência dos que podem ser reconhecidos como normais. Pelo simples fato de criticar, pertenço ao grande grupo. Sou normal. Todavia, provoco uma ruptura ao fazer a autocrítica. Ninguém me poderá cobrar pela contradição de ter meu dedo indicador apontando para fora, enquanto outros três se voltam para mim. Por gostar do frio, sou um excêntrico. Não sigo o grande grupo que odeia o frio no inverno e odeia o calor no verão. Hedonistas incorrigíveis. Odeio os dias quentes, mas me alegro com os dias gelados. Não tenho lareira em casa. A propósito, não tenho casa. Moro num apartamento alugado, no alto de cinquenta degraus. Mesmo assim, saio para rua de noite, só para sentir o cheiro da lenha queimando em lareiras de lares alheios. Acaso serei um louco por isso? Acima da excentricidade, a poesia é minha forma de loucura, meu discurso diferenciado, bem outro do que estou cansado de ouvir, de ler. Decididamente, não sou um indivíduo normal.

domingo, 30 de maio de 2010

CLÁSSICOS DA LITERATURA

A Abril Cultural está lançando no mercado uma coleção dos maiores clássicos da literatura universal. Os livros têm a capa dura revestida de tecido (com cores diferentes) e um bom acabamento. Os dois primeiros volumes, Crime e Castigo, de F. Dostoiévski, já se encontram nas bancas, com a promoção de um volume: R$ 14,90 (catorze reais e noventa centavos).
A relação é a seguinte:
- Crime e castigo, de F. Dostoiévski (2 vol.);
- Madame Bovary, de g. Flaubert;
- O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde;
- Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis;
- A Divina Comédia, de Dante Alighieri;
- Os sofrimentos do jovem Werther, de J.W.Goethe;
- Dom Quixote, de M. Cervantes (2 vol.);
- Hamlet, Rei Lear e Macbeth, de W. Shakespeare;
- Ilusões perdidas, de Honoré de Balzac (2 vol.);
- Orgulho e preconceito, de Jane Austen;
- O primo Basílio, de Eça de Queirós;
- Moby Dick, de Herman Melville (2 vol.);
- O falecido Mattias Pascal, de Luigi Pirandello;
- O homem que queria ser rei e outras histórias, de Rudyard Kipling;
- Os lusíadas, de Luís de Camões;
- A metamorfose, de F. Kafka;
- Outra volta do parafuso, de Henry James;
- O assassinato e outras histórias, de Anton Tchekhov;
- O morro dos ventos uivantes, de Emily Brönte;
- Mensagem, de Fernando Pessoa;
- Coração das trevas, de Joseph Conrad;
- O vermelho e o negro, de Stendhal;
- Cândido, de Voltaire;
- Os malavoglia, de Giovanni Verga;
- Os sertões, de Euclides da Cunha (2 vol.);
- Contos de amor, de loucura e de morte, de Horacio Quiroga;
- Infância, de Gorki Maksim;
- Grandes esperanças, de C. Dickens;
- No caminho de Swann, de Marcel Proust; e
- Odisseia, de Homero.
Muitos desses livros foram citados como os melhores de toda a literatura por Will Durant, filósofo e historiador norte-americano. Em 29 de julho de 2007, postei uma relação neste blog, a que chamei de "biblioteca ideal".

sexta-feira, 28 de maio de 2010

ESCRITOR E PIZZAIOLO



Gilberto L. de Melo abriu a pizzaria Vitória-Régia na Benjamin Constant, entre a Pinheiro Machado e a Bento Gonçalves. Depois de muito tempo, Gilberto volta a investir nesse ramo da alimentação. Ele foi pioneiro em Santiago em tele-entrega. Foi embora. Fez curso de O. V. D. (Organização, Vendas e Direção) na Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro. Em Curitiba, cursou Marketing e Mídia na Fundação Jaime Lerner.
Todos os dias encontro o Gilberto em sua pizzaria, no supermercado, ou aqui na esquina do Banco do Brasil. Numa de nossas conversas, meu amigo disse que havia publicado um livro: Dicas de Como Matar um Leão por Dia, na 6ª edição e com quase dez mil exemplares vendidos. No oeste do Paraná, Gilberto soube vender seu livro para as grandes empresas que bancavam as novas edições.
Destaco alguns aforismos interessantes de Dicas de Como Matar um Leão por Dia:
"O que se vende não é exatamente o produto, mas o ATENDIMENTO. Nossos produtos o concorrente também tem";
"Nunca faça papel de vítima, nem fique à procura de culpados. Vibração e paixão são a marca registrada dos campeões em vendas";
"Quando se deparar com um cliente irritado e usando palavras agressivas, poderá contornar, dizendo: 'Vou chamar um colega para atendê-lo melhor'. Mas, não entre na dele".
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O comércio é o setor econômico mais forte em Santiago, mas anda carente de bons vendedores. Há lojas em que o cliente é tratado como alguém que viesse pedir um favor. Falta tato, motivação e conhecimento a essas pessoas tão necessárias para movimentar nossa economia. Nesse aspecto, o livro do Gilberto é uma boa pedida.
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A pizzaria Vitória-Régia fica na Benjamin Constant, nº 440, Centro. Tele-entrega: 32410643 ou 99869455.

ELEIÇÃO NA URI

A professora Saléti Reolon veio ao lançamento do meu livro. Num dado momento, conversamos sobre a eleição na URI. Fui obrigado a elogiar sua postura de sábia neutralidade, o que significa acima do quadro que se configura a escolha para direção da URI (Campus de Santiago). Em Santo Ângelo, houve consenso. Aqui, em contrapartida, há uma cisão evidente, uma disputa acirrada que não chegará a um termo sem apelação judicial. Tenho repetido que o processo democrático é sintoma de uma crise, com desgaste evidente aos envolvidos. Gente boa que compõe uma ou outra chapa se arrependerá de ter concorrido, perdendo, inclusive, a glória legada pelos feitos pretéritos. A URI não será mais a mesma a partir desta eleição.

LANÇAMENTO DE LIVRO

No Departamento de Literatura do Centro Cultural de Santiago desde 1998, tenho presenciado o lançamento de várias obras (literárias ou não), produzidas por escritores santiaguenses e de outros lugares (como foi o caso de Balaio de Causos, de Odilon Abreu, cujos familiares do autor vieram de Porto Alegre). Em todos os eventos, dediquei-me com voluntariedade e abnegação para que o protocolo fosse conduzido da melhor maneira possível. A despeito da importância do livro para a cultura de um modo geral, sempre acaba sobrando cadeiras vazias no auditório.
No lançamento do meu livro ontem, compareceu um número de pessoas que eu esperava atendesse ao convite. Em razão de saúde, compromissos inadiáveis e por motivos que ignoro, a ausência de alguns é compreensível. Agradeço a Simone, em especial, pela leitura do protocolo.
Caso não houvesse superado a megalomania há muito tempo, registraria que o lançamento foi um sucesso (não gosto desse termo). Noutras palavras, digo que a noite estava agradabilíssima, principalmente pela aproximação de poesia e vinho (como sugeria Baudelaire, sem o exagero de "embriagar-se"). Alguns poemas foram consumidos, visual e auditivamente; ou melhor, 12 garrafas de Casillero del Diablo.
O livro Vozes e Vertentes encontra-se exposto para venda na livraria do Tide, Rua dos Poetas, ao preço de 10 reais.

terça-feira, 25 de maio de 2010

RITMO E METÁFORA

Um dos textos metapoéticos mais claros foi escrito por Fernando Pessoa, o genial poeta e grato filho da Língua Portuguesa. O excerto a seguir é de uma precisão extraordinária:
"Poesia e prosa não se distinguem senão pelo ritmo. O ritmo consiste numa graduação de sons e de faltas de som. Às palavras, como existem, compete um ritmo de variação, dependente da extensão das palavras, da sua acentuação, da sua qualidade e quantidade silábica, e também do seu sentido. Às pausas, como não existem, compete tão somente um ritmo d extensão".
O ritmo aproxima a poesia da música. A equivalência pode ser feita entre uma nota e um fonema, uma vez que ambos são unidades de som. Uma composição musical se caracteriza por uma sequência de sons (graves e agudos), que se repetem a um tempo determinado - o compasso. Um poema é composto por uma sequência de sons (tônicos e átonos), que se repetem a um espaço definido - o verso. Para ilustrar o que seja o ritmo, transcrevo quatro versos de Carlos Nejar:
"Os homens eram ardentes
como tochas de amaranto
sobre o rosto do poente
deixaram rosas de pranto".
São versos de sete sílabas, com tonicidade na 2ª, 4ª e 7ª, no primeiro e quarto verso; na 3ª e 7ª, segundo e terceiro versos.
O heptassílabo (redondilha maior) é uma recorrência na produção nejariana. Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, constitui outro exemplo em que preponderam os versos com sete sílabas. O verso livre foi uma das maiores revoluções do Modernismo. O conteúdo se sobrepôs à forma, ainda que esta se faça presente na linguagem, na extensão do verso e do poema como um todo, bem como no ritmo interno.
Nejar definiu o poeta como um "encantador de imagens e palavras". Sem abolir o ritmo, a poesia passou a se fundamentar, mormente, na metáfora. Nos versos acima, temos três (incluindo a comparação): "como tochas de amaranto", "rosto do poente" e "rosas de pranto".
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(Publicado numa coluna do Expresso Ilustrado em 2005.)

HARRY POTTER (OU A NOVA ORIENTAÇÃO NA LITERATURA SANTIAGUENSE NO SÉC. XXI)

Convidado que fora para a 1ª Semana Literária de Santiago, dediquei-me a elaborar a palestra. Inicialmente, fiz algumas especulações sobre o próprio tema do evento: A Literatura Santiaguense no Século XXI. Em seguida, passei a falar de poesia. De Camões a Carlos Nejar, citei os grandes poetas na ilustração dos principais elementos que distinguem o texto literário. Na definição de verso livre, por exemplo, transcrevi um dos mais belos poemas de Whitman (o criador do verso livre). Para explicar sobre o ritmo, projetei na tela versos de Oswald de Andrade (mais modernista impossível). Na demonstração de aspectos fônico e gráficos, escolhi alguns de meus poemas (sem pretensão de estar entre os grandes). A despeito de meu esforço, de meu entusiasmo em falar sobre algo que é do meu domínio cognitivo, fui criticado no dia seguinte, debochado por um dos membros da Casa do Poeta Brasileiro de Santiago, organizadora do evento. Em síntese, alguém comentou entre os presentes que eu me equivocara em citar os clássicos, entre os quais incluí poetas vivos, como Nejar e Oracy Dornelles. Até aí, tudo bem. Mas deboche é diferente de crítica, porque nega a seriedade, a dedicação suprarreferida. Grosso modo, equivale ao desrespeito, à desmoralização. Para diminuir a importância dos clássicos, o distinto trocista (pra não dizer outra coisa) colocou-se como paradigma de uma orientação literária que deve prevalecer em Santiago, dizendo que já lera Harry Potter 1, 2, 3...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

ABÓBORAS E JABUTICABAS

Nunca imitarei Américo Pisca-Pisca, aquele personagem de Monteiro Lobato que pensava reformar a natureza, o mundo. O conhecimento prévio me impede de querer abóboras no lugar de jabuticabas. Mesmo não sendo um mundo maravilhoso, em vista de fenômenos indesejáveis, é o único de que dispomos para viver. A forma como vivemos nele pode ser melhorada, digo, deve ser melhorada. Os grandes idealistas me passaram a ideia de que a humanidade evolui continuamente para um estágio superior. A maioria dos homens ainda acredita nisso, embora atue no sentido contrário. A percepção dessa realidade me forçou a romper com velhos paradigmas. Com a liberdade intelectual, meu ceticismo se desenvolveu, tornando-me um rortiano*, "do contra". Por isso, meu discurso é impopular e, vez ou outra, tem recebido ataques. Basta contrariar o senso comum, como o (in)feliz que voltou à caverna da alegoria platônica para contar aos ex-companheiros sobre a luminosa experiência vivida fora. Certos comentários postados anonimamente neste blogue me permitem dizer que muitos de meus contemporâneos tomam as sombras dentro da caverna como realidade. Não imitarei Américo Pisca-Pisca, mas nada me impede de baixar a lenha (ainda que provoque certos estudantes de Direito da URI).
* Derivado de (Richard) Rorty, um dos mais brilhantes filósofos pragmáticos do século XX.

domingo, 23 de maio de 2010

COMENTÁRIOS DIVERSOS

A coordenação do XVII Encontro da Família Machado me ocupou muito tempo nos últimos dias, razão por que não postei desde terça-feira passada.
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Quem foi ao jantar-baile nOs Tropeiros gostou da comida e da música. Carne macia e cerveja gelada. Muito doce de sobremesa: pudim, ambrosia, figo, abóbora, sagu e laranja. Foi um festival dessa que a verdadeira delícia gastronômica.
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Ontem fui à Nova 99 FM, para falar do lançamento do meu Vozes e vertentes. Fiquei encantado com a mudança nos estúdios da rádio. Qualidade total.
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Tenho observado que as campanhas contra o cigarro estão surtindo um efeito que é visível. Apenas uma pessoa entrou fumando no CTG, onde a festa dos Machado se realizava. Duas ou três saíram do recinto para fumar lá fora.
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No trânsito, quanto ao uso do cinto de segurança, verifico que uma nova geração de motoristas vem cumprindo a lei. Não demorará muito, e a sinalização será obedecida (principalmente as placas de PARE e de velocidade máxima permitida.
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Gostaria que me respondessem, caros visitantes deste blogue, por que essa moçada notívaga grita tanto na rua? Na noite de sexta para sábado, em frente a um clube da Pinheiro Machado, gritaram a madrugada toda. Gritam, quebram a placa que anuncia aulas de música da Professora Dinorá, fazem as vezes de banheiro o pátio da casa da dona Deja Machado e não deixam ninguém dormir tranquilo. Dão facadas também. Em pleno centro. Não há lei do silêncio?
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Fato que me deixa aborrecido é a morte de um jovem. Fiquei assim desde que soube do acidente com Georjivan. Sem palavras.

terça-feira, 18 de maio de 2010

POETA ENCONTRADO

Uma coisa boa nesta vida é conhecer um poeta (ou conhecer sua poesia). Um poeta esquecido no fundo de uma caixa, abandonado ao silêncio e à poeira. De repente, você abre umas páginas amareladas e lá está o poeta transfigurado em palavras. Foi o que me ocorreu nesse fim de tarde: encontrei um poeta chamado Decio Frota Escobar, primo do Carlos Humberto Aquino Frota. Uma vida concluída tragicamente (no sentido dado pelos gregos clássicos). Nos poemas reunidos em travessia, procurei o poeta com os olhos congestionados por imagens sucessivas. Encontrei-o a galopar na noite sobre a cidade, em seu cavalo de vento.
Ouçam seu ritmo:
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cavalo de vento
galopa de noite
na minha cidade
de vento
na noite
.............. galopa
.............. cidade
.............. galopa
.............. cavalo
no vento
............. cavalo
da minha cidade
............. cavalo
no vento
............. cavalo
............. galopa
............. cidade
............. galopa
na noite
de vento
na minha cidade
galopa de noite
cavalo de vento

FESTA DOS MACHADO

O nosso décimo sétimo encontro da família acontecerá neste sábado, às 20 horas, no CTG “Grupo Nativista Os Tropeiros”. No jantar, um macanudo cardápio: carne, linguiça, arroz, mandioca, pão e saladas. De sobremesa, doce de abóbora em calda, ambrosia, pudim e sagu. Logo após, o conjunto Vozes do Rio Grande animará um baile com o melhor da música tradicionalista. Bem ao gosto dos Machado. Hoje é o último dia para a venda dos cartões, ao preço de R$ 12,00 (doze reais), disponíveis no Mercado Machado, Mariana Malhas, Selton Hotel, Mercado Central ou pelo telefone 96227590.

sábado, 15 de maio de 2010

IBERÊ CAMARGO



Ontem, postei sobre Otelo Ribeiro, nosso artista plástico de Santiago. Hoje, o caderno Cultura (ZH) traz uma ampla matéria sobre Iberê Carmargo, um dos maiores representantes da pintura contemporânea. O pintor é natural de Restinga Seca, que acaba de criar a Casa de Cultura Iberê Camargo (num casarão que já abrigou um hospital, um colégio e a primeira sede da prefeitura). Há uma lei municipal naquela cidade que oficializou a expressão "Restinga Seca, terra de Iberê Camargo".
Os quadros acima ilustram dois motivos preferidos por Iberê: os carretéis e os ciclistas.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

GRANDE ARTISTA

Hoje encontrei esse desenho de Otelo Ribeiro numa das minhas pastas. Grande desenhista, dono de um traço inconfundível. Quando visitou a Feira do Livro de Santiago (2008), Luiz Coronel fez um convite ao santiaguense para ilustrar um de seus livros, encantado com os desenhos a lápis do meu amigo. Conheci Otelo na casa do Marcos, jogando xadrez nas tardes de sábado. Segunda arte que nos aproxima. Faço-lhe esta homenagem em meu blog, simples, verdadeira. Ele pertence à constelação mais alta de artistas de nossa cidade, onde já se encontram o Oracy (na poesia), a Ana Cristina Damian (na pintura abstrata), entre outros.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

SELEÇÃO BRASILEIRA

A convocação da seleção brasileira é o assunto que mais tem gerado polêmica desde ontem. Não poderia ser diferente num país em que o futebol continua sendo um esporte popularíssimo, que nos proporciona incontestável soberania (com as maiores conquistas mundiais).
Dunga acertou? Dunga errou? Não há uma lógica para ser quebrada, apenas paixões não correspondidas. O técnico foi o mais coerente possível, apostando em quem já esteve sob seu comando. A paixão futebol clube teria outra seleção quase completa para levar à Copa. Ela pergunta para que levar Luisão, Kléberson, Gilberto Silva, Josué, Júlio Batista e Grafite, alguns deles no banco de reserva de seus clubes (como é o caso de Kléberson e de Júlio Batista). Não os substituiriam Miranda, Hernanes, Ganso, Ronaldinho, Neymar e Tardeli?
Injustiça mesmo foi feita com Victor, há dois anos o melhor goleiro do Brasil. Certamente, não jogaria se fosse convocado. Melhor para o clube, para a torcida do Grêmio.
Desta vez, não aposto no Brasil.

terça-feira, 11 de maio de 2010

ELEIÇÃO NA URI.

A democracia grega, embora coincidisse com uma época de esplendor, representou o começo do declínio da civilização que a engendrara historicamente. Platão foi seu maior crítico, com a razão filosófica que o transformou num dos maiores pensadores de todos os tempos.
Da Grécia para a URI, não querendo fazer comparações.
A iminente eleição para diretor, diferentemente de tudo o que ocorreu em 40 anos, revela uma crise na instituição. No mínimo, evidencia-se uma cisão em seu corpo docente, logo após a perda de relevantes profissionais que foram para outras universidades.
A fase de ouro da URI (Campus de Santiago) foi vivida por volta do ano 2000, dois a menos, dois a mais. Desde antes, a direção era exercida com poderes absolutos pela professora Ayda Boch Brum. Ao contrário de Atenas, não havia democracia na cidadela do saber que se ilumina ao ocaso. O poder passou de mãos uma única vez (dinasticamente).
Algumas vozes isoladas passam a clamar por mudanças. O curso de Direito, carro-chefe da universidade, não consegue aprovar na OAB. As licenciaturas se esvaziam, perdendo a clientela para as universidades a distância. Outras presenciais, como a pública Unipampa, fixam-se nas cidades vizinhas. Os novos cursos não mantêm a demanda necessária. Algumas vozes, agora unidas, ousam desafiar o establishment...
Finalmente, a democracia é instituída como tentativa de rechaçar a crise inexorável.
A Grécia não mais se levantou depois de Péricles. Platão estava certo: num mar agitado, nenhum ajudante de convés pode substituir o capitão na melhor condução do barco.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

SCIENTIFIC AMERICANA (ED. ESPECIAL)

A história evolutiva do homem é algo que me arrasta à leitura. Hoje à tarde, comprei a edição especial da revista Cientific Americana. O sumário promete:
- Em busca do primeiro homem - Restos recém-descobertos acenam com novas possibilidades de conhecer nossas origens;
- O encontro de uma nova espécie (sic) - Fósseis de 2 milhões de anos descobertos na África do Sul podem ser de nossos ancestrais;
- A filha de Lucy - Novo e extraordinário fóssil humano renova debate sobre a evolução do andar ereto;
- Alimentos e evolução humana - Mudança alimentar foi a força básica para sofisticação física e social;
- Estrangeiros na nova terra - Descobertas na Geórgia abalam velhas ideias sobre os primeiros hominídeos a deixar a África;
Pegadas nítidas de um passado distante - DNA permitiu uma visão mais clara da travessia milenar da África até o extremo sul da América do Sul;
- Luzia e a saga dos primeiros americanos - Para Modelo Clovis, homem chegou ao Novo Mundo há 11.400 anos;
- A origem de nosso entendimento - Inteligência humana se reflete no fino controle da musculatura dos dedos e da face;
- Genealogia humana - Cerca de 180 anos após descoberta do primeiro fóssil humano, paleontólogos reuniram um fascinante registro de nossos antepassados.

SOBRE A VULGARIZAÇÃO DA POESIA

Dois fenômenos culturais são mais evidentes em Santiago, simultâneos e paradoxais: a falta de leitura e a vulgarização da poesia. O primeiro ocorre em todo o país desde seu descobrimento, o que explica a classificação de "analfabeto funcional" ao indivíduo alfabetizado que não lê. Da diminuta parcela que desenvolve o hábito, um número reduzidíssimo se interessa pelo gênero poético. O segundo surgiu nos últimos anos, mais claramente a partir de projetos que intentam justificar o epíteto de Terra dos Poetas para nossa cidade.
Por um lado, avivou-se o nome daqueles que produziram no passado, como Manuel do Carmo, Zeca Blau, Antonio Carlos Machado, Sílvio Duncan, entre outros. Nesse sentido, o resultado foi muito positivo com a construção da Rua dos Poetas e a edição das antologias 1 e 2. Por outro lado, a ideia de que para ser poeta basta escrever alguns textos foi muito ruim. Nenhuma preocupação em relação à qualidade literária dos novos eleitos, aos quais poderiam ser oferecidas oficinas pela própria instituição coordenadora do projeto.
O fenômeno se ampliou com o advento dos blogs, no âmbito digital, espaço bastante adequado para a edição de escritos pessoais.
A vulgarização também decorre de um preconceito pós-moderno que defende anarquicamente uma produção poética não dependente da leitura dos grandes poetas. A consequência disso são textos formalmente indefiníveis entre a prosa e a poesia, de conteúdo pueril e umbiguista. Os autores, quando falam sobre sua própria arte, pretextam que poesia é sentimento (numa falácia já conhecida como "uvas verdes").
O menos lamentável é que o fenômeno não se restringe a Santiago. Na Feira do Livro de Santa Maria, mais precisamente no estande da Casa do Poeta daquela cidade, grande parte das publicações expostas de autores novos encontra-se abaixo da crítica. Capas belíssimas, títulos grandiloquentes, mas textos paupérrimos.

sábado, 8 de maio de 2010

FEIRA DO LIVRO

Ontem fui a Santa Maria para o lançamento do meu Vozes e vertentes na Feira do Livro. Ainda de manhã uma correria para pegar o ônibus ao meio-dia, sem almoço, não inteiramente bom de um problema de saúde. Depois de três horas de viagem, sobrou tempo para mandar fazer dois banner com poemas do livro. Muita gente no local, principalmente entre o palco e a praça de alimentação. Às 17:30 horas, membros da comissão da feira organizaram as mesas para a sessão de autógrafos. Cinco lançamentos simultâneos. Entrevista com a rádio da feira e... cada um tomou seu lugar. À exceção da praça de alimentação, onde alguns comilões continuavam sentados, o espaço onde estávamos acabou se esvaziando. Cinco autores à espera de interessados numa produção inédita. Na mesa oposta à minha, autografava José Newton Cardoso Marchiori, professor universitário, autor de vários livros. Não fosse o Ivan Zolin, Auri Sudati e o Candinho (presidente da feira), eu não teria vendido um único livro. Os outros venderam menos. Não só para mim, aqueles 60 minutos na praça foram de desconforto, de oportunidade para repensar projetos futuros. Mesmo que a poesia não seja objeto de venda, o desinteresse pelos poetas ou escritores em geral foi o que ficou evidente a partir da sessão de autógrafos de ontem. A praça encontrava-se cheia de gente, que ali viera por outros motivos. Logo após, o local voltou a lotar, porque em cima do palco alguém começou a tocar uma guitarra e a gritar em inglês. As mesas da praça de alimentação foram outra vez ocupadas. Rock acompanhado de hamburguer: prazer do abdômen para baixo. O Ivan chegou a comentar que era coisa do modelo norte-americano, vencedor. Como sobrávamos na praça, saímos dali, em companhia da Erilaine. Fomos ao Augusto, comer um galeto com polenta e radite (chicorium intybus). Às 23 horas, ônibus de volta para Santiago.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

CASAS E CASAS...

Uma casa é uma casa é uma casa... (parodiando Gertrude Stein). Uma casa reflete de certa forma o dono, naquilo que o caracteriza psicologicamente. Por exemplo, a maioria das casas é feia, porque a feiura constitui a regra. Não é de estética que quero escrever, mas de outro aspecto que passa a constituir uma tendência na geografia urbana, qual seja, o de aumentar a altura dos muros e grades. Independentemente da beleza ou funcionalidade, as casas construídas até o século XX sequer precisavam ser cercadas em nossa cidade. Muitas delas ainda continuam sem qualquer obstáculo para o acesso. Ainda que revelem o sossego ou a condição econômica de seus residentes, logo serão forçadas a se adequar à nova arquitetura. Na rua Benjamin Constant, por onde vou todos os dias para o trabalho, uma casa está sendo reformada. No lugar da mureta, ou melhor sobre esta, são fixadas grades de ferro, cuja altura ultrapassa dois metros. Isso prova que seu dono já se deu conta da necessidade de maior proteção, sente medo.
Uma rosa é uma rosa é uma rosa... e é um espinho.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

FIM DA RAZÃO? FIM DA HISTÓRIA?

Lendo a história da arte contemporânea, chego ao tópico "Pós-modernidade: simulação, apropriação, realismo neurótico e cyborgs".
"As teorias dos filósofos franceses Baudrillard, Derrida, Barthes e Lyotard foram fundamentais ao longo dos anos oitenta para a arte pós-moderna. [...] A partir das posições de tais pensadores foram afirmados fatos de extrema importância, assim como o fim da história, da realidade e do eu individual. [...] Fim da história como progresso, devido à destruição da razão como meio para alcançar a verdade."
Aqui, suspendi a leitura. Fui pesquisar no Google, digitando "fim da história". Para Fukuyama, o fim da história já aconteceu com a queda do muro de Berlim e o coroamento da história da humanidade com o triunfo do capitalismo e da democracia. E o socialismo ainda existente em torno do planeta? E a teocracia islâmica?
Como um cientista político da estatura de Fukuyama torna equivalente estabilidade democrática e fim da história?
Fim da razão? Fim da história? Como isso pode ser tomado como fato?

terça-feira, 4 de maio de 2010

NUDE, GREEN LEAVES AND BUST

Esse quadro de Picasso foi vendido num leilão pela bagatela de US$ 95 milhões. O artista foi um gênio da pintura, um mito moderno aproveitadíssimo pelo mercado.

domingo, 2 de maio de 2010

BONS PADRES

Na postagem abaixo, Santa igreja, escrevi que os católicos sairiam em defesa da igreja, que os padres pervertidos sexualmente são uma minoria. Pois já saíram há pouco na casa de um parente. Um de meus interlocutores foi além, acusando que intentam acabar com a religião católica. Perguntei a ele quem estaria querendo isso, disse-me que as igrejas evangélicas. Outro reclamou que muitos padres trabalham pelo bem da comunidade a que pertencem, sempre trabalharam, mas os detratores da igreja não exaltam essa maioria. Socraticamente, perguntei-lhes se saberiam dizer com absoluta certeza se o padre de suas paróquias é bom ou ruim. Quanto tempo os arapiraquenses foram rezar, acreditando na idoneidade moral de seus três padres? Em Rolante, os dois padres tinham amantes, que acabaram grávidas. Em Santiago... alto lá! Em Santiago, as autoridades católicas sempre foram corretíssimas, algumas com relevo social inegável.

DÁ-LHE, GRÊMIO!!!

Campeão gaúcho 2010.

SANTA IGREJA!

Não vai longe e começarão a dizer os próprios católicos que as profecias bíblicas se confirmam tudo o que de errado está a acontecer neste mundo velho. Exceto pela frequência e desvelamento dos fatos, o mundo é o mesmo desde sempre. A pedofilia, a hossexualidade, o sexo e outras práticas sempre existiram dentro da igreja que teima em pregar contra o pecado da luxúria, da carne.
A tentação nada tem a ver com um demônio, mas com a libido, com o desejo recalcado, com a fantasia...
A partir de Freud, o véu que encobria a sexualidade humana foi abruptamente arrancado das mãos desses falsos moralistas, desses grandes hipócritas que são os padres da igreja católica, justamente quem mais firmemente mantinha esse véu sobre certas verdades.
A Psicanálise era o conhecimento que faltava para desmistificar toda e qualquer organização religiosa. Somada à Filosofia, à Arqueologia, à História Natural e, por último, à Genética, a Psicanálise representa a quarta frustração (na minha concepção), depois do que se pode decretar o fim do criacionismo, da relação homem-deus...
Fala-se em pedofilia, um eufemismo para a sem-vergonhice, a luxúria em suas manifestações mais abjetas recentemente descobertas em Arapiraca. A figura cima, monsenhor Luiz Marques Barbosa, mantinha uma casa para se regalar sexualmente, onde guardava bebida e cremes corporais íntimos. Resta saber se os encontros com os mancebos ocorriam antes ou depois da missa que rezava para os devotos cidadãos de sua cidade. Devotos pecadores, diga-se de passagem. Segundo o depoimento dos jovens, o safado pegava em seus pênis durante a celebração eucarística. Raimundo Gomes e Adílson Duarte são os outros padres que participavam da tal casa.
Dirão os católicos que eles são exceções dentro da organização a que pertencem. Todavia, apenas nos Estados Unidos, são conhecidos mais de 200 mil casos de assédio sexual, envolvendo os senhores de batina. Voltaire, em seu Dicionário Filosófico, escreve sobre coisas nada cristã praticadas pelos papas, dignas de um conto fantástico.
Convido o caro visitante deste blog a fazer uma leitura crítica da fotografia acima. Batina branca, o santo com a criança, a imagem de Cristo na parede...
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(O Zero Hora deste domingo traz a matéria Paróquia abalada, em que trata dos dois padres de Rolante, RS, que tinham amantes. Não fosse pela gravidez das duas mulheres, ninguém saberia, e os padres continuariam a rezar missas para os babacas católicos.)