quinta-feira, 1 de abril de 2010

CARPA, CARPA...


Hoje fui à feira do peixe. Grande a demanda e pequena a oferta. O caminhão não havia chegado de Capão do Cipó. Um caminhão cheio de carpa. Carpa, carpa, apenas carpa. As traíras eram miúdas, pouco mais que as joaninhas que pescava no Rosário naqueles meus verdes anos. Voltei para casa tranquilo. Sempre tenho peixe congelado. Primeiro, porque gosto mesmo (contrariando a maioria das pessoas); segundo, porque sou obrigado a diminuir a carne vermelha, por motivo de saúde. Essa corrida pelo peixe na semana santa é interessante, revela uma tradição, um condicionamento religioso (certamente com alguma raízes pagãs, como escreveu o Ruy), e expõe uma história irônica. Nas últimas décadas, os gaúchos acabaram com os rios piscosos. Para essa empreitada, usaram e abusaram da rede. A exploração agrícola funcionou como a paulada de misericórdia. Nestes dias, se queremos variedade, dependemos de alguns comerciantes que trazem peixe de longe (Mário Siqueira traz de Rio Grande, por exemplo). Caso contrário, só nos resta comer carpa, criada em açude. Depois que morei às margens do rio Paraguai, com opção entre o pintado e o pacu, entre o jaú e o dourado, voltar a comer carpa...
(Os gaúchos só perdem para os paraguaios em termos de destruição com a prática da caça e da pesca.)

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