segunda-feira, 14 de setembro de 2009

HOMEM-CAVALO


Ao iniciar a Semana Farroupilha, mais uma vez, escrevo sobre a compósita figura homem-cavalo. No passado, os dois se constituíam nos principais elementos da paisagem sulina, cuja relevância histórico-geográfica já chamou a atenção inclusive de José de Alencar (escritor do século XIX, nascido no Ceará, autor do romance O gaúcho). Esse passado a que me referi é tão recente que, tomando a evolução animal no planeta como referência, não há exagero em dizer que foi há pouco. (A palavra-chave é evolução.) Os fósseis e a filogenética molecular falam de eras anteriores aos mamíferos, classe a que pertencem o homem e o cavalo. Com a extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos, os mamíferos iniciam um processo de diversificação e ocupação dos nichos ecológicos vagos. Muitos milhões de anos se passariam para ocorrer uma subdivisão dos mamíferos: monotrenatas (que põem ovos), marsupiais e placentários. Os placentários, muitos milhões de anos mais tarde, subdividir-se-iam em várias ordens, entre as quais os perissodactylos (a que pertence o cavalo) e os primatas (a que pertence o homem). Antes dessas divisões, no entanto, a maioria dos genes que caracterizavam os primeiros mamíferos iriam se repetir (replicar) nas espécies subseqüentes até dar origem ao cavalo e ao homem. Isso significa dizer que os dois animais já pertenceram a uma mesma espécie ancestral (entre 71 e 75 milhões de anos atrás). A propósito, todos os seres vivos se originaram da primeira molécula replicadora que surgiu na Terra (discursa Richard Dawkins). O homem, dotado de um cérebro maior, domesticou o cavalo, inventou um deus para si, faz história e desfila na Semana Farroupilha.
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(Com alguns ajustes, a postagem acima será a próxima coluna do Expresso Ilustrado.)

Um comentário:

Ivan Zolin disse...

Froilam!



A respeito do tema homem e cavalo: – o gaúcho é o Centauro dos pampas. “Mais no antigamente”, quanto a Varig ainda era uma das alegrias dos gaúchos. Havia um dito popular: se o gaúcho não fosse humano desejaria ser “cavalo ou avião da Varig” tal era a nossa pretensão, respeito pelos nossos feitos ou ainda um desejo de liberdade. No ar ou terra não importa, desde que for possível conquistar mais espaço e conhecer o mundo.

O verdadeiro motivo dessa postagem e uma notícia que ouvi e ainda não foi possível confirmar, como a sua mensagem diz respeito a o tema cavalo e estamos na semana farroupilha, estou dividindo com você a minha inquietação. A última Expointer TERIA (não consegui confirmar ainda a notícia), dos seus 1.349 animais comercializados, mais os eqüinos (cavalos) do que outros animais. Fiquei a pensar quem hoje usa cavalo comprado na Expointer para trabalho ou para produção de crias, certamente muito poucos. A grande maioria tem no cavalo o “veículo” último modelo. Cabe uma bela reflexão da mudança de alguns valores, pergunte a um veterinário qual o animal que deixa mais ganho para ele, um animal para consumo de alimento ou o cachorrinho da madame que o humanizou. Vivemos a era dos extremos humanizamos os animais e muitas vezes coisificamos os animais e as pessoas.

Zolin

p.s.: ainda espero aquela postagem sobre a soberania do povo e suas possibilidade de eleição de presidente;