quinta-feira, 27 de agosto de 2009

THEODORADORNO


Uma das páginas mais desmistificadoras da Filosofia é o aforismo 151, Teses contra o ocultismo, do livro Minima Moralia, de Theodor Adorno. O filósofo da Escola de Frankfurt foi de uma luminosidade própria dos grandes estilistas, como Voltaire, Nietzsche, Russel, entre outros. Cada uma de suas nove teses é marcada por uma ideia que sintetiza a mais apurada sabedoria. Abaixo, os exemplos:

I - A inclinação para o ocultismo é um sintoma da regressão da consciência. Esta perdeu a capacidade de pensar o incondicionado e de suportar o condicionado.

II - O ocultista tira as últimas consequências do caráter de fetiche das mercadorias: o trabalho objetivado ameaçador salta dos objetos sobre ele com inúmeras caretas demoníacas.

III - O poder hipnótico exercido pelas coisas ocultas assemelha-se ao terror totalitário.

IV - No ocultismo o espírito geme debaixo de seu próprio sortilégio.

V - A absurdidade do real é reproduzida pela da astrologia, que exibe as opacas conexões entre elementos estranhos - nada mais estranho que as estrelas - como um saber sobre o sujeito.

VI - O ocultismo é a metafísica dos parvos. [...] A desculpa de que o mundo dos espíritos não pode comunicar à pobre razão humana mais do que esta tem condições de receber, é ridícula, uma hipótese auxiiar do sistema paranóico.

VII - Com a reificação dos espíritos, estes já estão negados.

VIII - Fazem o maior alarido em torno do materialismo, mas querem pesar o corpo astral. Os objetos de seu interesse devem ao mesmo tempo transcender a possibilidade da experiência e ser experimentados.

IX - O pecado capital do ocultismo é a contaminação do espírito e da existência, que se converte em atributo do espírito. Este emergiu na existência como órgão para a autoconservação na vida. Entretanto, na medida em que a existência se reflete no espírito, este se torna ao mesmo tempo outra coisa. [...] A passagem à existência, sempre 'positiva' e legitimando o mundo, implica ao mesmo tempo a tese da positividade do espírito, seu aprisionamento, a transposição do absoluto para a manifestação. [...] Não há espírito algum.

(Em azul, excertos do aforismo 151, de Minima Moralia.)

Um comentário:

Al Reiffer disse...

De fato, muitos filósofos e cientistas possuem um ódio mortal ao Ocultismo. Eu atribuo isso ao fato de que eles desejam explicar todas as coisas mentalmente,e nem sempre isso é possível. É possível se argumentar contra qualquer coisa, inclusive contra qualquer filosofia, ainda mais para quem sabe argumentar. Os próprios filósofos argumentam-se contra si. A mente nunca sai de seu labirinto, nunca encontra o fio de Ariadne. E não é tão difícil argumentar contra o Ocultismo, pois há muitas distorções sobre sua verdadeira essência. E assim até pode-se dizer que é "a metafísica dos parvos". Já eu, prefiro ficar com a ideia de que alguns homens que conheceram e vivenciaram o Ocultismo autêntico, tais como Einstein, Newton, Goethe, Beethoven, Fernando Pessoa, Wagner, Dante, Poe, Da Vinci, Lovecraft, Paracelso, Pitágoras, Victor Hugo, Milton, Bosch, Liszt, Novalis, José Régio, Delacroix, Schiller, Shakespeare, Schopenhauer, Jung, Borges, e vários outros,não eram parvos.