terça-feira, 2 de junho de 2009

ESCÓLIO

Ainda que a nossa blogosfera não necessite de esclarecimentos quanto ao significado da palavra-título desta postagem, transcrevo o que o grande Houaiss tem para nos dizer: escólio s.m breve anotação sobre algum texto com a finalidade de explicá-lo ou torná-lo mais claro, mais compreensível.
Escrevi o poema abaixo diretamente na página do blog, abrindo mão da caneta e do papel pela primeira vez. Ao contrário da Erilaine, que produz belos poemas e crônicas num vapt, demoro até dias para dar por acabado meus textos. Ontem foi diferente: abri a janela para uma nova postagem e...
Surpreso com o resultado, editei o poema (depois de escolher uma imagem no Google). Não substimando a capacidade de interpretação dos leitores, passo a explicar o que escrevi, especialmente o aspecto polissêmico do meu discurso poético.
a noite se
fria(o)
de uma forma prosaica, a noite, se fria ou anoitece frio.
Fazia muito frio, que o pala de lã e o vinho eram insuficientes. Vinho branco, alma de... de qualquer coisa, a suspensão é proposital. Vinho branco, almadén. Em cada garrafa há uma ponte fluida. Realmente, a melhor garrafa que tomei desse vinho foi em 1987, num restaurante de Poços de Caldas. Para contrabalançar com a metáfora, um dedo de prosa entre parênteses. A geada começa a ocorrer nas primeiras horas da noite, facilmente observada sobre os automóveis estacionados. Por que g(e)ia? O correto da conjugação na 3ª pessoa do singular do verbo gear é geia, mas o vulgo prefere gia. Juntei as duas variações linguísticas. Para encerrar, ousei criar um neologismo do amálgama entre aveludadas e lúdicas. Assim imaginei as mãos da poesia: avelúdicas.
A propósito desse recurso fônico-semântico, Alessandro Reiffer encerrou um de seus poemas com a seguinte construção:
"nada
de clarar"
A poesia se distingue da prosa por essas e outras.

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