domingo, 8 de fevereiro de 2009

NÃO TENHO RAZÃO?

ENSINO MÉDIO EM XEQUE-MATE...*
victor josé faccioni
As portas do início de um novo ano letivo, as atenções se voltam para o ensino médio, que parece estar em xeque-mate, como o reconhece o próprio ministro da Educação, ao afirmar que o setor vive uma 'crise aguda'. E não é para menos. Os índices de aproveitamento dos estudantes nas avaliações oficiais têm sido assustadoramente baixos. A maioria dos estudantes apresenta graves deficiências em matérias básicas, como Português, Matemática e Ciências. Atualmente, apenas 50% dos alunos matriculados na primeira série concluem os três anos do ensino médio. Um estudo realizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aponta o ensino de Ciências para estudantes brasileiros, na faixa etária de 15 anos, como um dos piores do mundo. Numa lista de 57 países, o Brasil aparece em 52º lugar, perdendo apenas para a Colômbia na América do Sul.Já o Banco Mundial mostra com dados convincentes que a educação é o melhor caminho para enfrentar a pobreza. Se a escola pública, por ser a mais procurada, não ensina o que deveria, os jovens não ficam e vão buscar atividades que lhes tragam mais vantagens. Para mudar o quadro, é preciso superar vários problemas, como a formação inadequada do professor. No Brasil, muitos saem das faculdades inseguros, sem saber o que e como ensinar na sala de aula. A ex-ministra de Reforma do Estado Cláudia Costin chega a afirmar que alguém que domina a diferença entre Vigotski e Piaget e conhece a fundo a Lei de Diretrizes e Bases não está necessariamente habilitado para ser um bom professor. Existem ainda outros fatores agravantes da baixa qualidade da educação brasileira, como melhores ofertas de trabalho para as mulheres que as afastam do magistério, imediatismo das políticas públicas e crescente onda de violência, que mete medo em alunos e professores.Como reverter essa situação, especialmente no ensino médio? Uma ação ampla do poder público, que passa pela valorização do professor, oferecendo-lhe, inclusive, adequadas condições de trabalho, e priorização da educação como fator estratégico do desenvolvimento nacional, canalizando para esse setor básico vultosos investimentos. Só assim será possível mudar os rumos deste país e garantir um futuro melhor para a população brasileira.

(Publicado no Correio do Povo de hoje)

Um comentário:

Anônimo disse...

TCE, o céu dos aproveitadores.Cácio.