domingo, 4 de janeiro de 2009

O AUTOR E O LEITOR NO HIPERTEXTO

O título acima constitui o sexto capítulo de um trabalho de Fabiana Komesu*, Pensar em Hipertexto, publicado no livro Interação na Internet - Novas formas de usar a linguagem, organizado por Júlio César Araújo e Bernardete Biasi-Rodrigues. Transcrevo excertos que julgo mais interessantes.
"Da perspectiva do autor, observo que, com o advento do hipertexto, é possível colocar em circulação sua produção de textos escritos, imagéticos, sonoros, sem a ingerência do sistema editorial tradicional."
"A possibilidade de circulação sem restrições declaradas é avaliada de maneira positiva por Bolter (2001). No domínio da teoria crítica, trata-se da abertura de um debate sobre a instituição dos cânones literários, sobre as razões pelas quais se incluem ou excluem autores e suas produções. [...] O hipertexto consiste não apenas das palavras que o autor escreveu, mas também da estrutura das decisões que criou para que o leitor explore a página eletrônica. Apesar das restrições decorrentes da seleção dos links, Bolter acredita (verbo não condizente com um estudo científico) que o leitor seja livre para se deslocar como quiser, o que o torna um participante ativo na produção textual eletrônica."
"Parece haver, de fato, vantagens para o autor do hipertexto, mas elas ainda não correspondem à conquista definitiva da publicação irrestrita dos textos. Possenti (2002) avalia com cuidado essa 'possibilidade inifinita de publicação'. Segundo Possenti, deve-se considerar a existência de diferentes critérios para a consagração quer de um romancista, de um cientista, de um jornalista, seja no meio eletrônico ou no suporte de papel. Não se deve confundir a queda de um tipo de barreira com sua ausência pura e simples."
"A discussão da função autor como modo de existência, de circulação e de funcionamento de certos discursos é conhecida em Foucault (1992). É ele quem apresenta a ideia de que, em determinada sociedade, certos gêneros, para poderem circular e serem recebidos, têm necessidade de um identificação fundamental dada pelo nome de seu autor, enquanto outros não."
"No caso dos blogs, por exemplo, parece desejável que a autoria seja reconhecida, pois o número de acessos é indício do reconhecimento de seu produtor e critério para a sobrevida na Internet."
"Entre a suposta liberdade de publicação e o comprometimento de seus direitos clássicos, o autor do hipertexto é concebido como o que organiza a produção textual, assinalando os links que orientam as escolhas do leitor em sua trajetória no meio eletrônico. Estou de acordo com Possenti, quando ele associa este conceito de autor (organizador da sequência textual) à função que se atribui ao leitor. O leitor do hipertexto é comumente definido como co-autor, na medida em que deve organizar a sequência do que vai ler, 'clicando ou não palavras-chave, por exemplo, ou seja, indo ou não a um outro espaço, e tendo ido, decidir se volta ou não ao texto como o autor teria disposto ou imaginado."
"O leitor do hipertexto é o que responde de maneira 'ativa', uma vez que as interconexões ficam sob sua responsabilidade (LANDOW, 1997)."
* Doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas.

Um comentário:

Fátima disse...

Froilam, obrigada pela referência ao meu blog na tua monografia.
Quanto aos poemas, escrevo-os apenas para minha catarse pessoal e são uns poeminhas de nada, ehehehe , mas vou postar mais, sim.
Feliz 2009 e que a Graça Divina esteja sempre com vocês.
Fátima