segunda-feira, 11 de agosto de 2008

DIÁLOGO COM LÍGIA


Tua última postagem mexeu comigo, me fez lembrar conflitos vividos na juventude. Para encontrar respostas, freqüentei a Seicho-No-Iê, o templo Hare Krisna, Grupo de Jovens Cristãos e, principalmente, li muito. Freqüentava cinco bibliotecas em Porto Alegre, onde pretendia fazer Artes Plásticas. Ingressei no Instituto de Belas Artes da Senhor dos Passos. Era tudo o que eu sonhara. A cadeira de Filosofia da Cultura me desviou da paixão pelo desenho e pintura: descobri Freud e a Psicanálise. A crise chegou ao paroxismo. Magérrimo, saudade da família, larguei a Universidade. Depois de uma tentativa frustrada de ir ao Rio de Janeiro de carona num avião do CAN, vim para o Rincão dos Machado. Na casa de meus pais sempre recuperei a alegria de viver. Ali, passeando pelos lajedos do Rosário, cheguei à conclusão que o mundo é mais duro do que sonhamos um dia. Dificilmente, lá fora encontraria a sensibilidade, o carinho... Isso aconteceu mais tarde, mas eu já era outro, preparado para enfrentar todas as adversidades. Continuei lendo, conhecendo as pessoas e a mim mesmo. A propósito, o autoconhecimento processou uma mutação interior que me fez quase uma outra pessoa. Uma das conseqüências da leitura, foi a necessidade crescente de expressar a minha visão das coisas, do mundo. Se continuasse na pintura, me pergunto hoje, como lançaria a ponte entre mim e os outros. As palavras, ao contrário, constituem a própria alteridade. Nunca me esqueci de uma frase de Jean Cocteau: "Escrever é matar algo inerente à própria morte". Hoje me mato escrevendo para viver amanhã, na memória daqueles que conquistaram meu coração, que me "apanharam" com os laços que você, querida amiga, chama de amor, de amizade.

2 comentários:

Ivan Zolin disse...

Froilam!

Palavras, o que se diz, esse ser que se realiza pela expressão, tanto na "mente" de quem diz como de quem recebe(ouve ou lê), é o "mistério" do Ser... do existir.
É a dúvida existêncial de Shakespeare e de todos nós.

Zolin

Lígia Rosso disse...

Froilam!

Recém hoje pude parar um pouco de minha rotina frenética e percorrer os blogs dos meus amigos. Já faziam duas semanas que eu não conseguia visitar os blogs que aprecio. Fico feliz que meu texto tenha mexido contigo...gostei muito do 'Diálogo com a Lígia'! Realmente, o mundo virtual nos permite isso: dialogar, mesmo de longe, mas incrivelmente sempre pertos! Saudades das aulas na pós, onde discutíamos idéias nas tardes de sábado regados a cafés e livros!
E, tratando-se do texto que escrevi, realmente Froilam, ando muito preocupada com o mundo em geral, como bem manifestei no meu blog. Também faço das palavras e de meus textos o meu manifesto. E não há o cale a minha voz, a minha escrita. Essa é a nossa liberdade maior: o ato de escrever. Um grande abraço pra ti! Continuaremos dialogando...