domingo, 8 de junho de 2008

DO NICK AO NOME

O chat é um dos gêneros digitais mais populares, vastamente empregado nas diversas salas, onde dois ou mais interlocutores interagem “simultaneamente em relação síncrona” (nas palavras de Luiz Carlos Marcuschi).
Ao entrar na sala desejada, o usuário escolhe um nickname (um apelido), uma cor e uma careta para se identificar. Ninguém conversa, todos teclam (tc). Entre as ferramentas, uma possibilita tc com todos ou reservado, com um dos participantes.
O anonimato, que em qualquer outro ambiente de interação comunicativa é condenado (vetado pelo Art. 5, da Constituição), na sala de bate-papo, ele não só é permitido como constitui o fator mais importante. Permite que pessoas superem as dificuldades para o contato, seja por timidez, narcisismo secundário ou quaisquer outros problemas de personalidade. Por outro lado, protege a identidade de quem tecla.
O aspecto da nova forma lingüística que passa a caracteriza esse gênero mereceria um estudo, tão oportuno nestes anos germinais, que revolucionam a comunicação com as novas tecnologias. A linguagem revela a psicologia de quem a utiliza para um fim, isso é válido para os desenhos rupestres aos diálogos online (uma distância que não tem toda a extensão imaginada pelo senso comum).
O chat inicia-se sempre com o convite “vamos tc?”, “a fim de tc?” (às vezes, sem o ponto de interrogação), entre outras formas já padronizadas para o jogo que consiste em identificar o outro. Muitos diálogos terminam nas primeiras enunciações, outros se estendem mais um pouco, no entanto, pouquíssimos chegam a lançar a ponte de alteridade, quando, finalmente, ocorre a identificação dos sujeitos (até então ocultos pelo nickname). Esses estágios são facilmente percebidos pelas trocas que ocorrem no ambiente não-reservado, aberto a todos.
Outro estudo interessante consistiria em analisar se há uma estrutura recorrente entre o início do jogo e o final, quando a identidade do outro é conhecida. Do nick ao nome, qual o discurso desvelador?

Um comentário:

Anônimo disse...

PREFIRO ANALISAR O FATOR PSICOLÓGICO CITADO. O QUE LEVA UMA PESSOA A ENTRAR NESSE TIPO DE BATE PAPO? NO QUE LHE ACRESCE? A BUSCA PELA CIENTIFICIDADE CERTAMENTE NÃO É, JÁ QUE PARA A PESQUISA NÃO VALEM REFERÊNCIAS ANÔNIMAS.TAMPOUCO ACHO CIENTÍFICO O CALÃO UTILIZADO EM TAIS CONVERSAS.AINDA DOU VALOR AOS RELACIONAMENTOS CARA A CARA, ONDE SE OLHA NOS OLHOS E VERDADES OU MENTIRAS SÃO DITAS DENTRO DA REALIDADE.PARA O SUBJETIVO, BASTA A POESIA.ATÉ PARA FANTASIAR A ESCOLHA DEVE SER BEM FEITA.DO CONTRÁRIO, MESMO O PESQUISADOR ESTARÁ FADADO A TORNAR-SE PARTE DO SENSO COMUM.