sexta-feira, 13 de junho de 2008

AUTORIA DUVIDOSA

Muitos textos que leio por aí, tidos como de Shakespeare, Charles Chaplin, Fernando Pessoa, Clarice Lispector, entre outros, não passam de "blefes" (embuste recomendado pelos manuais de blefadores em Filosofia, Literatura etc., para engambelar aqueles que não sabem). Por falar em Shakespeare, sua história mais conhecida, Romeu e Julieta, consiste num plágio extraordinário de Ovídio, que nasceu na Itália em 43 a. C. Esse poeta latino escreveu Metamorfoses, onde narra a triste história de Príamo e Tisbe (já transcrita neste blog). Clarice Lispector transforma-se em poeta no ambiente da rede. Neste caso, penso que não se trata de blefe, mas de burrice. Seu poema "Dá-me a tua mão", por exemplo, não passa de uma nova disposição feita do início de um capítulo do romance A paixão segundo G. H. (Editora Rocco, 1998, p. 98). A narrativa é disposta em versos com a simples mudança de linha. Eis o excerto original de Lispector:
Dá-me a tua mão:
Vamos agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naqueilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia, por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha do mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.
ooo
Como ficou:
Dá-me a tua mão
oo
Vamos agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
oo
De como entrei
naqueilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.
oo
Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia, por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha do mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.
oo
Do romance (mais correto seria classificá-lo de novela), gosto muito desta parte:
Eu tenho à medida que designo - e este é o esplendor de se ter uma linguagem. Mas eu tenho muito mais à medida que não consigo designar. A realidade é a matéria-prima, a linguagem é o modo como vou buscá-la - e como não acho. Mas é do buscar e não doa char que nasce o que eu não conhecia, e que instantaneamente reconheço. A linguagem é o meu esforço humano. Por destino tenhjo que ir buscar e por destino volto com as mãos vazias. Mas - volto com o indizível. O indizível só me poderá ser dado através do fracasso de minha linguagem.
oo
Segundo o site Jornal de Poesia, o autor da brincadeira é um tal padre Antônio Damázio. Eu poderia imitá-lo nessa arte, bastaria abrir Mar morto, de Jorge Amado, por exemplo, e mandar brasa. O romance Iracema, de José de Alencar, então, permitiria manter certo ritmo:
Verdes mares bravios
da minha terra natal
onde canta a jandaia
nas frondes da carnaúba
verdes mares que brilhais
como líquida esmeralda
aos raios do sol nascente...
oo
José de Alencar, Jorge Amado e Clarice Lispector não escreveram em versos, foram prosadores por excelência.

Um comentário:

Alice Salles disse...

Amén!
Precisamos dar mais valor a todos os prosadores...