quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

DOIS SENHORES

A hipocrisia é uma característica da nossa sociedade, observável em homens e mulheres. Eles acreditam em Jesus, oram para Jesus, (pseudo)discípulos de Jesus, contudo (pre)ocupados com os negócios mundanos, com a prosperidade material. Elas, (pseudo)discípulas de Jesus, vestem-se como atrizes da televisão ou como “peruas” em eventos sociais, vaidosas dos cabelos às unhas do pé. Homens e mulheres hedonistas, egocentristas, contudo tementes ao Senhor. Oram aos gritos, contrariamente ao preceituado em Mt 6.5-7, mas no secreto de seus quartos se transformam em vulgares criaturas, dominadas pela libido, num abrasamento que incendeia o mundo. Antes disso, porém, quando ocorrem os primeiros contatos entre eles e elas, a hipocrisia alcança o mais alto requinte. Os gestos e os discursos não passam de um meio para atingir o fim: o prazer lúbrico, sensualista. Com o dinheiro, eles conquistam as mulheres mais belas. Com a beleza, elas atraem os homens mais endinheirados. Para isso, eles e elas apelam para deuses diferentes ao mesmo tempo, desobedecendo frontalmente ao Evangelho (Mt 6.24). O grande número de igrejas que há em Santiago não diminui a concupiscência, o “desejo intenso de bens ou gozos materiais, o apetite sexual”. A realidade terra-a-terra denuncia o fingimento de muita gente, que, despudoradamente, agradece a Deus por ele atender às súplicas e desvarios de suas orações.
OOO
(Esboço para a coluna do Expresso)

Nenhum comentário: