quarta-feira, 14 de novembro de 2007

RITMO

O que falta aos poetas da Terra dos Poetas? Ritmo. O ritmo é o principal elemento que caracteriza o verso, diferenciando-o da prosa. Inclusive o verso livre, sem a regularidade métrica. Nossos poetas não dão a devida importância aos aspectos sonoros, a despeito do uso da rima. Armindo Trevisan, em A POESIA - UMA INICIAÇÃO À LEITURA POÉTICA, cita Edward Sapir, poeta imagista e lingüista americano: "Muito da incompreensão a respeito das formas de verso mais livres bem pode ser devido à mera incapacidade de pensar, ou antes de imaginar, em termos puramente auditivos". Os nossos poetas, salvo algumas exceções, compõem seus poemas com versos pretensamente isossilábicos (mesmo número de sílabas). Como a evolução histórica da arte poética ocorreu da forma fixa, clássica, para o verso livre, assim deve ser a trajetória de cada poeta, individualmente. A liberdade é uma conseqüência do domínio que se consegue sobre a versificação. Sem o conhecimento técnico na produção desse gênero textual, o resultado se evidencia numa miscelânia confusa e feia (que acaba não fazendo bem ao olhos e tampouco aos ouvidos). Um verso de pé quebrado condena todo o poema. A rima é menos importante do que o ritmo, coisa que não parece ser compreendida por aqueles que se iniciam na arte. Principalmente, tratando-se de rimas pobres, óbvias, enxertadas, como a demonstrar a deficiência lexical. A esses poetas, recomendo um tratado de versificação, muito dicionário e leitura dos grandes, como Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade.

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