segunda-feira, 29 de outubro de 2007

DIA NACIONAL DO LIVRO

Raramente faço comentários sobre as datas disto ou daquilo. No Dia da Árvore, fui obrigado a fazê-lo, uma vez que no mesmo dia se comemorava o Dia do Fazendeiro. Contradição evidente, em tempo de preservação ambiental. Hoje é comemorado o Dia Nacional do Livro. Havia lido no rodapé da minha agenda e, chegando em casa, leio o post do Júlio Prates. Preciso escrever algo a respeito do objeto que está na berlinda neste 29 de outubro. Lembro que aprendi a ler com sete anos, graças à insistência da minha mãe. Já no segundo ano (segunda série), demonstrava um gosto para folhar, sentir o cheiro e, obviamente, ler o livro de Olavo e Élida (personagens que ilustravam os textos didáticos). Nos anos subseqüentes, uma vez ao ano, meu pai ia à cidade e comprava o livro pedido na escola. Encantava-me com os poemas. Salvo melhor juízo, foi nessa época que me inclinei para a poesia. No quarto ano, a professora me emprestou a Bíblia Ilustrada. A história de Sansão devo ter lido mais de dez vezes. Mais tarde, quando vim pra cidade, estudar no Colégio Polivalente (Lucas Araújo de Oliveira), descobri uma mina de livros na hora do recreio. Enquanto os outros colegas metidos a ricos gastavam na cantina e galanteavam as meninas, eu me refugiava na biblioteca. O primeiro livro que nessa nova fase da minha vida foi Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcellos. Gostava de ler a Enciclopédia Conhecer (da capa vermelha e inscrições douradas, ou brancas). Ali começava oficialmente me autodidatismo (um conhecimento que, não fosse pela modéstia instransponível, diria que já se aproxima do enciclopédico). Naquele ambiente tranqüilo do colégio, joguei xadrez com o professor Albino (o único professor a visitar a biblioteca). Ensinei vários de meus colegas a jogar o melhor jogo do mundo. Também ali, conheci Emília. Mas essa é outra história, muito próxima da poesia, do sonho. (Tardiamente, lendo sobre Dante Alighieri, achei que nossas histórias se aproximavam: ele conhecera e se apaixonara por Beatrice Portinari um pouco mais cedo do que minha paixão adolescente por Emília G.) Nunca mais parei de ler. Orgulho-me de ser um leitor, à maneira de Jorge Luis Borges: que otros se jacten de las páginas que han escrito; a mi me enorgullecen las que he leído. Disponho de uma pequena biblioteca em casa com mais de 1.000 livros, a maioria escolhido minuciosamente (a dedo). Uma das primeiras coisas que fiz quando criei este blog (29 de julho de 2007), foi postar a minha biblioteca ideal. Ali foram reunidos os livros que mais gostei e aqueles que julgo indispensáveis para uma auto-educação integral (filosófica, científica e artístico-literária). Pode parecer muita pretensão, mas não é.

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