terça-feira, 18 de setembro de 2007

UM RACIOCÍCIO FUNDAMENTAL


Futuramente, os nossos educadores saberão que o retorno da Filosofia ao currículo do ensino médio não tornou o aluno mais crítico como fora idealizado. Mas essa constatação não será suficiente para banir outra vez a disciplina (nome inadequado para designar a Filosofia). Como autoridades hipercríticas, retomarão o raciocínio desenvolvido pelo Padre Antônio Vieira em seu Sermão aos Peixes: “Qual a causa da corrupção de uma terra cheia de pregadores? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar”. O problema, dar-se-ão conta, não é o conhecimento filosófico, o conteúdo em si. Resta aquele que o transmite, o professor, e aquele que o recebe, o aluno. Não obstante ter formação universitária e aplicar uma didática-show, o primeiro nunca compensará sua falta de leitura. O segundo, por sua vez, continuará não receptivo à Filosofia, avesso à contemplação de si mesmo e do mundo que o rodeia. A criticidade é um atributo racional que não faz mais feliz aquele que o possui, na medida em que não interfere no emocional, essa esfera do ser muito acessível à arte, à poesia.

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