quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A REPRESENTAÇÃO DE UM MITO

O João Lemes me ligou há pouco. Ele está indignado com a grossura de certas pessoas que (não) atenderam minha amiga Fabiane no Coxilha de Ronda. Tentei acalmá-lo, dizendo-lhe que essas pessoas não são grossas no seu dia-a-dia. Pelo contrário, noventa e nove por cento do ano são cordiais, pacíficas, humildes... Até que a circunstância as transforma do dia pra noite. Chegada a Semana Farroupilha, pilcham-se e se comportam de uma maneira estranha. Na personificação do mito, além das bombachas, do prato típico, do falar impostado, não pode faltar o ademane, a rusticidade, enfim, todo um comportamento que essas pessoas imaginam caracterizar o gaúcho de outrora. Para justificar tais mudanças repentinas, dizem obedecer a um estatuto. Mas ali, na imperatividade das letras, não consta que devem tratar grosseiramente o outro, porque ele não está pilchado, por exemplo. A propósito, o velho Gildo cantava "Porém sei tratar a qualquer cidadão / até representa que eu tenho cultura".

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