quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O FILÓSOFO PERGUNTA

A independência de um país equivale ao seu nascimento ou à sua maioridade? Pelas festas que acontecem nos Estados Unidos no dia 4 de julho e no Brasil no dia 7 de setembro, a resposta está na cara que um país nasce com a sua independência. Concomitantemente à sua maioridade. Nascimento e maioridade são coincidentes, de uma forma diversa da que caracteriza a ontogênese. O indivíduo humano, na nossa cultura, comemora seu nascimento, não a maioridade, que ocorrem em épocas diferentes. Isto posto, surge uma segunda pergunta: o que era o Brasil antes de 1822? Não passava de mera colônia de Portugal, extensão territorial portuguesa. Embora houvesse há muito o sentimento de brasilidade bastante arraigado. A produção literária e a Inconfidência o revelam claramente. O estado de coisas um pouco antes de se manifestar a vontade do imperador continuou tal e qual depois. Dessa forma, pode-se dizer que um país nasce com o Registro de Nascimento (feito de papel) e não com os primeiros vagidos nacionalistas. O dia 22 de abril de 1500, então, quase não se fala nele, ofuscado por Tiradentes, mártir da Independência. Aqui todos se parecem: ninguém rememora o momento da sua concepção, o grande acaso carregado de significados, o milagre (como crêem os religiosos). Depois de concebido, tudo mais segue um curso natural, determinístico: nascimento, crescimento, estabilidade, declínio e morte. Do primeiro verme à última civilização. Verdade que o censo comum jamais compreenderá, visto que a maioria dos homens não se libertou dos mitos, das grandes ilusões. O que é o patriotismo? O que é o espírito de liberdade, sempre relacionado com a maioridade individual, com a independência do país?

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